COLEÇÕES

Movimentos Sociais no Campo

Identificação:

Denominação: MOVIMENTOS SOCIAIS NO CAMPO
Sigla: (MOV SOC CAM)
Natureza do Conjunto: Coleção
Data Limite Inicial: 1979
Data Limite Final: 1988
Quantidade: 10 caixas

Contextualização:

História Administ./Biografia: Buscar recuperar a história das lutas dos trabalhadores rurais é um desafio. Trata-se de um percurso com poucos registros, a maioria dispersos e fragmentados. No entanto, a revolta contra determinadas situações que ameaçavam suas condições de existência ou mesmo a luta em busca de melhores condições de vida e trabalho deixaram testemunhos ao longo de nossa história.
Na metade do século XX, no período que vai de 1945 a 1964, começaram a vir à luz diversos conflitos no campo. Nessa fase, a sociedade brasileira vivia seu primeiro ensaio democrático, embora marcado por restrições à liberdade de organização partidária, pela presença do sindicalismo vinculado ao Estado, por sucessivas crises políticas e principalmente pela negação aos trabalhadores do campo do direito de organização, já há algum tempo conquistado pelos trabalhadores urbanos. Várias organizações apareceram, conformaram reivindicações, conseguiram alguns direitos trabalhistas e colocaram a questão da reforma agrária na ordem do dia. Esse período, de grande efervecência social e política, encerrou-se com o golpe militar de 1964.
No final do anos 70, surgiram os primeiros sinais do esgotamento do regime militar. Reapareceram as greve, muitos sindicatos renovaram suas práticas, trazendo não só novas formas de expressão, como também uma crítica radical à estrutura sindical. Nesse quadro, as lutas no campo se diversificaram e se intensificaram, trazendo à cena política não só a sempre renovada luta pela terra, mas também greves de assalariados em diversas regiões, assim como lutas dos pequenos produtores modernizados e integrados por melhores preços para seus produtos. No bojo desses conflitos surgiram propostas distintas para o campo, que se expressaram quer na constituição de oposições sindicais, críticas em relação à linha da Confederação dos Trabalhadores da Agricultura (CONTAG)), quer na formação do Movimento dos Sem Terra.
A igreja, apoiando muitas lutas e reivindicações que emergiram, manteve presença entre os diversos segmentos dos trabalhadores.
No início dos anos 80, se verificava um encontro entre o novo sindicalismo que surgia nas cidades e as organizações de trabalhadores rurais, especialmente através do processo de construção de uma central sindical.
A campanha pelas diretas, com todas as reivindicações que a acompanharam, do ponto de vista dos trabalhadores rurais, significava a esperança da reforma agrária. Mas a transição que se iniciou em 1984 e culminou com a Nova República não trouxe muitas inovações no sentido de transformações da vida no campo e colocaram-se, então, para a sociedade brasileira as novas formas de que se reveste a questão agrária.
Os documentos que constituem hoje a Coleção Movimentos Sociais no Campo são oriundos de dois projetos: "Os Conflitos de Arrendatários em Santa Fé do Sul (SP) (1959-1969)", dissertação de mestrado de Vera Lúcia Chaia, na FFLCH da USP, e "Mapeamento dos Movimentos Sociais Rurais no Estado de São Paulo (1964-1987)", do qual participou a mesma professora. Os projetos tinham como objetivo conhecer a dinâmica dos movimentos sociais no campo, estudar as regiões dos movimentos, conhecer os agentes políticos participantes e as instituições envolvidas. O material, coletado em jornais, arquivos da CONTAG e arquivos da Pastoral da Terra, foi doado, em 1988, para a CEDIC.

Hist. Arquivística/ Procedência: os documentos foram doados por Vera Lucia Michalany Chaia, professora do Departamento de Política da Faculdade de Ciências Sociais da PUC/SP, em 1988 e em 1999.

Conteúdo e Estrutura:

Âmbito e Conteúdo: a Coleção compõe-se de documentos de Campinas, Sorocaba, Marília, Vale do Paraíba, Presidente Prudente, São José dos Campos, Santa Fé do Sul, litoral paulista, regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, entre eles: ofícios de sindicatos e federações sobre a situação de trabalhadores rurais e arrendatários, matérias jornalísticas sobre violência no campo, reforma agrária, problemas agrários na Amazônia, conflitos de terra, movimentos populares pela habitação, ação da Igreja em defesa dos índios, atuação de entidades em favor da causa indígena, relatórios sobre a situação de trabalhadores rurais e conflitos de terra, mão-de-obra não remunerada, encontros de trabalhadores e sistema produtivo, relatórios regionais da Pastoral da Terra, relatórios ao Conselho Mundial de Igrejas sobre a questão agrária, decretos sobre desapropriação de terras, levantamentos da situação sócio-econômica dos trabalhadores rurais, certidões de posse de terras, cartas pastorais, relação de trabalhadores com problemas com a seca, textos sobre despejo de posseiros e invasão de terras, cadastros rurais, sentenças judiciais nos casos de expulsão de terras, publicações sobre conflitos de terra, artigos jornalísticos sobre história das cidades do litoral paulista, ação da Igreja em favor dos agricultores, passeatas de posseiros e êxodo rural, correspondência de trabalhadores rurais e sindicatos à órgãos governamentais solicitando providências em relação aos conflitos de terra, projetos de redistribuição de terras, textos de estudo da realidade sócio-sindical dos trabalhadores rurais do Estado de São Paulo, textos com sugestões para congressos, resultados de levantamentos sócio-econômicos de famílias rurais, peças teatrais sobre estruturas fundiárias, lutas sociais no campo, grilagem, declarações de sindicatos sobre situação de pioneiros, circulares da Comissão Pastoral da Terra, abaixo-assinados contra expulsões de terras, boletins informativos sobra a campanha de solidariedade aos agricultores sem terra, projetos de intercâmbio de pesquisa social em agricultura, boletins de sindicatos de trabalhadores rurais, boletins informativos da Comissão Pastoral da Terra, folders sobre Movimentos Populares pela Habitação, Conselhos de Escolas, manifestos do Movimento Negro Unificado, Grupo de União e Consciência Negra e congresso de trabalhadores rurais sem terra, folhetos sobre palestras relativas a saúde, campanha pela reforma agrária, convocação para manifestações contra projeto de desfavelamento, fotografias de trabalhadores rurais de Santa Fé do Sul, entrevistas com arrendatários, cartazes sobre seminário dos Sem Terra e Sem Teto, concurso trabalhador rural padrão, fichas de registro de lutas sociais no campo, correspondência, publicações sobre história sindical e reforma agrária, suplemento bibliográfico sobre questões de terra e lutas de trabalhadores rurais, projetos populares de reforma agrária, proposições aprovadas pelo Movimento Sindical de trabalhadores rurais, apostila com instruções para fundação de sindicatos, Estatuto da Terra, fitas cassete com depoimentos orais.

Sistema de Arranjo: parcialmente organizada.

Condições de Acesso Uso:

Condições de Acesso:
Instrumentos de Pesquisa: . Inventário Topográfico da CEDIC. São Paulo, 1992. (datilografado)

Notas:

Notas: