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observatório ecopolítica

ano III, n. 64, março de 2020.

 

Notas soltas de um corpo que não quer ficar isolado e preso a ideias-fixas.

 

1. O Ministério da Saúde conseguiu obter consenso. Para salvar a população do coronavírus (Covid-19), recomenda higiene constante, seguida de isolamento para casos suspeitos e para a chamada população de risco (idosos e doentes crônicos);

 

2. Suspendem as aulas de escolas e universidades, segundo as especificidades dos estados e municípios. Objetivo: proteção de crianças e jovens;

 

3. Recomendam trabalho em home office para trabalhadores de empresas que possuem equipamentos adequados;

 

4. Recomendam que os avós não cuidem de netos, caso pais e mães tenham que trabalhar fora de casa;

 

5. Recomendam que somente procurem os prontos-socorros ou unidades básicas de saúde (UBS) as pessoas que tenham sintomas do coronavírus;

 

6. Recomendam que as máscaras cirúrgicas devam ser usadas por pessoas contaminadas, além de equipes hospitalares;

 

7. Aos poucos as pessoas são convencidas que devem ficar em casa (os idosos, as crianças, jovens, e trabalhadores em home office), os demais devem seguir vida normal trabalhando e evitando contatos físicos e com distância de 2 metros de outro humano;

 

8. Estamos sendo presos.

 

9. Não há programa para testes em idosos ou em quem desejar. Dizem não haver equipamento para isso;

 

10. Na Espanha já se decretou estado de emergência, assim como na Itália. Não se pode sair de casa senão com autorização ou para fazer compra em supermercados ou em farmácias;

 

11. As pessoas conformadas cantam nas sacadas de apartamentos hinos oficiais (eventualmente uma canção de protesto) e aplaudem a polícia. Acostumam-se;

 

12. Nos hospitais da Itália se declara abertamente que a ventilação necessária a casos de necessidade não é para todos. Os médicos são obrigados a escolher quem a receberá, quem deve viver;

 

13. Dizem que na China, Coreia do Sul e Estados Unidos estão fazendo testes em todos os habitantes (desde visitas às casas até drive-thru), mas não é bem assim;

 

14. Dizem que na China e na Coreia do Sul a curva de contaminação começou a decrescer; que aqui está em crescimento; que as autoridades estão fazendo a coisa certa; que todos precisam ter responsabilidades;

 

15. Dizem que na Europa a curva ainda cresce, assim como nos Estados Unidos;

 

16. A China vai protegendo sua economia capitalista, idem os Estados Unidos e a Coreia do Sul;

 

17. Fronteiras são fechadas ao trânsito de pessoas, mas não de produtos e mercadorias;

 

18. Todos devem se sentir responsáveis pela saúde da espécie humana;

 

19. Todos devem acatar as decisões das autoridades e as decisões devem ser de cima para baixo, nada de horizontalizações nas decisões;

 

20. No Brasil é recomendado evitar manifestações. Muitos teatros, museus e casas de espetáculos fecharam as portas em nome da defesa de artistas, da população consumidora e espécie humana;

 

21. Tudo dirigido pelas e para as mídias: redes sociais, televisões a cabo, abertas, podcasts, twitter, etc.. Todos solitários e solidários imagéticos;

 

22. No Brasil, a direita (Movimento Direita Conservadora no comando) dá de ombros para recomendações e faz marcha, alegando desobediência civil;

 

23. O presidente em Brasília sai em busca dos braços e afagos de seus correligionários;

 

24. O Ministro da Saúde diz que o presidente estava certo porque em Brasília não há disseminação sustentada do vírus. Este é o caso das cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro;

 

25. O presidente posa de mito inquebrável. Seus 15 homens de staff pegaram o vírus. Ele não. Nem Trump;

 

26. O vírus, diz um pastor, é obra de Satanás; todos os sacerdotes do invisível (pastores, astrólogos, pais de santo, leitores de tarô etc.) foram incapazes de “prever” o coronavírus para 2020.

 

27. O vírus, segundo a direita made in Brazil, é criado pela globalização, pelos comunistas, pelos laboratórios chineses, é uma fake news;

 

28. A amostra da direita desobediente evidencia o núcleo duro dos apoiadores do presidente e de sua estratégia pra fechar o Congresso e o STF;

 

29. Os demais estão bem guardados em suas casas prontos a sair. O mito do presidente se fortalece. Os cidadãos de bem e os que subsistem se acham responsáveis e ficam em casa quietos;

 

30. A passeata de 18 de março foi suspensa em nome da humanidade. Ponto para a direita?;

 

31. Universidades fecham em nome da saúde. A crítica (onde está?) é xoxa. Os telejornais e redes sociais se tornaram templos da verdade. Analistas e anchormen ou women chamam todos à responsabilidade. E que devem ficar em casa;

 

32. Ouve-se que os primeiros desempregos aparecem. Quem substituirá quem não puder deixar o filho/a com parentes ou cuidadores? Como ficarão as crianças encaixotadas em casa?;

 

33. Presos querem sair do confinamento? Na Itália. E no Brasil? São responsáveis e ficam quietinhos?; por aqui, em São Paulo, houve rebelião de presos do semiaberto que souberam que não teriam mais acesso ao “passe” da Páscoa;

 

34. Idosos morrem em asilos. Como está a vida nos asilos no Brasil? Quem quer adotar um idoso? Nem os próprios filhos querem;

 

35. Dizem que as medidas provocadas pelo Covid-19 levarão ao fortalecimento da família;

 

36. Está na hora de desobediência civil de esquerda, de centro…? Está na hora de evitar o consenso? Qual o sentido da crítica? As universidades devem paralisar totalmente, ou segundo suas específicas condições de funcionamento?

 

37. Quem quer ficar com uma criança? Quanto custará aos pais?;

 

38. O que fará a escola fechada? Passará lição a distância? Opa, estaremos numa mudança do ensino escolar presencial para o misto?;

 

39. O que esta crise comandada pelo Covid-19 produz para o futuro? Os trabalhadores ficarão mais isolados, assim como crianças e jovens escolarizados?;

 

40. E a universidade… pesquisa somente com células vivas. Até quando?;

 

41. Os anarquistas nunca deixaram de explicitar que o Estado é o protetor do capital. Com ou sem Covid-19, seguem pelas ruas, férteis, e questionando os demais constatadores do papel do Estado que acreditam em reformas;

 

42. Trump toma medidas extraordinárias para dinamizar a economia estadunidense e fortalecer sua reeleição;

 

43. Notícia da China: Covid-19 em baixa e economia neoliberal em alta;

 

44. No Brasil, o ministério da economia sai do silêncio; o governo quer aprovação de situação de “calamidade pública”, medida que lhe dá amplos poderes para fazer o que bem entende para “salvar” a economia com dinheiro do Estado; será que esta decisão o levará a redefinir a miséria das condições de saúde no país ou servirá para amortecer perdas empresariais, como sempre?

 

45. Pode haver uma estratégia para que aconteça, mais cedo ou mais tarde, um colapso na economia. A culpa será atribuída ao congresso e ao STF; e o presidente-mito estará fortalecido;

 

46. Estamos sendo presos. Até quando?

 

47. …

 

 


O observatório ecopolítica é uma publicação quinzenal do nu-sol aberta a colaboradores. Resulta do Projeto Temático FAPESP – Ecopolítica: governamentalidade planetária, novas institucionalizações e resistências na sociedade de controle. Produz cartografias do governo do planeta a partir de quatro fluxos: meio ambiente, segurança, direitos e penalização a céu aberto. observa.ecopolitica@pucsp.br

 

 

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