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observatório ecopolítica

ano IV, n. 67, abril de 2020.

 

Mudar para conservar (!?)

 

1. É preciso mudar para manter o estado de ordem para as coisas. É a conduta esperada e consensual sobre a necessidade de variar daqueles que comandam para permanecerem no domínio. É o passo imperativo dos que governam para manter a direção que pretende retornar redesenhado ao mesmo ponto. É mais um eterno retorno do MESMO.

 

2. Maquiavel com sua gramática do poder soberano sabia muito bem que para conservar o comando é preciso conhecer muito bem os costumes de seus governados; que é imprescindível estar atento às mudanças nos costumes para que a sua estabilidade não seja ameaçada.

 

3. Mudar para conservar não quer dizer voltar à posição inicial de um inexorável modo de ser. Aprender a conservar é uma tarefa mandatória para direita e a esquerda política. Variar itinerários no mesmo diapasão. Entender as mudanças inesperadas é uma virtude do governante. Provocar mudanças entre seus consultores, também, é fundamental para manter sua direção de governo.

 

4. Mas quando se está sob uma constituição federativa nem tudo que o homem que senta no trono do palácio pode ser como ele deseja. Este príncipe não é um monarca, busca não parecer um tirano, mas pode estar interessado em desvencilhar-se dos demais poderes numa democracia, para em nome dela, levar adiante seu discurso técnico sobre economia, política e religião.

 

5. Não temos como esquecer as justificativas técnicas do golpe de 1964 em nome de salvar e preparar a reforma das instituições para a futura retomada da democracia. Muito menos da abertura, lenta, gradual e segura iniciada no governo do General Ernesto Geisel (1974-1979), estendendo-se até 1985.

 

6. O homem que senta no trono do palácio finalmente trocou o Ministro da Saúde por outro médico, este proveniente do setor privado da medicina. Sua intenção declarada é a de promover uma reabertura do comércio para beneficiar os trabalhadores autônomos que precisam do “prato de comida” e que já foram contemplados, excepcionalmente, por um benefício monetário governamental, paliativo aprovado pelo legislativo. É, segundo o homem que senta no trono do palácio, um custo alto para o Estado.

 

7. Os trabalhadores empregados estão desde a semana passada governados por medida provisória aprovada pelo STF pela qual os trabalhadores negociam com patrões, sem mediação de sindicatos, a redução de jornadas de trabalho e salário, em troca de estabilidade de emprego por 3 meses após controle da pandemia. Benefício, segundo o homem que senta no trono do palácio, que equaciona a vida de empresários e trabalhadores como garantia de emprego e divide sacrifícios. Os círculos militares, empresariais e ideológicos do governo, aplaudem. Os súditos que o veneram também. Analistas se dividem. Oposicionistas retrucam. As coisas caminham para outro patamar.

 

8. O novo Ministro da Saúde, gestor no setor privado, indica que o desenvolvimento econômico é o que sustenta a saúde e a educação. O enunciado é verdadeiro para eles e, ao mesmo tempo, falacioso. Pouco se constata que em fases de crescimento econômico o atendimento de saúde pública não obteve crescimento correlato. As loas (não confundir com a Lei Orgânica da Assistência Social, de 1993 ou com Lei de Orçamento Anual do governo federal) ao SUS, na situação extraordinária do novo coronavírus, são amabilidades suspeitas, vindas principalmente da OMS. O sistema não consegue dar conta do que ocorre e as medidas tomadas procuram somente administrar a descida do novo coronavírus para contaminar pobres e miseráveis.

 

9. Distanciamento social, isolamentos de alguns ou quase todos, recomendações de higiene regular, precaução com uso de máscaras, espera passiva diante da falta de testes, de laboratórios para diagnosticar os poucos testes levados adiante, de máscaras e respiradores… Esta falta patente em países com baixo poder político e econômico no planeta, como o Brasil, depende das medidas de convencimento da população a manter o distanciamento social, porque o país não tem prestígio suficiente para se impor no exterior.

 

10. Nem todos os setores da economia estão parados. Os setores considerados essenciais pelo governo funcionam; a circulação de mercadorias de abastecimento alimentar prossegue, assim como outros que vão de serviços de livrarias a deliveries de refeições, ao etc.(qual, quais?). Os banqueiros inauguram programas filantrópicos, os de baixo com ou sem ONGs e similares produzem caridades, os empresários obtêm garantias (no capitalismo, umas empresas sempre falirão; é normal em qualquer situação ordinária)… Eles temem a revolta dos de baixo!

 

11. Enquanto isso, nos EUA, por exemplo, alimentos são destruídos aos montes porque não tem saída comercial. Prática já bem conhecida no Brasil… se não se pode ter lucro é preferível que os famélicos apodreçam junto com os alimentos… isso sim maquiado por uma ou outra ação caridosa corporativa.

 

12. As estatísticas estão aí para explicar a curva ascendente e sua possível estabilidade. Elas mostram que Estados que vacilaram em aplicar a medida de isolamento, com pouco ou muito equipamentos, contabilizam mortos às centenas todo dia. Inclusive nos EUA. Dizem que os chineses maquiaram as estatísticas. A estatística é o saber de Estado que não prescinde de embelezamentos.

 

13. A situação estampada na última semana pelos variados meios de comunicação: troca de Ministro da Saúde, com ênfase na combinação das medidas médicas com os interesses de reabertura de mercado defendidos pelo homem que senta no trono do palácio. Quase ninguém entendeu o que o novo Ministro da Saúde pretende. O chefe deve ter deixado claro ao ministro o que pretende. Ele sai pelas ruas e se aproxima de seus fãs e seguidores. Pastores religiosos defendem a reabertura do mercado e seus fiéis levantam suas mãos para o céu. Eles entendem muito bem o discurso dos seus chefes. Devem morrer para a economia viver. Estão em busca do lugar de mártires.

 

14. Para eles é preciso vencer a guerra contra o invisível sendo o mais visível possível, nas ruas, trabalhando e consumindo. Sabem que a guerra produz cadáveres. Sabem que mesmo os vencedores contabilizam cadáveres. Sabem que é preciso cadáveres honrados, cujas almas estarão no paraíso. Sabem que suas respectivas mortificações glorificam os superiores, sejam eles seus comandantes terrenos ou juízes transcendentais na morte. Estão na Terra para o sacrifício e que não podem faltar vítimas sacrificiais em nome da ordem (inalterada ou passando por mudanças para ser conservada). Entendem quando o Ministro da Saúde explicita que diante da precariedade de equipamentos não se deve vacilar em passar respiradores nas UTIs de idosos para mais jovens. Sabem quem deve morrer, como se isso fosse excepcionalidade da escolha diante da morte que se avizinha.

 

15. A troca do Ministro da Saúde sinaliza para mudanças que virão: estabilidades que se consolidam como a arranjada por meio da medida provisória sobre redução de jornadas e salários, que se movimenta para a reativação geral da economia; que provocam e provocarão revisões de quarentenas em cidades e estados com abertura lenta e gradual para cidades com baixos índices de contaminação ou suposto acomodamento da curva estatística. Explicita-se que o federalismo subordinado a uma estrutura central de governo e poder é útil e estrategicamente positiva ao executivo.

 

16. A semana promete!

 

17.O homem que senta no trono do palácio promete; o STF promete; o Parlamento promete; o Ministro da Saúde promete; os governadores e prefeitos prometem; os pastores, como sempre, prometem; os súditos cumprem promessas…

 

18. Mais um desequilíbrio nas forças políticas que governam também promete. O DEM perdeu o ministro e com isso ficaram mais abaladas as relações do legislativo e suas chefias com o chefe central, as relações do executivo com os partidos políticos da ordem. O homem que senta no trono do palácio não está nem aí para a vida partidária e parlamentar. Para ele, Câmara e Senado devem aprovar suas medidas provisórias. Ele é quem sabe, porque está cercado dos melhores técnicos e inspirado pela maioria que o elegeu. Para ele, maioria é todos, menos os obcecados oposicionistas e a imprensa. Isso é democracia, para ele.

 

19. Algo macabro estará em gestação contra os que se opõem a ele (jamais contaminado até agora; um cavalo de raça superior!)? A guerra ao invisível é também um duelo declarado contra os visíveis que obstaculizam sua verdade sublime.

 

20. Todo Ministro da Saúde deve ser médico?

 

21. Alguém já ouviu dizer de médico que dispensa a ciência? Até bem pouco tempo esses médicos eram conhecidos como charlatões! Portanto, enfatizar a defesa da ciência não é mérito, mas obrigação com o saber da medicina e de governo do Estado.

 

22. Onde estão as estatísticas das violências sobre crianças em tempos de novo coronavírus? As notícias falam de crescimento de violência dos machos sobre mulheres (e do chamado feminicídio); quando muito falam de abusos sexuais sobre crianças nesta situação extraordinária. Mas da mais conhecida violência contra crianças, ou seja, os castigos, incluindo surras, nada falam.

 

23. O homem que senta no trono do palácio declara que não há mortos pela Covid-19 entre crianças. Alguém poderia ler a estatística oficial para ele? Ou não é necessário, afinal ele é assim mesmo e devemos nos acostumar com o seu jeito peculiar de entender a doença e as contaminações… Segue o jogo.

 

24. Seus seguidores voltam a se manifestar pelas ruas e avenidas… Dizem que a grande maioria é abastecida pelos de baixo. Até quando as medidas paliativas do governo central (médica, técnica, sanitária…) obterá apoio dos súditos? Esta é uma questão para nós, os súditos. Ela abalroa a retórica oposicionista, psicológica, midiática. Só não é uma fake news.

 

25. A família convencional (hetero ou homonormativa) estará em xeque?

 

26. Em muitos estados e municípios a quarentena foi estendida até início de maio. Até lá os chamados setores essenciais da economia serão os mesmos? Quem são os novos empreendedores econômicos e sociais? O percentual de isolamento continuará decrescendo?

 

27. As ruas vazias ou estrategicamente ocupadas indicam o que poderá emergir de novos costumes contra a ordem e suas reformas? Os acontecimentos nesta semana poderão fornecer sinais…

 

28. …

 

Flexibilizações (: !?)

 

1. O homem que senta no trono do palácio subiu no cavalo e saiu fazendo poeira. Depois de substituir o Ministro da Saúde, destronou seu Ministro da Justiça e Segurança Pública e anuncia zona de enfrentamento com o Ministro da Economia, sem deixar de cutucar a Ministra da Agricultura.

 

2. Ele promove reunião com os partidos mais à direita (Centrão), que o apoiaram na eleição, com o objetivo de substituir no próximo ano o presidente da Câmara dos Deputados. O cavalo empina e ele segue adiante.

 

3. A mídia alardeia para os efeitos desastrosos imediatos da flexibilização dos isolamentos, provocando mais contaminações e mortes. Ela deveria analisar o efeito das palavras do homem que senta no trono do palácio desde as mobilizações golpistas de 18 e 19 de abril. Além disso, notar que, para ele, o protagonista é ele, e somente ele, valendo-se dos procedimentos democráticos. Abaixo dele devem estar os que viabilizam seus desejos e a massa de súditos crentes.

 

4. Ele está escudado pelo círculo militar, pelo círculo ideológico, pelo círculo evangélico, pelo círculo formado pela mídia que o apoia, pelo círculo da bala e pelo círculo de súditos em ampliação. Sabe comandar o presidente do STF. Usa dos procedimentos da democracia para blindar-se com o argumento de que as instituições devem ser protegidas. Para qualquer fala sua que fira isso, ele reaparece justificando mal entendidos e intenções malévolas da imprensa e de oposicionistas. Nos pronunciamentos, rebatidas ou postagens ostenta o estilo algoz, posando de vítima preferencial.

 

5. O Ministro da Saúde, já tem como segundo um militar da ativa. Ninguém entende muito bem o que ele fala e pretende. Apesar de fazer mídia training, suas falas são confusas e pouco objetivas. Enquanto enrola, a flexibilização começa a se ampliar. É imperativo que o Ministro da Saúde seja médico? Ou, é imperativo, neste momento, que o ministro seja um bom gestor de saúde privada?

 

6. O Ministro da Justiça e Segurança Pública recebeu um ultimato do homem que senta no trono do palácio montado em seu cavalo para substituir o chefe da Polícia Federal. Foi-se a carta branca que já estava suja de gordura desde o ano passado. Neste caso, também, a justificativa de recrutar os chamados técnicos evidencia, mais uma vez, que não há como governar sem política. Não há técnico apolítico

 

7. Para salvar o Brasil começa outro entrechoque entre o círculo militar, acompanhando o homem que senta no trono do palácio montado em seu cavalo, com o posto ipiranga. E haja bombeiros para tanto início de incêndios… E haja nacionalismo centralizador! O homem que senta no trono do palácio montado a cavalo fala que o ministro posto ipiranga é confiável e que permanece. Este declara que o país sairá mais forte da pandemia. Até parece que a economia ia bem antes da pandemia. Palavras ao vento. Os dados mostravam o contrário. O ministro posto ipiranga declara que durante um ano e meio os servidores públicos não deverão solicitar aumento salariais em solidariedade aos que passam dificuldades no momento. Aos empresários, nenhuma contrapartida?

 

8. Não se desconhecem as reuniões com líderes partidários para distribuição de cargos e fidelidade a um nome para substituir o presidente da Câmara no início de 2021. Trocaram o toma lá, dá cá? Está em jogo o toma se obedecer ao chefe. Asinhas abertas logo serão cortadas!

 

9. A tão incensada moderação do círculo militar para proteger as diabruras do homem que senta no trono do palácio montado em seu cavalo começa a revelar claramente os propósitos do círculo militar tão atuante no governo do Estado. Propósitos que jamais estiveram escondidos.

 

10. Há uma faxina à vista. No horizonte próximo, está o controle quase total do monitoramento de todas as pessoas pelo executivo. Neste caso, a liberdade individual assegurada pela Constituição, tão lembrada pelo homem que senta no trono do palácio montado em seu cavalo, ficará às favas.

 

11. O desmatamento da Amazônia também cresce, assim como a morte de indígenas contaminados pelo novo coronavírus e mortes por execução da polícia.

 

12. Enquanto isso… Covid-19 se alastra. As injunções palacianas se alastram, as presenças de pessoas pelas ruas e comércios se alastram, a contaminação se alastra e os equipamentos hospitalares com médicos, enfermagens, maqueiros, aparelhos e cura se veem reduzidos, pressionados, abalroados.

 

13. O isolamento social é um meio para conter a propagação do vírus diante de um sistema de saúde precário e de uma miséria abundante. Falam que farão testes; que os resultados dos testes colhidos até agora estão na ordem do dia; que farão pesquisas por amostragens; que usemos máscaras; que não nos assustemos com tantas covas novas abertas e preenchidas; que as equipes médicas são formadas por heróis; que o homem que senta no trono do palácio montado em seu cavalo faz tudo por nós.

 

14. De repente, depois da substituição do Ministro da Saúde que ocupava o topo dos índices de aceitação pelas sondagens de opinião pública, tudo parece entrar em um redemoinho, em que propositalmente, celeumas políticas desviam o olhar dos efeitos da Covid-19 para embates palacianos. Será que o governo quer fazer crer que já fez o possível e que agora nós deveremos fazer nossa parte, trabalhando com riscos de vida pelo “prato de comida”? Parece desejar fazer esquecer que a economia continua funcionando com os setores essenciais. É que para o capitalismo, essenciais são todos os setores.

 

15. Quem imaginava que a substituição do Ministro da Saúde produziria uma crise, a resposta está aí: os súditos somente se interessam pela direção reta imposta pelo homem que senta no trono do palácio montado em seu cavalo. Dizem que a saída do Ministro da Justiça e Segurança Pública fará um estrago na política palaciana. A conferir…

 

16. Só há um protagonista, ele. E os interesses imantados a ele são vários. Sai um endeusado no início do governo, entra outro conectado com os interesses prevalentes no momento. Há um redimensionamento sim do governo, pensado e projetado em função da blindagem do presidente. Até quando? A Covid-19 promete uma tempestade de cadáveres, caso de fato estejamos em direção ao juízo final, desejo de todo governo totalitário do passado e de governos que manipulam muito bem os procedimentos democráticos. Democracia com cadáveres empilhados!

 

17. O presidente da Câmara declarou que “segura” 24 processos de impeachment contra o presidente. Até quando e como? Volta a ladainha sobre o crime de responsabilidade. Amplia-se a interpretação que o homem que senta no trono do palácio montado a cavalo ficará isolado. Ficará? Tanto quanto um cadáver na sua cova? Ele tem a parceria com grupos palacianos, do congresso, de empresários, de religiosos, da bancada da bala, de conservadores e reacionários, e vai levando vantagens com seus filhotes pelos procedimentos jurídico-políticos. O presidente da Câmara declara que o novo coronavírus é prioritário diante do eventual impeachment. Lula assina embaixo.

 

18. O redemoinho das trocas de governo coloca em segundo plano a Covid-19 e a precariedade do sistema de saúde. As pessoas que se danem! Em suma, tudo isso não são fake news; tudo isso é vitória dos efeitos das redes sociais digitais; tudo isso explicita que não há técnica despolitizada; que as bolsas registram queda de ações de empresas estatais… O STF que se vire com tanta coisa a deslindar!!!!

 

19. O Ministro da Justiça e Segurança Pública não saiu com trocas de sorrizinhos com o homem que senta no trono do palácio montado a cavalo como o ex- Ministro da Saúde. Autoridades decepcionadas/extasiadas com a fala do ministro ameaçam-no/protegem-no com processo e o regime da prova. Deu reboliço. O ministro demissionário desmentiu a publicação no Diário Oficial de exoneração conjunta por ele com o presidente do diretor da PF e deixou clara a intenção do homem que senta no trono do palácio montado a cavalo de controlar plenamente a PF com sua ramagem de segurança pessoal. A PF trabalha para o Estado, para o governo. Ponto. O novo diretor da PF chegará diretamente da ABIN, o novo ministro chegará diretamente da secretaria geral da presidência? Haverá nova divisão do ministério? A bancada da bala assim o quer.

 

20. A ABIN crescerá em poder, com mais um general na sua condução? Um novo SNI? Não se muda uma instituição somente trocando seu nome ou intenções. Toda instituição tem sua história e sua gestão não pode abrir mão de composição de forças novas com as fundadoras. Não é só questão de inteligência de segurança interna e externa. Hoje numa sociedade computo-informacional o controle das inteligências é fundamental. Todo Ministro da Justiça e Segurança Pública deve ser juiz ou similar?

 

21. Não há máscaras para todos. Nenhum governo fornece. Você deve fazê-la ou comprá-la. Responsabilidade sua. As prefeituras impõem; muitos não tomam conhecimento. E a contaminação prossegue.

 

22. Flexibilização: palavra-chave para ampliar o crescimento de cadáveres visando salvar a economia; para o Estado-governo realizar suas tarefas de proteção aos capitais; momento para o empresariado exercitar suas filantropias e obter propaganda gratuita com valor agregado; momento de cada súdito crer na palavra vinda do alto, de vários pastores, e de também se transformar em pastor dos demais: os que se cuidam de precauções e isolamentos; os que desejam o “prato de comida”; os que batem panelas, os que comercializam; os novos empreendedores; os desgraçados desempregados de sempre; os que doam pratos de comidas e sabões e álcool… Flexibilizar para a vontade dos empresários de todos os ramos; para a vontade do homem que senta no trono do palácio montado a cavalo…

 

23. Corporação militar e corporação judiciária são apenas duas corporações: defendem seus interesses e ponto final. Hoje seria inútil opor uma à outra. Quando há governo, sempre compõem. Sempre! Sabem como flexibilizar.

 

24. As pessoas doentes em hospitais entram mais do que saem. Tem gente curada, temporariamente, entre os comuns e as equipes médicas e de enfermagem. Faltam médicos e enfermeiros. Faltam médicos, ou faltam médicos no chamado “serviço público”? Dizem que são ministrados medicamentos com base em antibióticos e anti-inflamatórios. E só. Nada se sabe para além da polêmica sobre a cloroquina.

 

25. As estatísticas proliferam; idem para as previsões de “pico” de contaminações e mortes. Nem todas as mídias reforçam o isolamento; tudo gira em função dos interesses de empresas relativos à saúde. desespera diante do cadáver familiar, noutras tantas, não dá atenção para as recomendações e relaxa no final de semana, tomando cerveja nos botecos com os amigos. É outro lado da flexibilização que compõe com o tradicional lazer de final de semana.

 

26. O governo trocou o ministro da saúde por outro sonolento e competente (segundo a corporação médica); trocou o ministro da Justiça e da Segurança Pública e o diretor da PF; indicará novo diretor para a ABIN; tudo bem novo dentro da vontade “soberana” do homem que senta no trono do palácio montado a cavalo que defende a família a partir da sua; a flexibilização, a partir dos interesses capitalistas e de seus grupos de sustentação; as corporações por meio de composições; o parlamento a partir de seus adeptos; as redes sociais digitais que o louvam; a massa golpista que o endeusa… Ele parece acreditar ser mesmo o messias.

 

27. Outra semana virá. Contaminações e mortes crescerão. Novos reboliços no governo não devem ser negligenciados. Será a falência do posto ipiranga? Afinal, quem fornece para um posto são indústrias e há a necessidade de comércio fortalecido para ele ser moderno. O posto ipiranga anunciará mudança de direção? Como estarão nesta semana o STF, a PGU, a ABIN, o Ministério da Saúde, as Relações Exteriores, os partidos políticos, os golpistas e a turma do bate panela…? Só não mudarão as flexibilizações, e o crescimento de contaminados e mortos… E a iminência da revolta. O resto compõe.

 

 


O observatório ecopolítica é uma publicação quinzenal do nu-sol aberta a colaboradores. Resulta do Projeto Temático FAPESP – Ecopolítica: governamentalidade planetária, novas institucionalizações e resistências na sociedade de controle. Produz cartografias do governo do planeta a partir de quatro fluxos: meio ambiente, segurança, direitos e penalização a céu aberto. observa.ecopolitica@pucsp.br

 

 

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