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observatório ecopolítica

ano IV, n. 68, maio de 2020.

 

os quatro elementos…

 

1. O desmatamento da Amazônia continua; várias mulheres espancadas pelos machos continuam; a insistente precaução pelo isolamento social, apesar de ditos e não ditos sobre flexibilidades no trabalho, continua; o índice de desemprego em alta, continua; a redução de jornadas de trabalho e de salários continua…

 

2. Contaminações e mortes pelo novo coronavírus continuam; muitas covas abertas e imediatamente fechadas, continuam; as intrigas palacianas, continuam; a harmonia entre os poderes de governo, apesar de discórdias circunstanciais, continua; as medidas governamentais para garantias de empresários diante das circunstâncias, continuam… Covas coletivas começam a ser criadas; mortos nos corredores e subsolo de hospitais começam acumular-se. Há relatos que em favelas e quebradas, corpos em putrefação aguardam em suas casas as devidas retiradas.

 

3. Quase tudo é noticiável e noticiado. No Brasil e no planeta. Capitalismo em “crise”. Mas, capitalismo sem crise não é capitalismo. Toda crise renova o capitalismo.

 

4. Toda crise é mote para a revolta.

 

5. A violência de mães, pais e congêneres contra crianças permanece escondida, debaixo do tapete, sufocada pelas paredes sem ouvidos. As reviravoltas na família convencional (hetero e homo) não são noticiadas; apenas os devidos reforços à família convencional pela propaganda, pelos depoimentos de celebridades, pelas pessoas comuns mascaradas diante das câmeras.

 

6. A filantropia empresarial, esta sim é amplamente noticiada. As assistências populares aos famélicos são noticiadas. Ambas proclamadas como dinâmicas da solidariedade. Ambas são próprias do capitalismo sob qualquer regime político. Ambas são efeitos de políticas compensatórias de governos e da sociedade civil, organizada ou não. Ambas estão em alta como precaução à iminência da revolta.

 

7. As curvas de contaminações e mortes pela Covid-19 são expostas e comparadas. O Brasil está chegando ao topo. É o “país do futuro”? Esta é a “pátria amada”? Este é o país protegido por “Deus”?

 

8. Governos e súditos se dividem. Uma parte segue a OMS e o isolamento social. Uma parte em nome do “prato de comida” e de salvação da economia dá-lhe as costas ou tagarela em torno do isolamento vertical. Uma parte usa máscaras nos dias úteis e no final de semana pratica lazer geral. Uma parte acredita que não será contaminada por inúmeras razões. Uma parte paranoica acha que deve se proteger contra todos. Outras partes se segmentam ainda mais. Pouco se sabe a respeito de como as pessoas vivem sob a chamada pandemia. Para isso não há pesquisa; somente reportagens jornalísticas em torno da divisão entre os que defendem o isolamento social e os que acobertam as flexibilizações. Dividir a sociedade em partes é uma concepção que está partida e de partida.

 

9. Nada se comenta sobre o controle das águas. Fala-se da gestão do ar, por conta da Covid-19. As águas potáveis rareiam. Fala-se das novas formas de energia renovável capazes de substituir, ao médio prazo, a economia capitalista baseada em petróleo, carvão e gás natural. Fala-se da possível nova dinâmica do desenvolvimento sustentável: o futuro “estável” do capitalismo sob a racionalidade neoliberal.

 

10. Insinua-se que o grau de pobreza tenderá a subir com a chamada pandemia até sua superação. Os fascistas se empolgam. Relembram e redesenham soluções totalitárias e vão às ruas. Viram notícias. Outros reativos promovem notícias reativas em nome de salvaguardar a democracia. A perpetuação da ignorância é fundamental à obediência à autoridade hierárquica superior. Era dos ressentimentos!

 

11. Tudo se concentra na vida biológica do humano. Mas para haver segurança ao vivo há também a atenção pouco notada para o controle das águas. Águas contaminadas a partir de desmatamentos e minerações, colocando em situação de morte populações indígenas e ribeirinhas. Controles dos rios e de nascentes pela propriedade crescem… Dejetos hospitalares e de usinas são despejados em rios e no mar.

 

12. Não se fala de prevenções e precauções com novos vírus mortais que virão. Nem de bactérias mortais. A indústria farmacológica gira em função do imediato e de seus lucros astronômicos em compasso com a morte ou contaminação de inumeráveis pessoas em nome do progresso. Ela é financiada pela pesquisa governamental. Estão imbricadas. Ciência e gestão do planeta estão inseparáveis. Não há ciência que se pratique fora do saber de Estado? Fora do saber em função do desenvolvimento capitalista, sustentável ou não. A indústria farmacológica lança plataformas planetárias online para capitanear voluntários que se dispõem a ser contaminados pela Covid-19. Eles disponibilizam seus corpos para ensaios clínicos de testes e medicamentos para o combate ao novo coronavírus. Assujeitam-se e atualizam a corriqueira prática do experimento médico pelo que se denomina por cobaia remunerada ou não. A ciência ainda não sabe como pensar sem cobaias vivas?

 

13. Fala-se da medicina tradicional chinesa que compõe com a medicina ocidental no combate ao novo coronavírus. Fala-se, mas pouco se sabe. Sabe-se apenas que tal composição expressa a gestão compartilhada entre saber de Estado fortemente hierarquizado com saber de Estado mais ou menos centralizado. São complementares. Compõe, ainda que de modo indelével, uma nova roupagem para a corporação médica.

 

14. No caso da Covid-19, sabe-se que não há um medicamento comprovado e eficiente para nenhuma das duas partes. A medicina tradicional chinesa declara que se deve fortalecer o sistema imunológico ou restaurar o equilíbrio interno tendo em vista a “cura”. As duas medicinas se organizam com base na “cura”.

 

15. Alguém poderia lembrar que ambas também investem em prevenções e precauções. É verdade. Porém, o acesso a estas “conquistas da medicina” restringem-se, como sempre, aos que estão nos patamares superiores da hierarquia socioeconômica.

 

16. Diz-se que o novo coronavírus se multiplica em tempos de climas frios e secos; que um dos efeitos da Covid-19 foi provocar um ar menos poluído e redução de outras doenças respiratórias; que muitos contaminados já tinham seus pulmões tomados pelo efeito do ar podre (não só na China); mas o clima não é determinante, senão regiões litorâneas e amazônicas no Brasil não estariam entre as mais contaminadas. Pode não ser determinante, mas não deve ser negligenciado. Noticia-se: na China, morre-se mais pelos efeitos da poluição do ar do que do novo coronavírus.

 

17. Para o “combate” ao novo coronavírus, a China impôs quarentena total e localizada com controle georreferenciado de deslocamentos e monitoramento contínuo da condição clínica individualizada. Exigiu-se, para possível sucesso, uma população obediente e disciplinada. Em outras palavras, acostumada a ser comandada pelo alto. Para os Estados Ocidentais a questão fica mais difícil porque protege a suposta liberdade de ir e vir. Mesmo que seja nos limites de territórios definidos. E práticas democráticas, ainda que retóricas, produzem, também, expansões de micro e macro fascismos.

 

18. Curiosidade: os laboratórios e hospitais do sistema privado de saúde, até a quarentena, ficavam lotados de clientes fazendo exames, incluindo-se as intermináveis filas de espera pelo SUS, e agendando cirurgias. Hoje, há um esvaziamento de gente fazendo exames e cirurgias. Hospitais criaram áreas específicas para os acometidos pelo novo coronavírus. O que acontece? As pessoas ficam menos doentes? Pouco ou nada se sabe sobre isso. A não ser que os hospitais vinculados ao sistema privado de saúde estão em “crise”. Mais que uma curiosidade?

 

19. Faltam máscaras, equipamentos médicos mínimos (EPIs), leitos de UTI. Aumentam as filas nas portas de bancos que distribuem “benefícios governamentais monetários emergenciais”… No norte e nordeste do país crescem assustadoramente as curvas de contaminações e mortes. Há fome, desespero, buscas por migalhas, produção de vítimas e de vitimizados. As migalhas oferecidas pelo Estado fizeram com que o homem que sentado no trono do palácio montado a cavalo melhorasse seus índices de aprovação entre aqueles identificados como mais pobres e miseráveis.

 

20. A morte está na porta da habitação de cada um. O ritual do velório está sendo superado. Os pobres e miseráveis devem se acostumar, mais uma vez, a morrer no infortúnio (como sempre foi), e eles pouco pensam sobre isso. Veem-se refugiados na religião. Seu conforto. Alívio! Mais uma falta de sorte ou provação acrescentada em suas cotidianas mortificações. Uma ida aos templos é possível respeitando-se as imposições de lei. E isso, até agora, lhe é suficiente.

 

21. Todos devem ficar sem teatro, cinema, exposições, parques, caminhadas… Menos privados de cultos religiosos. Isso não é flexibilização? O laico e o religioso não se apartam, sob quaisquer circunstâncias. Eis um setor essencial!

 

22. Do mesmo modo, as corporações como forças armadas e policiais, o judiciário, a medicina são inseparáveis… E sempre compõem com quaisquer forças que governam o Estado.

 

23. Para o governo brasileiro, as chamadas ciências humanas são dispensáveis. Qualquer governo, hoje em dia, se interessa pela pesquisa “científica” sobre o vivo, a gestão do vivo, a segurança do vivo. E se interessam pelas humanidades quando estas respondem às políticas compensatórias com avaliações, comparações, estudos estatísticos, efeitos de economia política para a sustentação dos governos e identificação do que falta. Para o atual governo do Brasil, nem isso importa!

 

24. A vida está por dentro e por fora das habitações de qualquer um. É preciso garantir o vivo biológico? Sim. Mas é necessário garantir a existência do vivo, porque o humano se diferencia dos animais pelo seu instinto de revolta.

 

25. Domesticados são os que comem pelas filantropias, o que é possível com seu salário, o que consomem com sua renda de capital humano. Eles não se movem, mesmo quando os chamados produtos de primeiras necessidades aumentam de preço assustadoramente como feijão, arroz, cebola e batata… Salvar a economia, a filantropia, para produzir vitimizados… são as palavras de ordem do momento!

 

26. E tomem celebridades catando doações de porta em porta aos “necessitados”; tomem filas de distribuição de marmitas; tomem distribuições de sabão e álcool… E alguém se pergunta, por que antes da Covid-19 isso era tão raro? Solidariedade na pandemia é prática de fortalecimento dos que são superiores. É sua solidariedade para a sustentação da vida biológica. É a sua moral. A solidariedade é um obstáculo à reciprocidade.

 

27. Faltam hospitais, enfermeirxs, maqueirxs, médicxs… Faltam equipamentos. Sobram prisões, carcereiros, suspeitos e condenados. Aumentam os cadáveres empilhados! Os hospitais são levados a decidir quem deve morrer e quem deve viver. Repercutem o governo do Estado.

 

28. Os reacionários tomam as ruas exigindo golpe de Estado, sua ideia-fixa. O homem que senta no trono do palácio montado em seu cavalo ensina como empiná-lo! Chama-se ideia-fixa.

 

29. O ar está contaminado. As águas, gradativamente, contagiadas. A terra é dos que tem propriedades. O fogo é dos revoltados!

 

30. …

 

contra a ideia-fixa.

 

1. Já não se fala mais em testes ampliados para a população e em máscaras gratuitas. Reprisa-se, à exaustão, que precisamos ficar em casa (trabalhando, desempregado, acatando reduções de salários e sobrecarga de trabalho devido as demissões), fazermos ou comprarmos máscaras de pano, como usá-las e lavá-las, e aguardarmos. Conformados!

 

2. Para um tanto de gente desempregada, permanece a ladainha e as filas para recebimento da miserável ajuda monetária do governo.

 

3. Incentivam solidariedades, pacificações nas famílias, cestas básicas e de higiene, com recomendações de se evitar as ruas na quarentena para que as curvas estatísticas de contaminações e mortes estabilizem.

 

4. Não dizem que o sistema de saúde é precário; apenas que ele pode entrar em colapso. Já não se esconde em palavras técnicas a aplicação do direito de quem deve viver e quem deve morrer.

 

5. É inaceitável. Seja pelos critérios de juventude diante da velhice; seja pelo critério de salvar a vida de um velho ilibado diante de um jovem apenas bombadinho e medíocre. Não se brinca de escolha de Sofia, um dos jogos favoritos dos nazistas com os judeus, mesmo diante do colapso do sistema de saúde. Este é quem deve morrer!

 

6. É inaceitável qualquer argumento em saúde pública que coloque em ação o direito de quem deve viver e quem deve morrer. A salvação pela escolha racional da medicina, neste caso, também é fascista! No Brasil, o sistema de saúde privado, ainda não precisa pensar em aplicar as regras deste macabro jogo…

 

7. Há os que sempre se veem como vencedores. Segundo eles, são a maioria que venceu as eleições presidenciais do presidente sem partido político, e que a vida é economia em crescimento e saúde de todos. Essa conversa de quarentena e isolamento social, para eles, nem deveria ter começado, mas se começou está na hora de ser encerrada.

 

8. A expressão vida como crescimento da economia e saúde é até aceitável por liberais e neoliberais, em condições de normalidade. Todavia, esta expressão se reproduz e se fortalece pela retórica. Afinal, a vida é da economia capitalista e a saúde é de quem têm sorte ou sabe fazer as boas escolhas.

 

9. Em situação de pandemia, até liberais e neoliberais fazem contas, previsões e planejamentos para não tomarem muitos prejuízos com a recessão. Para eles, antes os prejuízos localizados que uma sublevação do chamado populacho.

 

10. Os guetos para interceptar os isolamentos, vestidos com a carapaça de sua ideia-fixa e indumentária patriótica, saem e tomam as ruas com sua propaganda ensandecida. São o séquito declarado do homem que senta no trono do palácio montado a cavalo e que ensina sobre sua ideia-fixa.

 

11. O soberano é o messias, mais até que um rei. O STF deve estar sob seu comando, idem a Câmara e o Senado. São espantalhos que devem funcionar para que não ocorram contestações ao Senhor na Terra e ao Senhor celestial. Afinal, os guetos reunidos também se acham como os verdadeiros emissários das palavras dos Senhores.

 

12. Somente os democratas juramentados acreditam que o STF e o legislativo existem e funcionam para realizar os interesses nacionais. Ambos, junto com o executivo, realizam os interesses de proprietários. Para formar um bom governo todos trabalham para a manutenção da liberdade liberal com políticas compensatórias para o chamado populacho tido como sujo, empesteado, ignorante, subserviente etc. e tal. É mais uma ideia-fixa. O corolário é criar condições para minorar o pauperismo.

 

13. Mas o chamado populacho não é só o que dizem dele, um ser passivo que precisa ser governado com tato. Ele é capaz de revoltas contra o Estado, o governo e a boa governança, e a propriedade. Ele descrê da representação, pois esse mecanismo não só o limita na vida política, mas porque não desconhece que a representação também gera interesses específicos da burocracia que celebra seu matrimônio com a propriedade e o Estado. Um ménage à trois. Opa, uma sacanagem.

 

14. O chamado populacho, não é homogêneo. Ele também é capaz de coisas maiores como ampliar sua mortificação, seguindo cegamente uma ideia-fixa, não só de liberais, mas também de fascistas. Ele também é um fascista com orgulho.

 

15. Ele crê no Senhor nas alturas, no Senhor terreno e no pastorado religioso e laico. Ele precisa de uma ideia-fixa. Ele é a vida da ideia-fixa. É o empregado-padrão, o empoderado, o miserável, o empreendedor, o desempregado, o da sacola cheia do supermercado, o que se assume como vítima a ser acolhida…

 

16. E saem às ruas a cata de empregos, migalhas, restos; saem em busca de um golpe de Estado; esperam babando por um elogio à sua conduta reta diante do que professa o homem que senta no trono do palácio montado a cavalo com sua ideia-fixa. Eles são pais e se miram no messias; eles querem pai como o messias; eles querem ser filhos do messias; eles são irmãos do pastor a cavalo e de sua ideia-fixa.

 

17. Ideia-fixa que está cada vez mais escancarada: é a do messias; da corporação militar; de políticos (representantes) a cata de verbas e granas, compondo com seus partidos e o presidente sem partido; do ministério frouxo; dos empresários em situação difícil e amantes do Brasil; de jornalistas lambe-botas; de muitos corporativistas e sindicalistas… e dos banqueiros. O presidente não está sozinho, nem somente com o apoio dos militares e da camarilha que invade as ruas e avenidas.

 

18. Enquanto isso, segundo dados do próprio governo, mais de 100 mil contaminados pelo novo coronavírus e mortes por Covid-19 se ampliando.

 

19. Para tudo se recomenda moderação, incluindo, obviamente as críticas ao governo federal, aos estaduais e municipais. O inimigo declarado nesta “guerra” é o novo coronavírus.

 

20. Das mídias ao Facebook e similares, normas de divulgação de notícias governam as moderações. Não se cansam de recomendar moderação ao presidente e de aceitar seus excessos quase à beira de uma justificativa psicológica. No Facebook, cresce o controle para conteúdos moderados com a criação de um conselho formado por integrantes da sociedade civil organizada e da academia em defesa dos direitos humanos. Para muitos, é preciso aparar os excessos. A moderação proposta pelo Facebook é apenas uma modulação do que é constitutivo da Wikipedia, a chamada enciclopédia livre.

 

21. Em suma, a democracia só se garante com controles de excessos. Porém, legal e legitimamente, a democracia depende de exceções promovidas com regulações e regulamentações pelo Estado por meio de seus governos. Conduta democrática é moderação com produção regular de medidas de exceção; é moderação recomendando controle e autocontrole diante dos excessos.

 

22. O fascismo é exceção e excessos. É um parasita da democracia. E como todo parasita, é combatido prioritariamente por antídotos democráticas. Democracia e fascismo são contínuos no corpo social e político.

 

23. Na expansão das relações computo-informacionais por meio da comunicação contínua, os ciberataques também não findam pegando carona no novo coronavírus. São produtores de ameaças persistentes avançadas feitas por hackers vinculados diretamente a governos. Sim, ciberataques de governos a governos. E haja justificativa para a ampliação das vulnerabilidades.

 

24. É vírus pra todo lado!

 

25. Comunicar não é resistir!

 

26. A gestão das mortes ganha cartilhas da OMS, discussões entre médicos e exposição da situação de esgotamento de leitos de UTI no sistema público e vagas destes mesmos leitos no sistema privado. Mais uma vez, critérios por meio de protocolos para quem deve viver e quem deve morrer.

 

27. Noticia-se no New York Times que professores da Faculdade de Direito de Harvard e de Medicina da Universidade de Pittsburgh defenderam que “médicos tenham imunidade criminal e sejam isentos de responsabilidade civil ao tomarem decisões”.

 

28. O acesso à cura, com ou sem coronavírus, no sistema de saúde público ou privado, é sempre moral!

 

29. O Ministro da Saúde toma vaia em hospital no Rio de Janeiro; o presidente passeia de jetski, os guetos fascistas ameaçam pelas ruas e o governo botou o rolando na PF, mas quer ramagem. O STF vai de vento em popa. A Câmara reconhecendo o Centrão. Os mortos nas valas comuns. Os funerais suspensos. O sistema de saúde colapsando. A economia capitalista vivendo: sua vida é sobrevivência para alguns e morte para outros. Como sempre. Normal!

 

30. Então, volta a argumentação que vida é economia e vida da população (produtiva). A ideia-fixa do homem que senta no trono do palácio montado a cavalo prospera, apesar das tentativas para interceptá-lo.

 

31. No interior de sua ideia-fixa, ele sabe manejar o possível dentro do quadro formal da democracia. Se chegar o momento em que isso não der mais certo, como um filhote exemplar da ditadura civil-militar, ele saberá como levar adiante a necessária faxina para que a verdadeira democracia e suas instituições prevaleçam. Já passamos por isso no Estado Novo e com o golpe de 64. Haverá uma terceira vez?

 

32. Torcedores corinthianos vestidos de negro impedem a marcha dos guetos fascistas na Avenida Paulista, no sábado, 9 de maio. São saudados por torcedores dos demais clubes. Enfrentam os guetos como antifascistas. Está na hora de sair às ruas com firmes propósitos libertários! No passado, nos anos 1930, eram os anarquistas que enfrentavam os fascistas na Praça da Sé.

 

33. A revolta é a única ameaça verdadeira ao matrimônio democracia-fascismo. E para este vírus não há vacina.

 

34. …

 

 


O observatório ecopolítica é uma publicação quinzenal do nu-sol aberta a colaboradores. Resulta do Projeto Temático FAPESP – Ecopolítica: governamentalidade planetária, novas institucionalizações e resistências na sociedade de controle. Produz cartografias do governo do planeta a partir de quatro fluxos: meio ambiente, segurança, direitos e penalização a céu aberto. observa.ecopolitica@pucsp.br

 

 

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