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observatório ecopolítica

ano IV, n. 76-77, setembro de 2020.

 

Manifestações pelo planeta [parte 3]

 

A violência sistemática perpetrada pela polícia em todos os cantos do planeta foi o estopim de manifestações e revoltas recentes em diversos lugares.

 

Alguns manifestantes clamam pela reforma da polícia, pela redução das verbas desta instituição, por justiça para os inocentes exterminados. Dentre eles, muitos parecem crer que a seletividade da violência e do sistema penal é restrita ao racismo contra pessoas negras. Outros ainda creem que basta reformar o Estado e suas políticas para acabar com o racismo.

 

Mas em alguns espaços, essas manifestações radicalizaram, expandindo o fogo antirracista como antipolícia. Sem qualquer reivindicação reformista, estas forças libertárias em luta, de diferentes maneiras, acertam em cheio o alvo: o Estado. Afinal, não há polícia nem racismo sem Estado.

 

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19 de maio de 2020. Um jovem negro foi executado pela polícia, em Puerto Tejada, Colômbia.

 

Anderson Arboleda teve sua cabeça rachada a pauladas, desferidas seguidas vezes por oficiais. Alegam que ele desobedeceu a quarentena. Arboleda levava seu irmão mais novo até a casa da mãe. No fim do mês, em Bogotá, centenas de pessoas protestaram em frente à Embaixada dos EUA. Lembraram a vida de Anderson Arboleda e as manifestações nos Estados Unidos.

 

8 de setembro de 2020. Um homem branco foi executado pela polícia, em Bogotá.

 

Javier Ordóñez bebia na rua com algumas pessoas. A polícia atendeu a uma denúncia da vizinhança. Uma das medidas de governo para contenção da disseminação do novo coronavírus na Colômbia é a restrição do consumo de álcool. Dois policiais abordaram Ordóñez. Jogaram-no ao chão e desferiram choques de taser contra seu dorso nu e pescoço. Espancaram-no e o levaram detido. Não se sabe se Ordóñez foi morto no asfalto ou dentro de uma delegacia, no prosseguimento da tortura. As pessoas que bebiam com ele registraram em vídeo toda a abordagem. O vídeo foi amplamente compartilhado nas redes sociais. Em meio às descargas elétricas em seu corpo, Ordóñez dizia: “estou me afogando”.

 

A execução de Ordóñez, um advogado e “pai de família”, mobilizou grandes manifestações em diversas cidades colombianas.

 

Em Bogotá, mais de 156 postos do CAI (Comando de Atención Inmediata) foram destruídos, alguns tiveram suas portas e janelas quebradas, outros foram reduzidos às cinzas. O ódio pela polícia ficou inscrito em paredes e muros, nos rastros de destruição dos postos policiais e viaturas.

 

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17 de julho de 2014. um homem negro foi executado por policiais em Nova York.

 

Eric Garner foi executado por asfixia, durante a abordagem policial, filmada por celulares de pessoas que assistiram à sua morte. O mata-leão em Garner, aplicado por um policial auxiliado por um punhado de oficiais, foi amplamente compartilhado nas redes sociais. As cenas também foram divulgadas em diversas mídias pelo planeta. Sufocado, Garner repetia: “eu não consigo respirar”.

 

09 de agosto de 2014. Um jovem negro foi executado por policiais em Ferguson.

 

Michael Brown foi baleado por um agente branco, após uma batida policial. Não há vídeos, apenas os relatos de Dorian Johnson, amigo de Brown, e a versão oficial. Johnson conta que Brown recebeu uma rajada de tiros, pelas costas, com as mãos para o alto, logo após dizer: “não atire”.

 

Inúmeras manifestações que eclodiram pelo país, foram marcadas pelos gritos de “mãos para o alto, não atire”. Foram incendiárias, especialmente em Ferguson. O caso e a repercussão pelas ruas estadunidenses obtiveram ampla divulgação pelo planeta.

 

Os policiais que assassinaram Brown e Garner foram demitidos. A Justiça considerou que eles agiram em legítima defesa. A resposta do então presidente negro dos EUA, em 2015, foi um projeto de reforma da polícia.

 

No ano seguinte, Donald Trump foi eleito com amplo apoio de supremacistas brancos, atendendo aos anseios e temores de parte da população estadunidense em relação à amplitude do movimento negro, desde a revolta de Ferguson, conhecido pelo lema Black Lives Matter (BLM).

 

25 de maio de 2020. Um homem negro foi executado por policiais em Minneapolis, Estados Unidos.

 

George Floyd teve sua execução por asfixia, durante a abordagem policial, filmada por celulares de pessoas que assistiram e compartilharam nas redes a sua morte. As palavras de Floyd ditas com dificuldades antes da morte, “eu não consigo respirar”, repercutiram instantaneamente na mídia planetária.

 

Manifestações irromperam por todos os cantos dos EUA. Ganharam ampla cobertura midiática dentro e fora do país. No início, reverberaram em protestos em outros lugares do planeta. Mas, a seletividade da chamada grande mídia ou da alternativa, não notificou todas as manifestações e categorizou algumas delas como vandalismo.

 

Muitos foram às ruas dos Estados Unidos em protesto contra o assassinato de Floyd movidos por certa comoção moral, pela “injustiça” que tirou a vida de um “pai de família”, “trabalhador” e “inocente”. Em meio aos protestos, alguns lembraram de outras execuções.

 

De janeiro a setembro deste ano, somente no território estadunidense, foram executadas pela polícia, ao menos, 680 pessoas.

 

No Brasil, apenas no primeiro semestre, a polícia matou, ao menos, 3.148 pessoas. Mais da metade declarados negros!

 

13 de março de 2020.

 

Uma mulher negra foi executada por policiais em Kentucky.

 

Breonna Taylor foi baleada por oficiais em sua casa, durante uma operação antidrogas. Não há vídeos, apenas os relatos de Kenneth Walker, namorado de Taylor, e a versão oficial. Walker conta que os policiais arrombaram a porta e entraram atirando. Os policiais dispararam mais de 20 vezes e 8 tiros foram direcionados à Taylor. Walker foi detido por supostamente reagir atirando contra os policiais e está em prisão domiciliar desde maio. Na época, o caso não obteve muita repercussão.

 

Durante as manifestações antirracistas, a execução de Taylor foi lembrada como mais uma morte de “inocente”: uma jovem negra que trabalhava como enfermeira e contra quem não há “provas” de qualquer “crime”.

 

Apesar de não haver qualquer prova contra Breonna Taylor, a operação policial perseguia como suspeito um ex-namorado dela. Em nenhum destes casos há um vídeo-prova. A moral produz maior indignação diante de execuções brutais e visíveis de pessoas consideradas inocentes, cuja memória honra suas condutas retas, familiares, trabalhadoras.

 

Assim como não há polícia, nem leis, sem moral.

 

27 de maio de 2020.

 

Um homem trans negro foi executado por policiais em Tallahassee.

 

Tony McDade foi baleado por oficiais em um apartamento no subúrbio. Ele era procurado como suspeito de esfaquear um homem há algumas horas. Pessoas que moram no conjunto habitacional relatam terem ouvido os disparos após o policial (cuja identidade permanece em sigilo) ordenar: “pare de se mover, nigger”. Dizem também que McDade não estava armado como alegam as autoridades. O caso também não obteve muita epercussão. Foi lembrado nas ruas por libertárixs e queers. De outra feita, serviu para alimentar pequenas disputas entre movimentos de minorias portadoras de direitos.

 

Tony McDade era egresso do sistema penal. Um dia antes de ser morto, postou ameaças nas redes sociais contra um homem que o agredira. Este homem foi esfaqueado.

 

Em todos os cantos do planeta a polícia executa e tortura.

 

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Desde a eclosão dos protestos, no dia 26 de maio deste ano em Minneapolis, a rebelião antirracista tomou as ruas nos EUA e ganhou forma por meio de ataques diretos contra viaturas, postos policiais, delegacias e pelo enfrentamento com os agentes da ordem.

 

No dia 27, as manifestações se espalharam pelo país. Em Olympia, Portland e Seattle os atos foram agitados por anarquistxs. Mas não foi somente nessas cidades que os protestos foram incendiários e atingiram em cheio propriedades do Estado. Ações diretas foram levadas adiante em Denver, Columbus, Nova York, Oakland, Sacramento, Los Angeles, Phoenix, Fontana, Louisville... Em Portland, na segunda noite de protestos, alguns manifestantes ocuparam as ruas próximas ao Justice Center.

 

No terceiro dia consecutivo de batalha pelas ruas de Minneapolis, os manifestantes enfrentaram a Guarda Nacional. Menos de uma semana após a morte de Floyd, as autoridades de muitas cidades decretaram toque de recolher, outras pediram reforços da Guarda Nacional. Gangues fascistas e neo-nazistas como Proud Boys, Keystone United, Patriot Prayer, Patriot Front, New Jersey European Heritage Association, Three Percenter, Ku Klux Klan e American Wolf, e racistas armados e solitários reforçaram a segurança de suas propriedades durante os protestos. Mas nada conteve as manifestações nas ruas.

 

A cada dia, mais cidades tiveram as vias tomadas por manifestantes.

 

Em Sacramento, pessoas quebraram as janelas e a porta de vidro da Sacramento County Main Jail. Nas paredes, estamparam: “Bom policial não existe”. O departamento de polícia de St. Louis, em Ferguson, foi evacuado. O prédio foi atacado com pedras e fogo.

 

Diante da repressão policial contra as manifestações, muitos coletivos articularam-se para exigir a libertação imediata de todas as pessoas presas durante os protestos.

 

Junto a isso, ampliaram-se os protestos contra a polícia, ainda que alguns mantivessem o tom reformista. Falou-se mais em “defund police”, reivindicando o corte de verbas para a instituição. Neste meio, há quem defenda um repasse maior do dinheiro público da polícia para outras áreas, especialmente a saúde. Há quem defenda o fim do financiamento da instituição com o dinheiro público. Há ainda quem alegue que “desfinanciar” seria um primeiro passo rumo a uma futura abolição desta instituição.

 

Anarquistxs abolicionistxs enfatizam: “free them all”, sem distinguir presxs da revolta e xs demais. Afirmam que diferenciar presos mais e menos perigosos é o mesmo que diferenciar manifestantes bons e ruins, policiais bons e ruins. Alertam que é preciso destruir a moral, é preciso abolir as prisões.

 

Pelas ruas dos EUA, ao longo destes meses de protestos, foram exibidas faixas e pichações para acabar com o policial e a prisão que também habitam as mentes e as relações.

 

O fogo nas ruas chegou ao sistema prisional. Durante a primeira semana de protestos, muitos presídios proibiram xs presxs de assistirem aos noticiários. Não adiantou. Rebeliões, protestos e greves de fome foram levados adiante dentro de cárceres espalhados pelos Estados Unidos e também no Canadá, com o apoio de anarquistx nas ruas. O mesmo aconteceu na Itália e na Espanha.

 

Nos EUA, a defesa de uma reforma da polícia não se restringe ao movimento pela desfinancialização, há quem clame, como sempre, por uma polícia melhor, mais justa e bem preparada, que não seja racista.

 

Libertárixs explicitam, em escritos e ações incendiárias pelas ruas, que não há polícia que não seja racista. Assim como não há polícia sem violência. Este é o ponto de inflexão onde, em alguns lugares dos Estados Unidos, os protestos antirracistas se radicalizaram como antipolícia e anti-Estado.

 

A defesa de protestos sem ataques aos edifícios estatais e privados, muitas vezes atrelada à demanda por reforma institucional, é um reforço normalizador da continuidade do uso e abuso da violência estatal.

 

Além de milhares de presos e incontáveis feridos, dezenas de pessoas ficaram cegas pelas balas do Estado, assim como ocorreu durante a revolta no Chile, no ano passado, com manifestantes mortos nos protestos. Não se divulga quantxs foram e, na maioria das vezes, não se sabe quem foram os atiradores.

 

No dia 28 de maio, em Minneapolis, um manifestante foi baleado pelo proprietário de uma concessionária. Foi a primeira morte. Em menos de uma semana, ao menos três manifestantes foram executados. Os assassinatos continuaram. Estas mortes não repercutiram para além da localidade onde ocorreram, muitas vezes não produziram mais do que vigílias e homenagens. Não foram grandes manifestações, mas foram intensos protestos daquele povo em sua localidade.

 

Em Seattle, no dia 7 de junho, organizou-se uma vigília pelas pessoas executadas durante as manifestações ou em operações policiais desde a eclosão dos protestos, lembrando também os que ocorreram dentro das prisões. Com presença viva de libertárixs, explicitaram que uma só vida encerrada pelas forças do Estado é inaceitável. Seja ela qual for.

 

Neste dia, o jovem negro Dan Gregory foi baleado ao interceptar um fascista armado que tentou invadir o espaço onde ocorria a vigília. Lá, os manifestantes liam poesias, faziam música, comiam e bebiam juntxs, enquanto celebravam a vida dxs que há pouco tinham sido mortxs.

 

A vigília ocorreu nos arredores do Seattle Police Department’s East Precinct. Por ali, na vizinhança de Capitol Hill, irromperam as mais intensas batalhas com as forças repressivas, desde o início dos protestos na cidade.

 

Na noite do dia 7, mesmo após a tentativa de massacre fascista, algumas pessoas permaneceram no espaço. No dia seguinte, muitas retornaram e novas chegaram. A investida do fascista armado, encoberta pela polícia que cercava a vigília, foi o estopim para novos protestos. A repercussão na vizinhança, para além das pessoas que tomavam parte nas agitações, foi de questionar as forças de segurança.

 

Diante dessa situação, enquanto manifestantes literalmente ocupavam e obstruíam as ruas, a delegacia do leste foi evacuada. Libertárixs instauraram uma zona autônoma temporária, nomeada CHAZ (Capital Hill Autonomous Zone).

 

O bairro de Capitol Hill foi palco de muitas batalhas recentes, como as desdobradas de Ferguson e do movimento Occupy. É uma vizinhança habitada por queers, punks, artistas.

 

12 de junho de 2020. Um homem negro foi executado por policiais em Atlanta.

 

Rayshard Brooks foi baleado. Ele adormecera em seu carro, em uma fila de drive-thru. A polícia foi chamada e o abordou. As imagens de Brooks fugindo e sendo morto a tiros por um policial circularam pela internet. Rapidamente, a chefe de polícia da cidade se demitiu, o agente que matou Brooks foi demitido e seu parceiro, afastado. No dia seguinte, ocorreram protestos locais. O restaurante, cujos funcionários havia chamado a polícia contra Brooks, foi incendiado. Foram muitas mortes num curto espaço de tempo.

 

No dia 1º de julho, a polícia destruiu a CHAZ e prendeu as pessoas presentes no espaço, que já estava esvaziado após quatro episódios com armas de fogo na Zona ou em suas proximidades. Dois foram fatais.

 

20 de junho de 2020. Um jovem negro foi executado na CHAZ.

 

Horace Lorenzo Anderson foi baleado. A polícia, do lado de fora da área ocupada, impediu que a ambulância chegasse até Anderson. Ele demorou a ser socorrido. As autoridades não permitiram que os pais e amigos de Anderson vissem seu corpo. A investigação para apurar o caso continua. Mídias de direita noticiam como suspeito um rapaz, também negro, que supostamente atirou em Anderson porque ele queria deixar a CHAZ; em suma, uma suposta briga interna.

 

Neste dia, DeJuan Young também foi baleado quando deixava o espaço. O homem, também negro, conta que antes de ser atingido ouviu vociferarem “nigger”. Ele afirma que foi alvo de membros de uma milícia fascista, possivelmente dos Proud Boys ou da Ku Klux Klan.

 

29 de junho de 2020. Um garoto negro foi executado na CHAZ.

 

Antonio Mays Jr. foi baleado. Demorou para ser encaminhado ao hospital e foi atendido por médicos voluntários da CHAZ, assim como Anderson. Mays tinha 16 anos e fugiu de sua casa em San Diego para tomar parte na Zona Autônoma. Junto com ele, um garoto de 14 anos também foi baleado, internado em estado grave, porém seu nome não foi divulgado. A investigação para apurar o caso continua.

 

Milícias e gangues armadas cercavam à CHAZ desde o início.

 

Estas mortes repercutiram no fim da CHAZ. Não mobilizaram grandes protestos, tampouco tiveram atenção midiática.

 

Desde o fim de maio, o fogo anarquista segue intenso, principalmente, em Portland e Seattle, mesmo com o fim da CHAZ. Desde o início das manifestações em Portland, o revide às violências do Estado ampliou sua força. Muitos protestos revisitaram os lugares onde pessoas foram executadas pela polícia nas últimas três décadas. Anarquistxs, alertaram que desde 1992 a polícia da cidade matou, ao menos, 62 pessoas, em sua maioria negrxs e gente que vivia pelas ruas, classificadxs como doentes mentais e usuários de drogas.

 

O enfrentamento da repressão policial foi recorrente. Os manifestantes, em grande parte libertárixs, contra-atacaram e não recuaram. Muitas vezes, a polícia foi “dispersada”. Também encararam de peito aberto fascistas armados.

 

Em meados de julho, o presidente dos Estados Unidos declarou no Twitter que enviaria tropas da Guarda Nacional para cidades “sem controle”, independente da solicitação do governo local. Mirava abertamente as cidades de Portland, Seattle, Minneapolis e Chicago. Houve disputas diplomáticas entre governos democratas em oposição à ordem do presidente republicano. A intervenção do Department of Homeland Security (DHS) foi anunciada como uma medida para controlar o caos, impedir os ataques à propriedade e aos monumentos e caçar antifas e anarquistxs ― alvos explícitos nos posts e falas do presidente, desde que irromperam os protestos.

 

Anarquistxs contaram que, até aquele momento, o secretário do DHS havia repetido “anarquistas violentos” mais de uma centena de vezes.

 

Contudo, a despeito das disputas partidárias, a repressão violenta pelo Estado ocorreu desde os primeiros levantes, recrudescendo com os passar dos dias, especialmente em Portland que, neste momento avançava para a quinquagésima noite de protesto. Não houve falta de policiamento ou de repressão, houve brava resistência dos manifestantes.

 

Diante da Guarda Nacional, as ruas de Portland ficaram ainda mais cheias. Os manifestantes se prepararam para enfrentar maior violência, havia apoio de equipes médicas voluntárias, linhas de frente de autodefesa compostas por black blocs e pelas mom-bloc ou mom-antifa (mães que aderiram às manifestações na cidade para interceptar a violência da polícia).

 

Ocorreram protestos em apoio à Portland em outras cidades. Em Atlanta, as janelas dos escritórios do DHS e ICE (Immigration and Customs Enforcement) foram apedrejadas e barricadas acesas em frente aos prédios. Em Seattle, libertárixs atacaram o tribunal municipal, departamentos de polícia, delegacias, empreendimentos da Amazon e da Starbucks como ações de repúdio às contribuições dessas empresas com a ICE. Portas e janelas da Police Department’s East Precinct foram quebradas. Equipamentos de uma obra para a construção de um prédio prisional para jovens foram destruídos pelo fogo. Nos arredores, pichações estamparam: nenhuma prisão para jovens!

 

Simultâneas às operações da Guarda Nacional, recrudesceram as investidas da extrema-direita contra manifestantes. No dia dos protestos em apoio a Portland, cidade alvo da maior ofensiva repressiva, em muitos municípios os manifestantes enfrentaram milícias e gangues fascistas, além da polícia.

 

Essas contramanifestações fascistas costumam ser convocadas como: em prol da polícia ― muitas vezes ardilosamente como BLM, Blue Lives Matter (azul em referência à cor dos uniformes policiais) ―, anti-antifa e antiterroristas, em defesa do presidente, explicitamente supremacistas como White Lives Matter (vidas brancas importam) ou dissimuladas como All Lives Matter (todas as vidas importam).

 

Além das milícias e gangues já mencionadas, o chamado QAnon protagoniza muitas destas marchas. Em 2017, uma postagem em um fórum de extrema-direita (4chan) suscitou uma teoria da conspiração. O usuário anônimo, que assinou seu post como Q, falou sobre uma conspiração global de um “Estado profundo” que põe em curso um plano “satânico”, “de esquerda”, que pretende arruinar a família tradicional e esta sociedade, principalmente, por meio da “pedofilia” e dos “antifas”.

 

O alvo principal do plano, obviamente é os Estados Unidos e o presidente que busca salvar a pátria. Tudo que não “dá certo” em seu governo, assim como nos demais governos de direita pelo planeta, é culpa deste “Estado profundo” que abarca desde o Papa até Hollywood. O ridículo imensurável não é exclusividade dos estadunidenses, há grupos QAnon online e participando de marchas nacionalistas em outros países. Há QAnons pela Europa e pela América Latina também.

 

A conspiração foi, supostamente, anunciada pelo presidente estadunidense em uma reunião com militares de alta patente, em outubro de 2017, ocasião em que o chefe do Estado disse “a calma antes da tempestade”. Quando questionado pela imprensa a respeito de qual tempestade, respondeu: “vocês descobrirão”. Daí as menções à “Tempestade”, hashtag QAnon referente ao momento em que a verdade triunfará; após a aniquilação das forças “satanistas”, de “esquerda” e “extrema-esquerda”, “antifas” e “pedófilas”. Outra hashtag é “o Grande Despertar”, referente ao momento pré-Tempestade, que para eles é o presente.

 

Não se fala muito sobre as relações entre o QAnon e conspirações supremacistas neo-nazistas, mas é possível que o Great Awakening (O Grande Despertar) guarde conexões com a Great Replacement (A Grande Substituição), contra o suposto plano em curso na Europa e no Norte da América em que estrangeiros e mestiços pretendem substituir a raça branca pura. The Great Replacement é o título de um livro publicado em 2012 pelo francês Renaud Camus e também do manifesto publicado em redes sociais e no fórum 8chain por Brenton Tarrant, em 2019. Tarrant, depois de postar seu manifesto, abriu fogo contra muçulmanos em duas mesquitas em Christchurch, Nova Zelândia. Executou 51 pessoas (ver observatório ecopolítica 49-50).

 

Importante lembrar que a chamada pedofilia também é alvo de governos de direita e grupos de extrema-direita em outros cantos do planeta, como foi mostrado no número anterior deste observatório, no Leste Europeu.

 

Desde 2019, o FBI considera o QAnon como um grupo “potencialmente terrorista”. Recentemente, centenas de páginas do grupo foram apagadas do Facebook. Assim como páginas de coletivos anarquistas e antifascistas.

 

22 de agosto de 2020.

 

Um homem negro foi executado por policiais em Lafayette. Desde o início dos protestos, as execuções perpetradas pela polícia teriam ficado reduzidas no planeta?

 

Trayford Pellerin foi baleado por oficiais. Funcionários de uma loja de conveniência chamaram a polícia porque havia “uma pessoa armada com uma faca perturbando”. Pellerin foi abordado, recebeu uma descarga de choque de taser e, na sequência, um tiro fatal. Protestos ocorreram em Lafayette.

 

23 de agosto de 2020.

 

Um homem negro foi baleado por policiais em Kenosha.

 

Jacob Blake entrava em seu carro quando o agente puxou sua camiseta e fez seguidos disparos contra suas costas. Seus três filhos, ainda crianças, assistiram a cena do interior do veículo. Blake segue internado, perdeu os movimentos da cintura para baixo. Da maca hospitalar, ele participa via Zoom de audiências criminais. É processado por “agressão sexual” desde maio, e agora, também, por “invasão criminal” e “conduta desordenada”.

 

Há vídeos registrando ambas as abordagens. O caso de Jacob foi mais compartilhado nas redes e amplamente noticiado como mais uma “injustiça” contra um “pai de família” e “inocente”. Mobilizou novas manifestações.

 

Houve protestos incendiários em Kenosha, Madison, Denver, Seattle e Portland.

 

Poucos dias depois, uma investida fascista durante um protesto em Kenosha foi a primeira a ganhar destaque midiático. Kyle Rittenhouse, um jovem de 17 anos que deseja ser policial e ama o presidente, atendeu a uma das tantas convocações online para atuar como reforço nas milícias locais. Com um fuzil pendurado no ombro, invadiu a manifestação. Executou a tiros Joseph Rosenbaum e Anthony Huber, dois homens também brancos que tentaram interceptá-lo e desarmá-lo.

 

Há vídeos do jovem fascista armado entre manifestantes, matando Rosenbaum e Huber, disparando contra outras pessoas e desfilando em frente às tropas de quem ganhou água quando chegou com seu fuzil no protesto. Há registros também dele deixando a manifestação, depois de atirar e matar pessoas, acenando para os policiais. Alguns dias depois ele foi preso.

 

Anthony Huber era anarquista, na vigília em sua homenagem bandeiras rubro-negras tremularam no ar.

 

03 de setembro de 2020.

 

Um homem branco foi executado por policiais, em Lacey.

 

Michael Reinoehl foi baleado durante uma operação que o perseguia como suspeito de matar Aaron J. Danielson, um membro do Patriot Prayer. As autoridades alegam “legitima defesa”. Pessoas que presenciaram a abordagem negam que Reinoehl estivesse armado e que ameaçou os policiais. Reinoehl se identificava como antifascista e compunha blocos de defesa das manifestações. Durante um protesto em Portland, após uma investida repressiva dos Patriot Prayers, Danielson foi morto a tiros. Em uma entrevista ao portal Vice, Reinoehl deu a entender que o matou, como um revide às ameaças dos patriotas contra um manifestante negro. Pelo Twitter, o presidente dos Estados Unidos pediu a cabeça de Reinoehl.

 

As manifestações nos Estados Unidos seguem incansáveis em Seattle e Portland; nesta última cidade elas ocorrem diariamente há mais de 110 dias. São agitadas por anarquistxs.

 

Manifestações contra a violência policial tomaram as ruas de outros países. Em alguns, a presença anarquista alertava não haver reforma possível da polícia, a violência é intrínseca à sua existência e o combate a ela acontece em meio às práticas urgentes de liberdade.

 

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31 de março de 2020.

 

No Quênia, a polícia executou um menino de 13 anos que brincava no quintal de sua casa 20 minutos depois do toque de recolher ter sido declarado como medida de contenção do novo coronavírus. Foi apenas o começo de uma série de outras execuções nos dias seguintes.

 

No dia 02 de junho, em Nairobi, pessoas protestaram em frente à embaixada estadunidenses contra as execuções e em memória de George Floyd. Outras tantas manifestaram-se em Mathare, um conglomerado de favelas na capital queniana.

 

Na África do Sul, na miserável Alexandra, Collins Khosa foi executado dentro de casa. Soldados da Força de Defesa Nacional invadiram-na durante a quarentena, enquanto Khosa bebia no quintal. Ele foi espancado e sufocado pelos soldados diante de sua família. Morreu em seguida. Segundo as apurações da Força de Defesa Nacional da África do Sul, não seria possível alegar que os ferimentos causaram a morte.

 

Na Cidade do Cabo, pessoas foram às ruas e caminharam até o Parlamento em memória de George Floyd e Khosa. Manifestações semelhantes também tomaram as ruas de Joanesburgo e de Pretória.

 

Na Nigéria, em Lagos, uma menina de 16 anos, Tina Ezekwe foi executada pela polícia. Teria sido atingida “por engano”, enquanto os policiais atiravam em um motorista de ônibus gratuito, que furou o toque de recolher declarado como medida de governo diante da chamada pandemia. Ezekwe foi alvejada após ter encarado os policiais repudiando os tiros disparados contra o motorista.

 

Mesmo diante da forte chuva que atingiu Lagos, pessoas foram às ruas contra a violência policial e em memória de Tina Ezekwe e Floyd.

 

Enquanto notícias a respeito das manifestações nos EUA e, principalmente as repercussões na Europa tomavam todas as mídias, sobre os protestos e execuções sumárias na África, apenas uma ou outra nota figuraram nos portais de notícias na internet.

 

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Na Coreia do Sul, assim como em Taiwan, Sri Lanka e Hong Kong, marchas aconteceram em memória de George Floyd. As ações eram semelhantes: 8’46” em silêncio, ajoelhar-se, cantar algumas músicas e dizer umas palavras de ordem.

 

O ato dos manifestantes ajoelharem-se explicita a disposição para a pacificação. O gesto foi importado dos Estados Unidos, onde alguns policiais que cobriam os protestos começaram a se ajoelhar com alguns manifestantes autodeclarados não-violentos, depois que jogadores de futebol americano foram deixados em suspenso por se ajoelharem durante o hino em protesto ao assassinato de negros nos EUA, em 2016.

 

Algumas marchas foram até mesmo financiadas por partidos, como a ocorrida em Taiwan com patrocínio do Partido da Promoção da Unificação Chinesa, apoiador do governo central de Beijing. No Sri Lanka, em Colombo, uma marcha em 10 de junho, convocada pelo Partido da Frente Socialista, foi encerrada pela polícia. Entre espancamentos e ameaças, das 100 pessoas que foram até à embaixada dos EUA para levantar seus cartazes, 53 foram presas.

 

Nos atos nestes países, sobressaiu a demanda por uma reforma da polícia e a crença na paz.

 

22 de maio de 2020.

 

Em Tóquio um jovem turco ia ao dentista quando foi parado pela polícia. Os policiais japoneses retiraram-no do carro, forçaram-no a se ajoelhar e aplicaram-lhe um mata-leão em meio a ordens para que ficasse quieto. Muitos japoneses tratam o fato como isolado e pedem para que os policiais passem por cursos para se atualizarem e melhorarem sua formação.

 

Entretanto, alguns jovens foram às ruas manifestarem-se contra a violência policial antes mesmo das eclosões nos EUA. Mas, após a execução de Floyd, as manifestações ganharam força e as ruas de Tóquio receberam sua edição do Black Live Matters. Mais de 3.500 foram às ruas de um bairro turístico no maior ato que ocorreu na capital. O ato também conclamou demandas por melhor tratamento policial.

 

A manifestação Black Live Matters de Tóquio foi acompanhada em todo o seu trajeto por um cordão policial, para não atrapalhar o trânsito da cidade que, entretanto, estava com fluxo de carros reduzidos por conta da quarentena. A manifestação seguiu ordeira e dispersou sem nenhuma ocorrência. O ato contestava o ocorrido com o jovem turco e declarava apoio às manifestações nos EUA. Entretanto, poucos lembraram das práticas racistas no Japão tão corriqueiras e autorizadas por costumes incrustados na conduta dos japoneses e cujos alvos preferenciais são coreanos e chineses. Nunca deve ser esquecida, dentre outras, a Unidade 731, até hoje pouco comentada e quase desconhecida entre os japoneses, onde médicos e militares realizaram inúmeros experimentos letais em crianças, homens e mulheres coreanos e chineses em nome da ciência e da pátria durante a Guerra do Pacífico.

 

No arquipélago de Okinawa, atravessado por bases militares estadunidenses, algumas pessoas foram às ruas fazer vigília e se ajoelhar em homenagem a Floyd. Entretanto, a presença das bases militares, fundamentais para a reconstrução do país e acionadas intensamente durante a Guerra da Coreia e do Vietnã, não foi questionada em momento algum.

 

Um grito destoou da obediência japonesa. Um anarquistx anunciou, em meio a multidão, que jogaria bombas no escritório de imigração da capital e em uma delegacia de polícia. Com todos seus instrumentos antibombas e armas, a polícia de Tóquio passou alguns dias apavorada.

 

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Na Indonésia, onde anarquistxs são constantemente sequestrados e torturados pelo Estado, houve manifestações contra as perseguições policiais aos papuásios. Pelas ruas de Jacarta, via-se em muitos cartazes a foto de Obby Kogoya, um estudante que nasceu na Papua e cuja cabeça foi pisoteada por um policial em 2016. Ele estava rendido e deitado de bruços no chão, enquanto outros agentes cercavam o prédio do dormitório da universidade para evitar a realização de uma assembleia de estudantes.

 

Para evitar que anarquistxs fossem às manifestações e realizassem ações diretas, líderes das manifestações deste ano rapidamente lançaram a hashtag #PapuanLivesMatters e ligaram os atos às demandas de libertação nacional da Papua.

 

As marchas demandavam a reforma da polícia e que fossem revistas as penas para ativistas papuásios presos em protestos a favor da Papua. Não lembraram dos anarquistxs que permanecem sequestrados pelo Estado e perseguidxs.

 

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No México, no dia 8 de março, em meio à marcha do Dia Mundial das Mulheres, mulheres de preto e de balaclavas não aceitaram as repetidas negociações com a polícia para autorizações de onde poderiam andar e nem mesmo as correntes humanas que eram feitas pelas próprias manifestantes para proteger as propriedades.

 

Quando a polícia jogou bombas de gás lacrimogênio para proteger a Catedral Metropolitana, mulheres encapuchadas lançaram fogo no Palacio Nacional e em prédios do Banco do México; quebraram vidraças de agências bancárias e destruíram carros da prefeitura e da polícia.

 

A violência do Estado não diminuiu: a polícia feriu centenas de mulheres.

 

Em junho, novas manifestações contra a polícia tomaram o país.

 

4 de maio de 2020, um homem foi executado por policiais, em Ixtlahuacán de los Memrillos.

 

Giovanni López foi abordado e espancado por não usar máscara enquanto estava sentado na rua. Foi espancado até a morte, não se sabe se morreu na rua ou em alguma delegacia para onde foi levado pela polícia. Quase um mês depois, seu irmão, divulgou nas redes sociais o espancamento que registrou em vídeo.

 

Em Guadalajara, no dia 4 de junho, centenas foram às ruas contra a polícia e lembrando a vida de Giovanni López. A polícia retaliou a manifestação com bombas de gás e dezenas de prisões. A resposta foi imediata: fogo em duas viaturas, destruição de propriedades estatais e pichações anarquistas nas paredes.

 

No dia seguinte, na Cidade do México, centenas de pessoas foram às ruas contra a identificação de antifascista como terrorista e em memória às execuções de Floyd e López. Anarquistxs estavam presentes e diante da violência policial, escancararam seus alvos: atacaram propriedades com martelos, pedras e coquetéis molotovs, sem fazer a distinção entre privadas ou estatais.

 

No mesmo dia, em Guadalajara, foram organizadas três manifestações em memória de López. Entretanto, muitos não conseguiram chegar aos seus destinos, foram jogados em caminhões sem identificação e estão desaparecidxs. Em outros pontos da cidade, ônibus foram parados, policiais tiraram as pessoas à força e levaram qualquer um que pudesse ser considerado um manifestante.

 

Xs anarquistxs foram enfáticos: “não se pode limitar a lutar conjuntural e monotematicamente por um fato particular de brutalidade policial, como neste caso que foi desencadeada pela disseminação nas redes sociais do assassinato de Giovanni Lopez. Já que esta não é e nem será a primeira morte perpetrada pelo Estado e pela polícia, não é o único fato que indigna. No México, este é o pão nosso de cada dia, e mesmo que a polícia aja com apego ao Estado de direito, nós a combateremos, somos contra o Estado, o capital, sua civilização e a nova normalidade a que nos querem levar. (...) Não nos somaremos às suas súplicas por justiça, não lamberemos botas! (...) Frente a sua nova normalidade: nossa eterna e irredutível anarquia!”

 

2 de maio.

 

Um homem foi executado pela polícia, em Veracruz.

 

Carlos Andrés Navarro era um serigrafista do meio hip-hop. Ele foi espancado até a morte em uma delegacia de polícia. Em um de seus últimos registros em vida, filmado pelos celulares de pessoas que assistiram à cena e pelo próprio Andrés que transmitiu simultaneamente a abordagem em sua conta no Facebook, é possível vê-lo berrando enquanto uma dezena de policiais o encurralava contra a parede: “socorro, eles vão me sequestrar!”. As autoridades alegam que ele infartou. Protestos eclodiram em diversas cidades mexicanas.

 

No mesmo 5 de junho, libertárixs incógnitxs levantaram uma barricada em chamas em frente a uma casa onde, no dia 5 de junho de 2015, a polícia invadiu e espancou estudantes. Uma faixa foi levantada onde lia-se em letras garrafais: FODA-SE A POLÍCIA.

 

Em San Luis Potosi, nas paredes do Ministério Público foram inscritos “A” na bola e ACAB (all coops are bastards).

 

9 de junho.

 

Um jovem foi executado pela polícia, em Vicente Camalote.

 

Alexander Martinez foi baleado por policiais enquanto pilotava sua moto junto com outros garotos, também motorizados. Eles iam comprar refrigerante quando foram alvejados pela polícia. Martinez tinha 16 anos e era jogador de futebol. Um dos garotos, de 15 anos, também foi atingido, mas sobreviveu. As autoridades “lamenta[ra]m o erro” e afastaram os oficiais envolvidos no caso.

 

Cinco dias depois, anarquistxs tomaram Oaxaca para recordar esta morte e a de tantxs outrxs. Avenidas foram bloqueadas com barricadas incendiárias e bancos e prédios estatais atacados. Em meio a faixas com “A” na bola, lia-se: “a polícia viola e assassina!” e “somos o seu pior pesadelo”.

 

No início de agosto, em Rosales, quase na fronteira com os Estados Unidos, camponeses e camponesas queimaram viaturas e outras propriedades estatais. O estopim foi a proibição, decretada pelo Estado mexicano, de utilização da água da barragem Las Virgenes.

 

No dia 04 de setembro, anarcofeministas ocuparam o prédio da Comisión Nacional de los Derechos Humanos (CNDH) na Cidade do México. A ação direta foi levada adiante em apoio às mães pobres de pessoas executadas, violentadas e desaparecidas. As anarquistas também exigem que o Estado interrompa imediatamente a perseguição perpetrada contra libertárixs no México.

 

Em Atizapán e Ecatepec, libertárixs também ocuparam os prédios locais da CNDH, mas foram brutalmente reprimidas. Em Ecatepec, atearam fogo no prédio antes de deixá-lo.

 

A ocupação na Cidade do México, nomeada de Ocupa Ni Una Menos/ Bloque Negro, segue firme. Por todos os lados, em pichações, faixas e camisetas, afirmam: ACAB e fogo nas polícias. “Nos cuidamos. A polícia só nos reprime, violenta, assassina”.

 

Alimentam o fogo da barricada incandescente do lado de fora do prédio com bandeiras nacionais, quadros de heróis da História do México, trechos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

 

As anarquistas afirmam: “El corazón es del tamaño de mi puño cerrado y basta para poner todo esto en marcha”.

 

R A D. A. R

 

Mapa de proetestos do Black Lives Matter in 2020.

 

Anarchist News

 

Flecheira Libertária n. 584

 

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It’s going down

 

Killed by Police

 

Observatório Ecopolítica n. 49-50

 

 

 

 

 

 


O observatório ecopolítica é uma publicação quinzenal do nu-sol aberta a colaboradores. Resulta do Projeto Temático FAPESP – Ecopolítica: governamentalidade planetária, novas institucionalizações e resistências na sociedade de controle. Produz cartografias do governo do planeta a partir de quatro fluxos: meio ambiente, segurança, direitos e penalização a céu aberto. observa.ecopolitica@pucsp.br

 

 

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