Informática para idosos com Gisnelli Mincache
Trocamos uma rápida ideia com Gisnelli Bataglia Mincache, professora da disciplina optativa do curso da Universidade Aberta à Maturidade - Iniciação à Informática. O objetivo foi apresentar um pouco de suas ideias e responder a algumas curiosidades sobre o seu interesse pela terceira idade e, ainda mais, ensinar informática para essa faixa etária.
Jornal Maturidades – Em que momento resolveu seguir como professora de tecnologias?
Gisnelli Bataglia Mincache – Trabalhava na empresa MICROCAMP na década de 80, precisamente em 1984, como divulgadora dos cursos de informática que eram ofertados no momento. Estávamos prestes a vivenciar a era do WINDOWS, pois estava sendo lançada a plataforma gráfica Windows 95. A partir daí me interessei por ensinar.
JM – Qual a sua relação com a terceira idade? Quando começou o seu interesse e resolveu trabalhar com essa faixa etária?
Gisnelli – Em 1998 comecei a lecionar informática em alguns projetos sociais do Serviço Social da Prefeitura de São Bernardo do Campo. No início de 1999 presenciei a entrada de algumas pessoas mais velhas em um laboratório de informática. Fiquei encantada com aquela cena, procurei o coordenador dos cursos e o mesmo me informou que se tratava da FATI – Faculdade Aberta à Terceira Idade. Demonstrei o profundo interesse que senti por lecionar para este público e em agosto do mesmo ano comecei com essa atividade. Fiquei neste projeto por 14 anos.
JM – Os idosos buscam informações sobre novas tecnologias? Isso já é fato?
Gisnelli – Sim, há alguns anos. Atualmente as novas tecnologias atraem todas as faixas etárias.
JM – Qual importância da informática na vida dos idosos? O que pode proporcionar a eles?
Gisnelli – É tão importante na vida dos idosos como na vida de qualquer outra faixa etária, pois facilita a comunicação entre familiares e amigos, acesso a bancos, a serviços. Cada vez mais são ofertados aplicativos que facilitam a vida de todos e, com a aprendizagem, afirmo que os idosos se EMPODERAM destas tecnologias.
JM – Qual a principal dificuldade do idoso quanto às novas tecnologias? Quanto tempo é preciso para que o idoso consiga adquirir os conhecimentos necessários para a utilização diária?
Gisnelli – Antes da dificuldade é necessário falar da resistência que o idoso tem ao “novo”; essa resistência vem acompanhada de um “certo” medo, ou seja, medo de não conseguir aprender. Vencidas a resistência e o medo, enfrentamos o desconforto mediante as novas tecnologias. Depois de passarmos por estas barreiras chegamos às dificuldades – estas vão sendo vencidas por etapas – pois há a necessidade de desmistificar o novo e acessá-lo.
Depende de cada pessoa e no investimento intelectual que se dispõe a fazer – o quanto de tempo e treino será dedicado às novas tarefas.
JM – Como desenvolve seu trabalho na UAM-PUCSP?
Gisnelli – Através de aulas teóricas e práticas.
JM – A quais tecnologias se refere nas suas aulas?
Gisnelli – Computadores, Notebooks, All-In-One, Híbridos e Surface; iPHONEs, Smatphones e pHABLETs; iPAD e Tablets e seus respectivos sistemas operacionais.
JM – Os idosos – alunos do curso – possuem as tecnologias em suas residências e utilizam para estudos?
Gisnelli – Quando falamos de computadores, sim, mas os smartphones ainda geram resistências de alguns que querem continuar utilizando o bom e velho celular. É importante esclarecer que as tecnologias em casa não se restringem a essas duas tecnologias. Temos hoje as tvs smart e as conexões com os provedores de Internet que se tornam ultrapassados em suas franquias, levando o idoso a manter altos custos com estas empresas por falta de orientação técnica.
JM – Alguma tecnologia é especial / recomendada ao idoso?
Gisnelli – Todas, inclusive videogames.
JM – Qual foi o tema de seu mestrado na PUC-SP e o que desenvolveu em termos de pesquisa?
Gisnelli – O tema foi “AVA - Ambiente Virtual de Aprendizagem”. O trabalho surgiu das demandas colocadas pelas pessoas acima de 60 anos, usuários da Internet, quando questionados sobre os conteúdos que um ambiente virtual deveria conter no Projeto “Atenção à Saúde e Qualidade de Vida dos Idosos”, realizado por pesquisadores da Universidade Católica de Brasília (UCB) e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). A partir de então foram elaborados conteúdos, os quais foram implementados em ambientes virtuais amigáveis aos idosos, que passaram a interagir por meio de um curso virtual. Além da intervenção de um programa de educação virtual, mediu-se a qualidade de vida dos idosos antes e após a realização do curso. Este trabalho, realizado com 33 pessoas idosas apresenta as etapas de criação, implementação, desenvolvimento e análise do Curso Avançado de Aquisição de Novas Linguagens e Navegação para Idosos. O curso, por sua vez, capacitou pessoas idosas para a utilização dos recursos oferecidos pela Internet, desenvolvendo sua competência no uso tecnológico e habilitando-os para o exercício de sua cidadania, tendo em vista suas práticas cotidianas e sua qualidade de vida, nas dimensões física, psicológica, social e ambiental. O curso, com conteúdos de interesse dos idosos, multidisciplinar, mostrou a prática do conceito de Educação a Distância e seu resultado sugere que esse tipo de intervenção favorece, além da inclusão digital, o exercício da cidadania e a educação em saúde em ambiente virtual.
JM – E, para concluir, como é seu dia a dia no que diz respeito ao uso das tecnologias disponíveis hoje no mercado?
Gisnelli – Faço uso de várias tecnologias em meu cotidiano, que são as mesmas que apresento aos alunos.
Agradecemos imensamente a participação da Profª Me. Gisnelli Bataglia Mincache nesta rápida conversa, mas esclarecedora.
Equipe Jornal Maturidades
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