Resumo: O tema da adolescência autora de ato infracional tem estado presente tanto nas discussões do corpo científico quanto por parte da mídia, sociedade civil e das políticas públicas, representando hoje uma grande problemática no contexto social brasileiro. Apesar de uma significativa bibliografia sobre o tema, raras pesquisas se dedicaram a analisar a dimensão da afetividade da adolescência autora de ato infracional. Desta forma, o objetivo da presente pesquisa é fazer uma análise psicossocial da experiência afetiva de adolescentes inseridos no tráfico de drogas. Este objetivo perspectiva ir de encontro aos estigmas e descaracterização da humanidade destes adolescentes, a partir da crítica das visões naturalizantes e simplistas que reduzem a complexidade do tema. Tendo como base a teoria das emoções de Vigotski e a filosofia de Espinosa. A pesquisa foi realizada com 3 adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em meio-aberto (Liberdade Assistida e Prestação de Serviços a Comunidade). A metodologia utilizada foi a pesquisa-ação-participante, sendo os procedimentos adotados a formação de um cineclube nos encontros grupais, e o ensaio fotográfico, nos individuais. Os dados nos mostraram os sofrimentos vivenciados pelos adolescentes, bem como a clandestinização dos afetos a partir da inserção no tráfico de drogas. Também foi possível analisar como o tráfico de drogas possui uma gestão dos afetos, a partir das paixões tristes, como a raiva e o ódio. No entanto, o afeto também emergiu como potência de transformação, constituindo um espaço de reflexão acerca do mundo do crime . As discussões finalizam no compartilhamento da experiência de campo e na reflexão acerca da importância dos afetos na intervenção psicossocial.
Palavras Chaves: Adolescentes infratores, Afeto, Tráfico de drogas, Psicologia