Resumo: A pesquisa acompanha um coletivo transfeminista da cidade de Blumenau/SC - Damas D`Paus - com o objetivo de analisar sua formação e desenvolvimento na interface com a história de vida de suas integrantes e com o território. O método adotado foi da pesquisa ação-participante, portanto, foi desenvolvida com as integrantes do coletivo: Ághata, Rihanna e Ashley, as quais junto com a pesquisadora, interferiram no processo, visando o fortalecimento do coletivo. Todos os passos da pesquisa foram registrados em um diário de campo, complementado por depoimentos e entrevistas das três integrantes do coletivo. Os pressupostos teórico-metodológicos são os da psicologia sócio-histórica, com base nas reflexões de Vigotski, Silvia Lane e Sawaia sobre afetos, subjetividade e a proposta da dialética exclusão/inclusão social e sofrimento ético-político desenvolvidos por essa última. A apresentação da pesquisa foi dividida em duas partes: Itinerários do Coletivo Transfeminista Damas D’Paus, que apresenta as atividades das integrantes no território, seus interlocutores, avanços e obstáculos, com ênfase tanto no coletivo como em suas integrantes. E a outra parte busca analisar o sofrimento ético-político que marca as vivências trans e travestis do coletivo em questão. Um dos pontos altos do itinerário foi a criação do projeto Cidadania T, visando desenvolver ações de inclusão social realizadas pelas próprias integrantes, e a candidatura à deputada estadual de uma das integrantes na eleição passada. A metodologia da pesquisa ação-participante apareceu como uma alternativa para a prática em psicologia social com coletivos de pessoas transexuais e travestis para romper com as essencializações de corpos femininos e masculinos e seu papel de subalternidade a conhecimentos extemporâneos. No presente caso, ela colaborou tanto para o fortalecimento do coletivo e da potência de cada uma de suas participantes na luta contra as ideias e ações inadequadas que são perpetradas socialmente, demonstrando que uma não ocorre sem a outra. Como resultado pode-se apontar para a importância do coletivo (do sentimento e da materialidade do comum que o constitui) e do papel da universidade no fortalecimento da emancipação do destino que a sociedade lhes reserva: a prostituição, e no rompimento com os padrões estéticos impostos a partir da heteronormatividade, utilizando da performance social como estratégia em busca da potencialização de vida. No entanto, cabe ressaltar que a pesquisa mostrou também que o fator da desigualdade social e econômica atravessa a passabilidade cis para a conquista de um emprego.
Palavras Chaves: Coletivo transfeminista, Travestis, Psicologia Social, Afeto, Sofrimento ético-polítivo.