Resumo: O tema da moral percorre diferentes questões atuais e aparece como um conceito pouco aprofundado. Esta pesquisa visa ampliar sua pertinência adentro dos processos de exclusão social, de forma a compreendê-lo na sua complexidade e contraditoriedade, inclusive a sua transmutação em inclusão social. Aborda-se aqui a dialética exclusão/inclusão perversa, a fim de reafirmar seu caráter contraditório e ambíguo. Através da perspectiva Sócio-Histórica da Psicologia Social, admite-se a moral como um processo histórico e cultual, utilizando Vigotski como principal referência teórica para nortear a compreensão da dialética entre objetividade e subjetividade. Desta forma, o objetivo desta pesquisa é fazer uma análise psicossocial sobre a presença da moral em processos de exclusão/inclusão perversa, acentuando, assim, a importância dos afetos para atingir tal dimensão. A pesquisa teve como escopo a 31ª Bienal, que apresentou diferentes formas de inclusão excludente, além de contribuir para dar voz a uma urgência por transformação social. Dentre as questões polemicas abordadas pela Bienal, destacou-se obras de temáticas relacionadas a sexualidade e gênero, para se pensar acerca de uma norma heteronomatizante que promove valores cristalizados e morais. Além da observação da exposição, foram entrevistados curadores desta Bienal e um artista brasileiro que realiza um street-art em Paris, a fim de provocar a moral parisiense com obras que retratam drag-queens e suscitam uma discussão de gênero próxima a que a teoria queer propõe. Os dados destas entrevistas mostraram a arte como uma forma de se entrelaçar ao processo histórico e cultural de um tempo, dando visibilidade a situações de marginalização e desigualdade e a moral. Esta pesquisa, deste modo, também abordou a arte como um instrumento social das emoções, tendo como base as considerações de Vigotski em Psicologia da Arte. Abordou-se nestas entrevistas sobre um possível potencial da arte enquanto transgressora, de forma a percebê-la como uma forma possível de provocar e contribuir para uma transformação social. Percebeu-se uma possibilidade de a arte existir como transgressão, mas não como um dever, imperativo. Pode-se notar que não se poderia atribuir uma responsabilidade ética e transgressora da arte, mas, sim, de potencializar um olhar individual e coletivo para transformações
Palavras Chaves: Moral, Dialética exclusão/inclusão, Sofrimento ético-político