PURIN, Gláucia Tais. Implicações psicossociais da participação de estudantes no movimento secundarista autônomo de São Paulo. Tese (Doutorado em Psicologia: Psicologia Social) - Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia: Psicologia Social, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

 

Resumo: : O presente trabalho trata da temática da resistência, violências e sofrimentos de estudantes secundaristas que participaram do Movimento Secundarista Autônomo de São Paulo. Teve como objetivo analisar as implicações psicossociais da participação de estudantes paulistas no movimento secundarista autônomo de São Paulo, após as ocupações em 2015. Essa pesquisa apresenta a sua relevância social ancorada em 4 elementos complementares: registro do fenômeno investigado; visibilidade da população violentada; denúncia científico-política e nos possíveis subsídios teóricos e práticos relacionadas ao tema central. O método utilizado foi a pesquisa participante, realizada durante 3 anos com acompanhamento das atividades dos secundaristas, em: assembleias, reuniões, manifestações de rua, audiências públicas, aulas públicas, simpósio em congresso, momentos de socialização e descontração, todos registrados em diário de campo. Também foram realizadas entrevistas individuais com três participantes do movimento secundarista. O referencial teórico utilizado é o da psicologia sócio-histórica, com base nas reflexões de Vigotski e Lane sobre a compreensão da subjetividade, Espinosa sobre a compreensão dos afetos, e Sawaia sobre a proposta da dialética exclusão/inclusão social e sofrimento ético-político. Foi possível analisar que os estudantes vivenciam a dialética exclusão/inclusão social e o sofrimento ético-político, cotidianamente e sutilmente, pelas desigualdades e violências impostas a eles. Após as ocupações os secundaristas passaram a sofrer mais frequentemente e intensamente as violências policiais e violências no ambiente escolar, passando a ser agredidos, vigiados, humilhados, desprezados, desqualificados, ridicularizados, perseguidos politicamente, deslegitimados, e criminalizados. Mas, ao mesmo tempo, também experienciam um sentimento de comum e esperança/utopia que os motivou a agir com os outros e enfrentar as formas de servidão e superstição. No MSA-SP tiveram bons encontros que aumentaram sua potência de ação. Experienciaram a dignidade, respeito, valorização, cooperação, e a legitimidade para pensar, decidir e agir coletivamente nas ações.

Palavras chaves: Jovens; Movimento Secundarista; Sofrimento Ético-Político; Violências; Psicologia Social.