Resumo:Esta pesquisa está vinculada ao Núcleo de Estudos Psicossociais da Exclusão Inclusão (NEXIN) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e tem como objeto de estudo os significados de prostituição infantil e juvenil (PIJ) contidos nos discursos de depoentes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que pretendeu apurar responsabilidades pela exploração e prostituição infanto-juvenil . De acordo com os objetivos da pesquisa, foram selecionados para a análise 41 dos 102 depoimentos registrados nas notas taquigráficas da CPI. A análise teve como referencial as reflexões de Vygostsky sobre linguagem, as pesquisas realizadas pelo NEXIN que discutem a dialética exclusão inclusão e dialogou com a proposta de Thompson sobre ideologia. O levantamento bibliográfico mostrou a fragilidade do conhecimento nessa área, o esforço em comprovar e construir o perfil da PIJ, a pouca ênfase nos estudos psicossociais e a presença de um discurso ideológico que exclui e marginaliza crianças/adolescentes e famílias pobres. A análise dos depoimentos revela a multiplicidade de concepções de infância, adolescência, sexualidade, prostituição, família etc., sendo possível, por meio da análise do subtexto, detectar um movimento que acusa, estigmatiza e tenta moralizar principalmente pela regulação da sexualidade e pelo trabalho a infância/adolescência pobre brasileira. Elementos do discurso permitem ainda compreender como a criança/adolescente pobre é incluída na ordem social de uma forma perversa, geradora de sentimentos de culpa individual ou familiar pela exclusão, e também como os significados atribuídos à PIJ refletem a dimensão ético-política dessa sociedade desigual, cujas estruturas sociais são marcadas por graves tensões.
Palavras Chaves: Comissão Parlamentar de Inquérito, sexualidade infantil, sexualidade juvenil, Prostituicao juvenil – Brasil.