É hora de lavar os olhos para ver a nossa realidade. É hora de passar o Brasil a limpo, para que o povão tenha vez. No dia em que todo brasileiro comer todo o dia, quando toda criança tiver o primeiro grau completo, quando cada homem e mulher encontrar um emprego estável em que possa progredir, se edificará aqui a civilização mais bela deste mundo. É tão fácil; estendendo os braços no tempo, sinto na ponta dos dedos esta utopiazinha nossa se realizando.
A PUC-SP, alinhada às práticas e orientações de sua mantenedora, no que diz respeito à adoção de ações baseadas nos princípios de preservação ambiental, de promoção social e de governança justa e eficiente, adota como tema da Recepção dos(as) Novos(as) Estudantes de 2025, o lema “Universidade necessária: caminhos à cidadania, excelência e pertencimento”.
Esse tema visa a aproximar mais a PUC-SP dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, que já foi tema de nossa recepção de alunos em 2023, bem como da temática da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, COP30, que ocorrerá no Brasil em 2025, e dos objetivos da encíclica Laudato si’, que completa 10 anos também em 2025, e permanece mais atual do que nunca, com o questionamento do Papa Francisco sobre o desenvolvimento irresponsável de muitas nações e sobre consumo global exacerbado, que vêm agravando as mudanças climáticas e vitimizando milhares de pessoas no mundo.
A PUC-SP, que tem como marca o comprometimento com a sociedade, especialmente, em termos de produção científica, busca ser a "Universidade necessária", a luz do saudoso Darcy Ribeiro, que propôs esse conceito com vistas a criação de uma universidade brasileira promotora de transformação social, voltada às necessidades reais da sociedade e integrada aos desafios do desenvolvimento nacional.
Para Darcy Ribeiro, a universidade deve ir além da simples reprodução de conhecimento teórico, deve comprometer-se com a formação de profissionais críticos e com uma produção de conhecimento voltada a solucionar os problemas do Brasil, como a pobreza, a desigualdade e o subdesenvolvimento.
Ele acreditava que a universidade deveria formar cidadãos conscientes de sua realidade social e capacitados a agir em favor do bem coletivo, em vez de apenas seguir modelos europeus ou norte-americanos. Em sua visão, a "universidade necessária" é aquela que trabalha em parceria com as demandas populares, priorizando pesquisa e ensino voltados para a realidade nacional e promovendo a integração entre ciência, cultura e tecnologia com foco em transformar o Brasil.
Acreditando nesse propósito, a PUC-SP recebe seus(uas) novos(as) estudantes e a sua comunidade universitária convidando-os a pensarem em caminhos à cidadania, excelência e pertencimento, dentro das perspectivas das mudanças climáticas e seus impactos presentes, onde a justiça climática precisa ser vista como fator urgente para a preservação da vida.
Conhecendo DARCY RIBEIRO
BIO
Darcy Ribeiro nasceu em Montes Claros, Minas Gerais, em 26 de outubro de 1922. Em 1939, mudou-se para Belo Horizonte e ingressou na Faculdade de Medicina. Adiante, em 1942, abandonou o curso de Medicina e se mudou para São Paulo, onde passou a cursar Ciências Sociais na USP. O intelectual se formou em Antropologia pela Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo em 1946.
Foi responsável por planejar o Museu do Índio, inaugurado em 1953. O museu, localizado no Rio de Janeiro, é reconhecido pela Unesco como o primeiro no mundo a difundir a cultura indígena de forma a combater o preconceito. Em 1959, Darcy foi encarregado pelo presidente Juscelino Kubitschek de planejar a Universidade de Brasília, onde exerceu a função de primeiro Reitor em 1961.
Após o golpe militar, em 1964, Darcy Ribeiro se exilou no Uruguai e teve os direitos políticos cassados pelo AI-1. Seus gestos de contribuição social e institucional, nesse momento, se estenderam a outros países da América Latina. No Uruguai, atuou como professor da Universidad de la Republica e participou da reforma e da fundação de universidades locais.
O reconhecimento mundial da contribuição de Darcy Ribeiro é contínuo, permanente. Em 1979, foi anistiado, retornou ao Brasil e tornou-se professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Darcy foi autor de diversas publicações, como Uirá sai à procura de Deus (1957), obra de ficção baseada na vida indígena, La universidad necessaria (1967), Configurações histórico-culturais dos povos americanos (1962), UnB: invenção e descaminho (1978), Nossa escola é uma calamidade (1984) e O povo brasileiro (1995).
Darcy morreu em Brasília no dia 17 de fevereiro de 1997. Seu corpo foi sepultado no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro.
Por que “universidade necessária”?
Durante seu trabalho na educação e na idealização da Universidade de Brasília, Darcy Ribeiro buscou destacar a Universidade como um instrumento de transformação social, um lugar de inovação, de comunidade, interdisciplinaridade, diversidade e pertencimento.
Darcy questionava “para quem e para que existe a universidade?”, ou seja, qual é o papel dela na sociedade. Para ele, a Universidade Necessária se dá pela compreensão de que o papel das Instituições de Ensino Superior é algo que está em constante transformação e que deve, de tempos em tempos, ser questionado e repensado.
Isso também deve acontecer na relação entre as universidades, bem como com as sociedades em que estão inseridas. A Universidade Brasileira deve lutar pelo progresso do país, de dentro para fora. “Ao prestar serviços à população, por exemplo, a universidade tenta contribuir para que o país progrida, buscando condições mínimas de (sobre) vivência para a sua sociedade” (Oliveira, 2022, p. 64).
É a Universidade o palco vocacionado para o máximo desenvolvimento criativo dos indivíduos e da sociedade, sempre relacionado à diferença, à mudança e à transformação. “As universidades que se antecipam, na medida do possível, às transformações sociais podem converter-se em instrumento de superação do atraso nacional”.
Nesse contexto, a PUC-SP se firma como uma Universidade pautada na formação humanista, que se consolida como um ambiente rico e multidisciplinar, que valoriza a diversidade, em todas as suas dimensões, como parte essencial de sua excelência acadêmica.
A PUC-SP, para além de ser um centro de vanguarda na formação de profissionais, é um lugar que contribui para a construção da essência humana, a partir das próprias pessoas, pensando diuturnamente na sociedade, promovendo o surgimento de inovações científicas voltadas ao bem-estar humano e social.
A PUC-SP é muito mais, é onde vidas se transformam.
Referências:
RIBEIRO, Darcy. A universidade necessária. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1969.
RIBEIRO, Darcy. Universidade para quê? Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1986.
CAMARGO, Murilo Silva de et al. Darcy Ribeiro e a UnB: a universidade necessária no século XXI. Editora Universidade de Brasília, 2022.
Saiba mais
Diálogos Impertinentes - A UTOPIA
- "Se o conceito de utopia, em séculos passados, já definiu o projeto de sociedades perfeitas, hoje precisa se contentar com conteúdos bem mais modestos: um projeto político para resolver questões atuais ou o afastamento do mundo, em direção à literatura e à filosofia.
Foram estas as possibilidades encontradas no debate entre o antropólogo, escritor e senador Darcy Ribeiro (PDT-RJ) e o psicanalista e escritor Rubem Alves, no dia 29/08 de 1995".
A universidade necessária: um diálogo com Darcy Ribeiro
- A série “Diálogos com Darcy Ribeiro: Educação e Democracia” é parte integrante da obra produzida pelo Grupo de Pesquisa – Diálogo: um processo pedagógico transversal do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu da Universidade Católica de Brasília - UCB.
Entrevistada: Edney Gomes Raminho . Organizadores da obra e série: Luiz Síveres; Joaquim Alberto Andrade Silva; Idalberto José das Neves Júnior . Apoio: UNBTV - Canal Universitário de Brasília; Fundação Darcy Ribeiro; FAPDF - Fundo de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal; Produção: Design Mídia Publicidade. Realização: Universidade Católica de Brasília - UCB
Especial Darcy Ribeiro 100 anos [Rede Minas Memória]
- Para comemorar o centenário de Darcy Ribeiro, o Rede Minas Memória traz um especial com uma série de participações do antropólogo, historiador, sociólogo, escritor e político brasileiro. Mineiro de Montes Claros, foi um dos maiores intelectuais do Brasil no século 20 e era um apaixonado pela educação e pela questão indígena. Nessa edição do Rede Minas Memória, confira trechos de participações de Darcy Ribeiro na programação da emissora mineira. Ele comenta os desafios que enfrentou durante a vida, fala sobre suas obras literárias, além de compartilhar a sua reconhecida visão sobre a estrutura escolar brasileira, tomando como exemplo os Centros Integrados de Educação Pública (CIEP). "[A nossa escola] não se adaptou à sua verdadeira clientela. A sua clientela em 80% é de classe popular, mas ela está preparada é para receber o menino de classe média, que tem uma casa onde estudar." Trechos dos programas: "Entrevista", "Agenda", "Gente Revista semanal de cultura" e "Jornal Minas".
Roda Viva | Darcy Ribeiro | 1995
No centro do Roda Viva, em 1995, o escritor, antropólogo, pedagogo e político Darcy Ribeiro, um dos mais importantes intelectuais brasileiros. O programa relembra quando Darcy Ribeiro lançava dois novos livros: 'O povo brasileiro' e 'O Brasil como problema'. Para entrevistá-lo foram convidados o jornalista Zuenir Ventura, que é repórter do Jornal do Brasil; a socióloga Maria Victoria Benevides, que é professora da USP; o comentarista da Rede Cultura e diretor da revista Placar, Juca Kfouri; o jornalista Marcos Augusto Gonçalves, que é editor de domingo da Folha de S. Paulo; o colunista de O Estado de S. Paulo José Castello e o jornalista Ricardo Noblat, diretor de redação do Correio Braziliense.
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