3º ENCONTRO SOBRE O PRAGMATISMO
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA DA PUCSP
PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS GRADUADOS EM FILOSOFIA
06, 07 e 08 DE NOVEMBRO / 1999 - 19h30 min – PUC-SP , Auditórios 333 e 134
1ª SESSÃO – 2ª FEIRA – DIA 06– Auditório 333
PRAGMATISM AND THE SECRET SELF
Profª Drª Karen Hanson - Departament of Philosophy/ Indian University
UMA ABORDAGEM SOBRE O SER E O APARECER NO ESTOICISMO ANTIGO
Profª Drª Rachel G. de Andrade - Departamento de Filosofia / PUCSP
A SEDUÇÃO FENOMENOLÓGICA - SOBRE SER E APARECER NA FILISOFIA DE PEIRCE
Prof. Dr. Ivo Assad Ibri - Departamento de Filosofia / PUCSP
2ºSESSÃO - 3º FEIRA - DIA 07 - Auditório 333
PRAGMARISM AND NATURALISM: AN INEVITABLE CONJUNCTION?
Prof. Dr. Dvid C. Lamverth - Divinity School/ Harvard University
PROSPECTS FOR A PEIRCEAN PHILOSOPHY OG RELIGION
Prof. Dr. Robert Cummings Neivill - Departament of Philosophy/ Boston University
A COMUNICAÇÃP EM UMA VISÃO PRAGMATICISTA
Prof. Dr. Lauro Frederico Barbosa da Silveira - Departamento de Filosofia/ UNESP - Marília
3° SESSÃO- 4º FEIRA - DIA 8 - Auditório 134
INQUIRY AND EXPERIENCE IN THE PRAGMATIC TRADITION
Prof.Dr.Dennis M.Senchuk - Departament of Philosophy/Indiana University
HUMANISMO E PRAGMATISMO: BERGSON LEITOR DE WILLIAM JAMES
Prof.Dr.Franklin Leopoldo e Silva - Departamento de Filosofia/USP
CORPO, ESTÉTICA, PRAGMATISMO
Prof.Dr.Helena Katz - Comunicação e Semiótica / PUCSP
COORDENAÇÃO DO EVENTO: Profs.Drs. Ivo Assad Obri e Edélcio Gonçalves de Solza
INFORMAÇÕES: fone 11-3670 84 17 com Joice
APOIO: BANESPA E PALAS ATHENA
3º ENCONTRO SOBRE O PRAGMATISMO
RESUMOS DAS PALESTRAS
1ª SESSÃO – DIA 6 DE NOVEMBRO / SALA 333 – 19H30MIN
PRAGMATISM AND THE SECRET SELF
Prof. Dr. Karen Hanson - Department of Philosophy of Indiana University
ABSTRACT
Can pragmatism account for the private aspect of the self? The classical pragmatists - Peirce, James, Mead, and Dewey - mount various attacks on the Cartesian view of the self, and they offer varied and attractive positive accounts of the person. But does pragmatism adequately acknowledge privacy or personal "inwardness"? I explore here the pragmatic picture of the self, drawing on all the classical sources, and I assess the adequacy of pragmatic resources for describing and explaining the puzzles of personal privacy.
RESUMO
Pode o pragmatismo dar conta do aspecto privado do self? Os pragmatistas clássicos - Peirce, James, Mead e Dewey – desferem diversos ataques à visão cartesiana do self, e oferecem versões positivas, variadas e atrativas da pessoa. Mas pode o pragmatismo adequadamente reconhecer a privacidade ou a ´interioridade` pessoal? Eu exploro aqui a figura pragmática do self, bebendo em todas as fontes clássicas, e avalio a adequação dos recursos pragmáticos para descrever e explicar os quebra-cabeças da privacidade pessoal.
UMA ABORDAGEM SOBRE O SER E O APARECER NO ESTOICISMO ANTIGO
Profª Dra. Rachel Gazolla - Departamento de Filosofia – PUC/SP
RESUMO
Este trabalho, inspirado numa leitura ontológica do Pragmatismo em que a totalidade do ser se perfaz na totalidade de seu aparecer, aborda temática similar no âmbito da filosofia antiga.
Os estóicos antigos expuseram um pensamento sobre a phýsis que nós, modernos, nomearíamos metafísico. Afirmando a Natureza como o verdadeiro e divino Ser, assumiram as dificuldades e possíveis paradoxos provenientes da relação do homem com a natureza sendo ele mesmo, também, natureza e, ao mesmo tempo, aquele que a interpreta e modifica através de seu pensamentos, palavras e ações. Seguir alguns fragmentos dessa filosofia helenística para esclarecer ângulos dessa problemática do Ser e do que aparece (fenômeno), é o que se pretende nesta exposição.
A SEDUÇÃO FENOMENOLÓGICA – SOBRE SER E APARECER NA FILOSOFIA DE PEIRCE
Prof. Dr. Ivo Assad Ibri - Departamento de Filosofia / PUCSP
A Fenomenologia ou Faneroscopia, para C. S. Peirce, é uma ciência daquilo que aparece à experiência e, segundo o autor, trata-se da primeira das ciências da Filosofia. Nela são fundadas três categorias que classificam não apenas as aparências mas, também, no âmbito da Ontologia, considerará o modo de ser da realidade. Peirce cognomina a Fenomenologia de ingênua ou seja, uma ciência que independente da Lógica e, por isso, é meramente conjectural. Procuraremos mostrar, neste trabalho, que, ao contrário, ela é uma ciência sedutora, nada ingênua, que anuncia em si mesma a inscrição do ser enquanto totalidade do aparecer, configurando, na Filosofia de Peirce, uma vez mais o método do Pragmatismo na construção do significado das teorias.
3º Encontro sobre o Pragmatismo 2
2ª SESSÃO : DIA 07 DE NOVEMBRO / SALA 333 – 19H30MIN
PRAGMATISM AND NATURALISM: AN INEVITABLE CONJUNCTION?
Prof. Dr. David C. Lamberth - Department of Theology of Harvard University
ABSTRACT
Since the work of John Dewey it has been a common assumption that pragmatism in its most general sense implies a fundamental commitment to naturalism. However, late in his career William James regarded both scientific naturalism and numerous versions of supernaturalism as contrary to what a pragmatic outlook mandates. In this paper, through an exploration of both Dewey and James on the subject of naturalism and supernaturalism, I argue that a thorough-going pragmatic perspective requires moving beyond the overly limited and mutually implicative positions of both naturalism and supernaturalism. In the final sections of the paper, I turn to several contemporary figures - Rorty, Davidson, and McDowell - to assess the significance of this insight in contemporary philosophy.
RESUMO
Desde a obra de John Dewey, tem sido uma suposição comum que o pragmatismo, em seu sentido mais amplo, implica um compromisso fundamental com o naturalismo. Entretanto, numa fase já avançada de sua carreira, William James considerava tanto o naturalismo científico quanto as numerosas versões do supernaturalismo como sendo contrários àquilo que um ponto de vista pragmático implica. Neste artigo, através da abordagem das obras de Dewey e James em relação ao naturalismo e ao supernaturalismo, defendo que uma verdadeira perspectiva pragmática exige que nos desloquemos para além das posições totalmente limitadas e mutuamente implicativas do naturalismo e do supernaturalismo. Nas seções finais do artigo, volto-me para algumas figuras contemporâneas – Rorty, Davidson e McDowell – para determinar o significado deste insight na filosofia contemporânea.
PROSPECTS FOR A PEIRCEAN PHILOSOPHY OF RELIGION
Prof. Dr. Robert Cummings Neville - Department of Philosophy of Boston University
ABSTRACT
The classical North American pragmatists were intrigued by religion and devout in varying ways, all of which were compatible with a secularist outlook. Peirce is the most fruitful to pursue because of the analytical usefulness of his semiotics for interpreting religious symbols. First, his theory shows that symbols make possible and guide engagement with the divine, rather than substitute for it. Second, his theory distinguishes meaning from reference and interpretation, each of which opens new ways to think about religious engagement. A theory of religious symbols can be developed from his theory of meaning that highlights their mutual correction and resonance rather than logical coherence. A theory of indexical reference can be developed that shows how symbols are true or false depending on the causal relations established by the index between the object and the interpreter. A theory of contextual purpose for interpretation can show how symbols that are true in one context are false in another. Peirce's theory can be supplemented by a discussion of those persons for whom the symbols actually engage the divine and those for whom they do not. These developments open new approaches to understanding religious belief as part of practice, an old pragmatic theme, with doctrines reinterpreted in terms of symbolic engagement.
RESUMO
Os pragmatistas norte-americanos clássicos eram intrigados com a religião, e devotos de diferentes maneiras, todas elas compatíveis com uma visão secularista. Peirce é o mais frutífero a ser seguido, por causa da utilidade analítica de sua semiótica para interpretar símbolos religiosos. Em primeiro lugar, sua teoria mostra que os símbolos guiam e tornam possível o engajamento com o divino, em vez de funcionarem como seus substitutos. Em segundo lugar, sua teoria distingue significado de referência e interpretação, de forma que cada conceito abre novos caminhos para pensarmos sobre o
Resumos das Palestras 3
engajamento religioso. Uma teoria dos símbolos religiosos pode ser desenvolvida a partir da teoria peirceana do significado, que sublinhe sua mútua correção e ressonância, mais do que sua coerência lógica. Uma teoria da referência através dos índices pode ser também desenvolvida, que mostre como os símbolos são verdadeiros ou falsos dependendo das relações causais estabelecidas pelo índice entre o objeto e o intérprete. Uma teoria do propósito contextual para a interpretação pode ainda mostrar como os símbolos que são verdadeiros em um contexto, são falsos em outro. A teoria de Peirce pode ser suplementada por uma discussão daquelas pessoas para quem os símbolos realmente engajam o divino, e aquelas para quem eles não o engajam. Estes desenvolvimentos abrem novas perspectivas para entendermos a crença religiosa como parte da prática, um antigo tema pragmatista, com as doutrinas reinterpretadas em termos de engajamento simbólico.
A COMUNICAÇÃO EM UMA VISÃO PRAGMATICISTA
Prof. Dr. Lauro Frederico Barbosa da Silveira - Departamento de Filosofia / UNESP-Marília
Sendo a semiose essencialmente dialógica, não se trata de por em questão seu caráter comunicativo, mas de se estabelecer as propriedades especialmente responsáveis pela comunicação. Necessariamente, a semiose deve constituir-se em sistema aberto que permita a produção de interpretantes. Também deve inserir-se em um universo conhecido de discurso correspondente a um domínio de experiência comum ao emitente e ao intérprete do signo. Antes de tudo, trata-se da construção de uma forma que moldando o signo, seja harmônica com objeto representado e com o interpretante determinante da conduta. A abertura requerida para a efetuação de um processo interpretativo, exige do signo que apresente uma margem de indeterminação a ser suprida na interpretação quer na vagueza quer na generalidade com que o objeto é representado.
3ª SESSÃO – DIA 8 DE NOVEMBRO / AUDITÓRIO 134 – 19H30MIN
INQUIRY AND EXPERIENCE IN THE PRAGMATIC TRADITION
Prof. Dr. Dennis M. Senchuk - Department of Philosophy of Indiana University
ABSTRACT
An exploration of some issues raised by Victorino Tejera's recent book, American Modern: The Path Not Taken, this paper considers the extent to which C.S. Peirce's philosophy may be regarded as a direct New World departure from Early Modern European Philosophy. After detailing some problems with upholding any sharp distinction between Cartesian and Peircean metaphilosophies, I conclude that Peirce may be credited, first, with a radical revision of the European Modern conception of experiences, with what might be called a semiotic view of them (as mediated by signs, fraught with inferential processes, and bound up with actions); and, second, with a distinctive, still compelling conception of scientific as well as philosophical inquiry. Turning next to the heir-apparent philosophizing of John Dewey, I note its more obvious affinities to Peirce's thinking but then emphasize that Dewey's own reconception of experience is a still more dramatic departure from the whole European Modern tradition. Experience, Dewey teaches us, is essentially active; it is never entirely passive. This lesson, which I take to be Dewey's single most valuable, philosophically most transformative insight, remains largely unlearnt by contemporary philosophers. I end the paper by suggesting that Dewey's conception of experience affords a formidable challenge to John McDowell's Peirce-friendly outlook in Mind and World.
RESUMO
Ao explorar algumas questões levantadas pelo recente livro de Victorino Tejera, American Modern: The Path Not Taken, este paper considera a extensão pela qual a filosofia de C. S. Peirce pode ser encarada como uma partida do Novo Mundo diretamente dos primórdios da Filosofia Européia 3
3º Encontro sobre o Pragmatismo 4
Moderna. Após detalhar alguns problemas, incluindo distinções entre as meta-filosofias cartesiana e peirceana, eu concluo que Peirce pode ser creditado, em primeiro lugar, com uma revisão radical do conceito europeu moderno de experiências, através do que podemos chamar de uma visão semiótica destes problemas (enquanto mediados por signos, enfrentados com processos inferenciais, e amarrados com ações); e, em segundo lugar, com um conceito distinto e poderoso de inquirição científica e filosófica. Voltando-me em seguida para o filosofar aparentemente herdado de John Dewey, eu percebo suas afinidades mais óbvias com o pensamento de Peirce, mas em seguida enfatizo que a própria re-concepção de experiência de Dewey é uma partida ainda mais dramática do conjunto da tradição européia moderna. A experiência, Dewey nos ensina, é essencialmente ativa; não é nunca inteiramente passiva. Esta lição, que eu considero ser o insight mais valioso e filosoficamente mais transformativo de Dewey, permanece amplamente não compreendido pelos filósofos contemporâneos. Eu termino este artigo sugerindo que o conceito de experiência de Dewey oferece um formidável desafio à perspectiva (próxima à de Peirce) de John McDowell em Mind and World.
HUMANISMO E PRAGMATISMO : BERGSON LEITOR DE WILLIAM JAMES
Prof. Dr. Franklin Leopoldo e Silva - Departamento de Filosofia USP
RESUMO
Entre o final do século XIX e o começo do século XX ocorreram no pensamento francês algo a que poderíamos chamar versões do pragmatismo. Duas merecem talvez menção especial: a filosofia da ação de Maurice Blondel e a teoria da inteligência de Bergson. Blondel renunciou expressamente, em 1908, a esse termo como denominação pertinente de sua filosofia, tendo em vista o significado prevalecente no pensamento anglo-saxão, que ele considerava contrário às suas intenções. Mas Bergson, embora não aplique o termo para designar a totalidade da sua filosofia, nunca deixou de reconhecer as suas afinidades com William James, notadamente no que concerne à noção de experiência. É este o aspecto que procuraremos elucidar: a interpretação bersoniana do pragmatismo de James como sendo a idéia mais radical da efetividade da experiência humana, tomada na sua totalidade, como sendo uma tentativa de superar a dicotomia imanência/transcendência. O pragmatismo se mostraria assim como a realização adequada do projeto humanista da modernidade.
CORPO, ESTÉTICA, PRAGMATISMO
Profª Drª Helena Katz - Comunicação e Semiótica – PUC-SP
RESUMO
O conceito de «embodiment» formulado por alguns cientistas cognitivos (Port&Van Gelder, 1995; Clark, 1996,1998; Thelen&Smith, 1995, 1998; Lakoff&Johnson, 1999; Gazzaniga, 2000) favorece o entendimento do corpo fora do dualismo cartesiano. A possibilidade de tratar a mente como algo «carnificado» abre caminho para que se pense o corpo como um modelo básico de comunicação. As proposições de Charles Sanders Peirce de que existe algo de estético em toda experiência e a de que lógica, ética e estética mantêm uma relação intrínseca, colaboram para que as questões da arte, especialmente as que se referem às artes do corpo, não sejam discutidas apenas como ações do homem no mundo, mas sobretudo como resultados co-evolutivos entre natureza e cultura. A própria noção de experiência entra em foco, trazendo consigo uma consonância com o Pragmatismo.
Nota: Serão distribuídas para o público, nos dias das respectivas palestras, as traduções para o português dos artigos cujos originais são em inglês.
COORDENAÇÃO DO EVENTO : Prof. Drs. Ivo Assad Ibri e Edélcio Gonçalves de Souza
INFORMAÇÕES : 11-3670 84 17 com Joice
APOIO : BANESPA E PALAS ATHENA
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