Fernanda
Carlos Borges
nandacarlos@uol.com.br
PUC - SP
A ÉTICA DA VINGANÇA NA FILOSOFIA DA DIFERENÇA DE OSWALD DE ANDRADE
RESUMO
Para Oswald de Andrade "a operação metafísica
que se liga ao rito antropofágico é a da transformação
do tabu em totem. Do valor oposto ao valor favorável" (ANDRADE.
1995, pg.101). Diferente dos ideais da civilidade, onde "há
qualquer coisa de coercitivo - ela pode exprimir-se em mandamentos e sentenças"
(ANDRADE. 1995, pg.158), coerção característica do
mundo "preso na rede da civilização alexandrina, que
conhece como ideal o homem teórico" (NIETZSCHE. 1996, pg.40).
Oswald pensa numa sociedade onde "quanto (...) mais nos aproximamos
da agricultura, e mais impressionante vai ficando o poder feminino (...)
os valores da vida vencem o fascínio da morte" (BADINTER. 1986,
pg.62). Mobilizada pela diferença, cuja expressão ética
é o direito de vingança: "o paganismo tupi e africano
subsiste como religião natural na alma dos convertidos, de cujo substrato
inconsciente faz parte o antigo direito de vingança na sociedade
tribal tupi"(ANDRADE. 1995, pg.17). Não pressupõe no
inimigo a insuficiência do bem (ignorância) ou o contrário
do bem (mentira), implicando no direito de defesa e de compreensão,
pois o antropófago "compreende a vida como devoração
e a simboliza no rito antropofágico, que é comunhão"(ANDRADE.
1995, pg.159). Podemos imaginar um "sistema fundado sobre a intercomunicação,
e não sobre a coerção, sistema policêntrico,
e não monocêntrico, (...) sistema que aumente suas capacidades
organizadoras, inventivas, evolutivas, com a diminuição das
suas restrições." (MORIN. 1973, pg.187) O qual Oswald
anunciava poder-se desenvolver "no matriarcado de Pindorama."
(ANDRADE. 1995, pg.50)
PALAVRAS-CHAVE:
Antropofagia, Vingança, Ética, Compreensão.
Centro de Estudos do Pragmatismo
Programa de Estudos Pós-Graduados em Filosofia
Departamento de Filosofia
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo