Mônica
Bernardo Schettini
monicas@estadao.com.br
POE, PEIRCE E O PRAGMATISMO
RESUMO
Edgar Allan Poe inicia um de seus mais célebres contos, "Os
Crimes da rua Morgue", afirmando que as condições mentais
consideradas analíticas, são, na verdade, dificilmente analisáveis.
E que nós as apreciamos somente através de seus efeitos. Aquilo
que o autor chama de faculdade analítica apresenta uma correspondência
fundamental com o modelo de raciocínio abdutivo. Nos dois casos temos
um movimento dos efeitos para as causas, dos fatos para uma teoria explicativa.
E, da mesma forma que Peirce liga o pragmatismo à abdução,
Poe parece incluir uma visão pragmática na faculdade analítica.
Ao propor que qualquer hipótese pode ser admissível, na ausência
de quaisquer razões em contrário, na medida em que possa ser
verificada experimentalmente, ou seja, que apresente conseqüências
práticas, Peirce atrela uma hipótese aos seus efeitos, conectando
o pragmatismo à adoção de uma hipótese. Poe
parece pensar de modo similar ao afirmar que a faculdade analítica
é mais bem apreendida através de seus efeitos. Nos dois casos
nota-se uma preocupação comum com as conseqüências
experienciais. Não se pretende, contudo, igualar os pragmatismos
de Poe e Peirce, principalmente se considerarmos a "Filosofia da Composição"
poeana, ensaio em que o autor afirma que os conceitos devem ser criados
para gerar determinados efeitos, ao passo que dentro da perspectiva peirceana,
o entendimento correto de um conceito envolve todos os seus possíveis
efeitos. Se a perspectiva dos dois autores não é de todo igualável,
também não se pode deixar de notar uma acentuada proximidade
a ser explorada ao longo desta comunicação.
PALAVRAS-CHAVE:
Poe, Peirce, Pragmatismo
Centro de Estudos do Pragmatismo
Programa de Estudos Pós-Graduados em Filosofia
Departamento de Filosofia
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo