Ramon
Capelle de Andrade
ramonunesp@yahoo.com.br
Sinomar Ferreira do Rio
sinorrio@yahoo.com.br
UNESP
DA DÚVIDA À CRENÇA: INVESTIGAÇÃO SOBRE O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DE HÁBITOS
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo analisar as relações
entre os efeitos produzidos por crenças [ou pelo ato de crer] e os
efeitos produzidos por dúvidas [dúvidas genuínas],
no que diz respeito ao processo de formação de hábitos
mentais. Conforme Peirce (1931-1958) nos indica, a mente é um sistema
dinâmico dotado da tendência à aquisição
de hábitos. Um hábito adquirido constitui-se como crença,
que, em geral, tem o poder de moldar, digamos assim, a ação;
a crença consiste em um hábito que, uma vez estabelecido em
nossa natureza, determina um curso possível [futuro] de ação.
A dúvida, por sua vez, como negação de uma crença,
provoca um estado incômodo do qual pretendemos escapar, e ipso
facto estimula a geração de novas hipóteses explicativas.
Gonzalez (2001), nesta mesma tessitura, aponta que a mente, ao experienciar
a quebra de hábitos consolidados, não descansará até
que um novo hábito seja estabelecido como substituto do hábito
anterior. Assim é que novos fatos são levados em conta, os
quais fornecem novas hipóteses à mente que procura restabelecer
um certa coerência ou harmonia no conjunto global de suas crenças.
Defender-se-á que a alternância entre os estados de dúvidas
e de crenças realizam-se em processos auto-organizados da vida mental
do sujeito cognitivo. Tais processos permitem, na medida em que o aqui
e agora da experiência não condiz com a expectativa
do sujeito, não apenas a alteração, mas sobretudo a
possibilidade de aquisição de novos hábitos; produzindo,
por conseguinte, estados cognitivos cada vez mais complexos.
PALAVRAS-CHAVE:
Crenças, Dúvidas, Hábitos Mentais, Sujeito Cognitivo,
Auto-organização.
Centro de Estudos do Pragmatismo
Programa de Estudos Pós-Graduados em Filosofia
Departamento de Filosofia
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo