Ricardo
Gião Bortolotti
Bortho@uol.com.br
Unesp
AS NOÇÕES DE ACTUALITER, DE HABITUALITER E DE VIRTUALITER NA TEORIA DO CONHECIMENTO DE C. S. PEIRCE
RESUMO
O propósito deste trabalho é apresentar algumas características
das noções de actualiter, de habitualiter e
de virtualiter no pensamento de Peirce. Tais noções,
familiares aos autores medievais, são utilizadas por Peirce para
caracterizar um processo cognitivo realista, aos moldes do pensamento de
Duns Scotus. Segundo Peirce, a cognição resume-se num processo
inferencial, cujo fundamento repousa na tríade sígnica, e
não mais na teoria tradicional e nominalista, a qual postula ser
aquela uma espécie de intuição. Isto significa que
participam numa mesma concepção três relata,
suficientes para a compreensão da realidade. O signo, elemento que
perfaz o pensamento, em sua generalidade, não consiste numa ficção
mental, e nem se esgota no evento particular, como defendiam os nominalistas.
Sua originalidade está em ser o elemento mediador da cadeia de pensamentos,
que toma o real como fonte de estímulos, interpretado na última
opinião da comunidade. Assim sendo, o processo cognitivo constitui
um contínuo em que se amalgamam o passado, o presente e o futuro,
ou o objeto, a qualidade e a lei. Para explicar, pois, a tecedura do real,
em seu dinamismo e temporalidade, Peirce faz uso das expressões acutualiter,
habitualiter e virtualiter. Com tais expressões, o autor
compreende modos de consciência, com os quais explica o processo cognitivo
e a realização progressiva dos ideais da Razão. Em
outros termos, o conhecimento refere-se à conduta, a qual se baseia
no controle e crítica das condições futuras dos eventos
(experimentos), enquanto estes poderão constituir a concretização
de propósitos subjacentes à Razão no universo.
PALAVRAS-CHAVE:
Cognição, Crença, Hábito, Ideal, Real, Signo.
Centro de Estudos do Pragmatismo
Programa de Estudos Pós-Graduados em Filosofia
Departamento de Filosofia
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo