Paulinelli, Regina. Experiências do comum em condomínios do Programa Minha Casa Minha Vida: os afetos que marcam os encontros. 2019. 182 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia: Psicologia Social) - Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia: Psicologia Social,
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2019.

 

Resumo: O objetivo deste trabalho é realizar a análise psicossocial dos afetos que marcam as experiências do Comum em três condomínios de habitações de interesse social, representados pelo Programa Minha Casa Minha Vida e situados no município de Guarulhos/São Paulo. Parte-se do pressuposto de que os condomínios são locais onde as pessoas afetam e são afetadas por encontros que podem ser potentes, no sentindo de criar um útil comum, de forma a experimentarem a potência da coletividade, emancipando-se. Por outro lado, esses encontros podem ser marcados por afetos tristes, levando-os às experiências de servidão. Os referenciais teóricos adotados baseiam-se na Psicologia Sócio-histórica, tendo Vigotski e Espinosa como teóricos balizadores da construção desse conhecimento e o conceito de sofrimento ético-político de Sawaia. A partir dessas orientações teórico-metodológicas, adotam-se procedimentos, buscando a historicidade dos objetos de estudo, considerando a natureza dialética que os caracterizam. São eles: entrevistas semiestruturadas com moradores dos condomínios, observação participante, além de análise de notícias publicadas em meio eletrônico em território nacional. A análise das notícias demonstrou que o número de reportagens sobre as participações dos moradores em ações coletivas e movimentos sociais superou o número de matérias que retratam a violência nos condomínios, o que pode sugerir que os moradores desses espaços atuam mais em reivindicações e organizações de luta por direitos do que em situações de violência, bem como de que a vida em condomínio favorece as organizações coletivas, o que não foi comprovado na pesquisa de campo. Esta indica que o espaço construído pode contribuir ou dificultar as experiências do Comum, pois elas são da ordem do sentido, das afetações que marcam os grupos de moradores, assim, em dois condomínios encontrou-se a situação de sofrimento ético-político, servidão em forma de violência e em outro condomínio foi encontrada a experiência nos processos de coparticipação das atividades e codeterminação das regras. Esses resultados oferecem elementos para aprimorar a prática do trabalho social e reforça a tese de que o comum é a potência de ação emancipadora para superação do sofrimento ético-político

Palavras Chaves: Programa Minha Casa Minha Vida (Brasil), Afeto (Psicologia), Vida comunitária, Condomínios, Participação social.