Resumo: Esta pesquisa visa analisar na perspectiva da psicologia sócio-histórica a dimensão subjetiva do processo dialético de inclusão/exclusão no trabalho (com e sem apoio) das pessoas com deficiência intelectual para refletir sobre a educação profissional e a proposta de Emprego Apoiado. Trata-se de situar historicamente as pessoas com deficiência, buscando entender quais são as mediações presentes e compreendermos como é vivida subjetivamente a Lei de Cotas na vida dessas pessoas para orientar as práticas de formação e preparação ao trabalho que lhes são oferecidas. Para tanto, recorre aos conceitos de sofrimento ético-político, sentido e significado, estima social, identidade e preconceito para analisar a vivencia da busca por um trabalho, e de se tornar trabalhador nas condições de trabalho oferecidas pela Cota, tendo como pano de fundo a condição sócio-histórica desfavorável à inclusão oferecidas a esses sujeitos e os projetos de preparação para o trabalho que lhes são oferecidos. O método de investigação utilizado está embasado na concepção vygotskiana que considera ação, trabalho e afeto como unidades indissociáveis da subjetividade, amparada na filosofia de Espinosa e na teoria marxista de sociedade. Os resultados obtidos atestam a defasagem entre reconhecimento jurídico e social, pela ausência de estima social, pelo preconceito, pelos modelos de identidade pressupostas, desamparo e solidão a que são relegados, condição social vivida como sentimentos tristes de medo, humilhação, raiva comprometendo a potência de ação desses sujeitos O sentido de trabalho é ambíguo: ele é a única possibilidade de estima e reconhecimento, mais do que a possibilidade de adquirir bens, mas é também fonte de paixões tristes, especialmente o medo constante de errar e, assim perder o emprego. Clamam por preparação ao trabalho e apoio afetivo que eles encontraram no preparador laboral que os acompanhou por um tempo, ao qual enviaram cartas expressando seus sentimentos e necessidades. Ressalta-se a importância do Emprego Apoiado, onde o profissional desempenha o papel de mediador do cumprimento efetivo da lei de cotas, no plano de desenvolvimento de habilidades e da referência afetiva.
Palavras Chaves: Emprego apoiado, Lei de cotas, Inclusão no trabalho, Deficiência intelectual, Reconhecimento perverso, Sofrimento ético-político.