Sobre o CPS

CPS

O CPS é uma instituição de caráter cultural autônoma, voltada para a pesquisa e formação de pesquisadores, ensino, consultoria e editoração no campo da semiótica. Genericamente, o CPS tem por finalidade: a) congregar pesquisadores e estudiosos – seniores, pós-doutores, doutores, mestres e especialistas, bem como estudantes em pós-graduação e graduação (bolsistas de iniciação científica) – com o fim de estimular o desenvolvimento e a difusão das atividades de pesquisas, ensino e editoração ligados à semiótica como fonte de conhecimento científico; b) promover eventos de cunho científico, cultural educacional e artístico - colóquios, simpósios, debates, encontros, jornadas, conferências, exposições e outros – centrados na semiótica; c) publicar os resultados relevantes de suas pesquisas bem como textos de pesquisadores brasileiros ou estrangeiros que se tornaram referência em semiótica d) promover o intercâmbio com outras entidades similares e afins, nacionais e internacionais, no âmbito da pesquisa, do ensino e das demais atividades pertinentes à cultura e à arte.


O Centro de Pesquisas Sociossemióticas (CPS) define-se, de um lado, pela especificidade teórica e metodológica dos princípios de pesquisa que o guiam, e de outro, pelos tipos de objeto empírico que propõe abordar.


Concretamente sobre o que trabalham os membros do CPS?

Sobre as mídias, sobre as artes, sobre as cidades, sobre as formas de representação que a sociedade dá de si mesma, sobre os modos de presença no social, sobre as experiências vividas, sobre as práticas intersubjetivas da cotidianidade, sobre o consumo, sobre a dinâmica interna das empresas e instituições, sobre as modalidades da aparição e de transformação das normas sociais. Em síntese, os membros do CPS, trabalham sobre as formas de emergência do sentido no âmbito da “vida de todos os dias”. Os exemplos particulares desses âmbitos gerais da vida social podem ser percebidos nas práticas culturais e artísticas, no quadro das relações pedagógicas, nos discursos e nas práticas do mundo jurídico ou político, na dinâmica interna das empresas e das instituições, na moda e na publicidade, nas aparições e transformações da normatividade do gosto, na conformação dos espaços urbanos etc. Em todos os casos, trata-se da construção do sentido (e também dos sujeitos e de sua identidade) tal como ele se efetiva no jogo dos discursos e das práticas sociais.


Para dar conta do caráter diverso e complexo desse objeto faz-se necessário uma teoria da significação especificamente operatória, que conte com um suporte epistemológico sólido e um método que seja, a um só tempo, rigoroso e flexível. A semiótica discursiva e narrativa responde a essa dupla exigência.


Originada dos trabalhos de linguistas (Saussure, Hjelmslev, Benveniste, em primeiro lugar) e de antropólogos (Mauss, Lévi-Strauss, Dumézil), ela fornece uma teoria geral da linguagem, verbal ou não, capaz, em síntese, de articular os diferentes níveis de produção e apreensão da significação quando de suas manifestações nos fatos sociais. Desembocando numa metodologia de análise especificamente apta a lidar com essa problemática, a semiótica permite – ponto essencial para o CPS – ultrapassar o estágio de uma “filosofia da linguagem” e conceber a “semiótica” como uma prática efetiva de pesquisa susceptível de clarificar o funcionamento dos discursos sociais e das práticas em situação.


Resulta daí a denominação adotada pelo Centro: Sociossemiótica. Bem entendido, esse título não pretende dizer que uma teoria semiótica do social enquanto tal esteja hoje terminada. Ao contrário, é no sentido de uma teoria em construção e permanentemente revista nas práticas analíticas que se orienta o conjunto dos trabalhos de seu fundador e co-diretor Eric Landowski. Seus escritos e atividades, que testemunham este espírito e que, de uma maneira geral, determinam as perspectivas de pesquisa do CPS, também justificam e esclarecem a citada denominação do Centro: a) o “grupo de pesquisa sociossemiótica”, que ele anima em Paris há bem mais de quarenta anos; b) seus principais trabalhos La societé réfléchie: essais de sociosémiotique, Paris, Seuil, 1989 (trad. Eduardo Brandão, A sociedade refletida: ensaios de sociossemiótica, São Paulo/Campinas, Educ/Pontes, 1992; Présences de l’autre: essais de sociosémiotique II, Paris, PUF (trad. Mary Amazonas L. de Barros, Presenças do outro: ensaios de sociossemiótica, São Paulo, Perspectiva, 2002) e Passions sans nom: essais de sociosémiotique III, Paris, Presses Uiversitaires de France, 2004; c) os cursos de “semiótica discursiva” e “sociossemiótica” por ele ministrados ao longo de trinta anos em diferentes países como México, Venezuela, Itália, Brasil, etc.


Ponto Particular I

A referência do CPS à semiótica narrativa e discursiva enquanto quadro teórico e metodológico não exclui em absoluto o diálogo com outras perspectivas. Ao contrário, a confrontação com as abordagens sociológicas e antropológicas é considerada pelo CPS, como uma necessidade permanente; o mesmo ocorre com o retorno às grandes interrogações filosóficas sobre a significação e o sentido.


Sobre um plano mais técnico, a semiótica narrativa e discursiva se nutre também de suas relações com as outras ciências ditas da linguagem: a linguística propriamente dita, claro, mas também as teorias dos atos de linguagem, a pragmática, a sociolinguística. De uma maneira geral, o diálogo está aberto com as pesquisas que têm por princípio não projetar sobre o mundo esquemas ideológicos a priori.


Ponto particular II

O CPS foi criado tendo em vista dois objetivos:

  1. ajudar os pós-graduandos da PUC/SP e da USP que participaram da disciplina “Semiótica discursiva” ou “Sociossemiótica” a aperfeiçoarem sua formação através de atividades de estudo e pesquisa conjuntas para um trabalho em comum;
  2. favorecer a produção, no Brasil, de trabalhos em sociossemiótica;

Ponto particular III

O CPS foi criado em 19 de novembro de 1994 a partir da iniciativa comum de um pequeno número de pessoas e segundo a modalidade de um clube. Hoje, define-se como um centro interinstitucional e conta com o trabalho de dezenas de pesquisadores que estão sediados em Programas de Pós-graduações em universidades de vários locais do Brasil, nos quais formam nucleações do CPS ligadas à sede na PUC-SP.