Teses - 2015
O ENTRETECIMENTO DAS EXPERIÊNCIAS VIVIDAS, MEMÓRIAS E FANTASIAS NA CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA AUTOBIOGRÁFICA DE CRIANÇAS
Ana Maria Galrão Rios
Orientadora: Ceres Alves de Araújo
Palavras-chave: narrativa autobiográfica, memória autobiográfica, fantasia, desenvolvimento, Psicologia Analítica.
Resumo: Este trabalho teve como objetivo estudar o desenvolvimento da narrativa autobiográfica nas crianças, utilizando-se como referência a linha teórica junguiana. O relato da criança foi estudado quanto a seu desenvolvimento, decorrente da idade, gênero e influência ambiental, entendida aqui como a escolaridade das mães. As narrativas autobiográficas das crianças foram consideradas do ponto de vista de seu volume, conteúdo, inclusão de emoções, intenções, autonomia, presença de terceiros, interatividade dos cenários, inserção social e determinantes da identidade. A inclusão da fantasia no relato autobiográfico também foi estudada. Os participantes foram 410 crianças entre dois anos e seis anos e meio, entrevistados em suas escolas no município de São Paulo. O instrumento usado para a coleta de dados foi uma entrevista semiaberta. As crianças responderam cinco questões a respeito de eventos vividos no passado, eventos imediatamente acontecidos e eventos apenas fantasiados, e foram ainda convidadas a falar sobre si mesmas. A pesquisa caracterizou-se como uma investigação de ordem tanto quantitativa quanto qualitativa, o que configura um método misto. A estratégia usada para a coleta dos dados foi a triangulação concomitante, segundo a qual os dados qualitativos são quantificados. Foram feitos estudos estatísticos dos resultados, que indicaram que a narrativa autobiográfica desenvolve-se em volume e complexidade com a idade, sofrendo influência do gênero e da cultura. A narrativa autobiográfica inclui elementos experimentados como fantasiados, editados sobre as teias individuais de memórias explícitas e implícitas, dentro de um padrão cultural específico que orienta a inclusão, ênfase ou exclusão de elementos na narrativa. As crianças mostraram-se capazes de contar histórias a seu próprio respeito a partir dos dois anos e meio.
|