A revista Algazarra é uma publicação do Grupo de Pesquisa Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP.
A revista Algazarra é uma publicação do Grupo de Pesquisa Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP. A publicação está aberta a todos os pesquisadores, acadêmicos ou não, interessados no campo de relações que a área desdobra.
Editorial Algazarra 1ª edição
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É com grande prazer que o Grupo de Pesquisa “Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem” do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP apresenta o primeiro número da Revista ALGAZARRA. A publicação está aberta a todos os pesquisadores, acadêmicos ou não, interessados no campo de relações que a área desdobra, do qual começamos a dar algumas indicações a seguir: 1. Não se podem entender os processos de comunicação sem a intervenção dos processos culturais e criativos que, por exemplo, na América Latina, se fundaram a partir de confluências intercivilizatórias mestiças e procedimentos barroquizantes; 2. Os objetos do continente não podem ser analisados apenas a partir das vicissitudes da ciência clássica, tendo em vista, em seu ambiente, a não separação (quer dizer, mediação) entre cultura e natureza, entre escrita e paisagem, entre signo e coisa; 3. Torna-se indispensável, portanto, a adoção combinada de modos de conhecimento que estão na base das nossas formas de encadear e incrustar as alteridades e os objetos (aquém do sujeito pretensamente uno e das lógicas binárias), tais como o pensamento ameríndio, o afro-mourisco e o próprio ibero-americano. A presente edição contém sete artigos e uma resenha, que repercutem as tendências alinhadas acima. Paulo Morgado introduz uma filosofia mestiça, em que se contempla o “terceiro incluído”. Maria Lúcia Jacobini trata da formação da imagem de Brasil a partir das obras de pintores do período imperial. Neide Aparecida Marinho expõe a presença das máscaras nos festejos da Folia de Reis. Segue-se a pesquisa de Orlando Garcia, sobre “o jeito terena de ver TV”. Mais três textos aprofundam os nexos entre arte e ambientes midiáticos: Silvia Marques mostra a Espanha híbrida dos filmes de Bigas Luna; Sônia Lanza fala dos corpos mestiços na arte e na mídia; Cibele Jorge contempla o rock barroco de Raul Seixas. Fecha este primeiro número a resenha de Elaine Sklors sobre livro de François Laplantine e Claude Olievenstein, em que a cidade de São Paulo é vista por uma lógica das confluências entre dissonâncias e contrastes, não das alternativas de exclusão. (Prof. Dr. Amálio Pinheiro, coordenador do Grupo de Pesquisa “Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem”, setembro de 2012)
Editorial Algazarra 2ª Edição
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Talvez nenhum ambiente de cultura/natureza seja tão propício às análises de objetos barroco-mestiços como as cidades. Estas, na América Latina, são vistas aqui, desde as primeiras províncias até à atualidade, como lugares de proliferação e multidiferenciação relacional (as inúmeras contribuições afro-ameríndio-arábigo-imigrantes-etc convivem, em diálogo, conflito ou turbulência, com as mais hodiernas), no corpo, nas imagens e nas coisas. O mundo das coisas na urbe tem vida e inteligência próprias, que não se entende só a partir da posição ideológica dos sujeitos dentro dos dispositivos de poder: família, escola, grupos, ONGs, partidos, igrejas etc; não se entende também apenas pelos recentes desdobramentos mediático-telemáticos: a ideia de uma rede colaboracional estava instaurada desde as primeiras bandas musicais e fachadas barrocas. Desse modo, todos esses outros abandonados se situam em camadas ocultas e concretas que podem ser reincorporadas e trazidas à tona. Lugares semoventes que não se deixam explicar por conceitos clássicos: o clássico, tendo sido também tradutoriamente comido e digerido, já faz parte do grande arabesco periférico. Não se deixam também explicar pelas tradicionais teorias do signo: se os textos não são autônomos, visto que assumem uma forma fractal de trepadeira, xaxim ou caramanchão, não vigora a famosa separabilidade moderna (Latour) entre signos e referentes, ficção e realidade, porém, também aí, atua uma tênsil tradução intercomplementar em ziguezague entre signos e coisas. Não se trata de uma civilização comandada logicamente pela alternativa de exclusão ou, mas pelos advérbios de inclusão ainda e também. Este número 2 da Revista Algazarra, do Grupo de Pesquisa “Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem”, do Programa de Comunicação e Semiótica da PUCSP, pode ser dividido em três partes. Na primeira, quatro artigos ressaltam a interação entre as séries musicais e as urbanas: Dirceu Martins Alves discorre sobre a ambientação poéticocultural e mediática do blues no Brasil; Jurema Mascarenhas Paes aborda, em Luiz Gonzaga, a mestiçagem geradora de um “entre-lugar campo e cidade”; Cibele Simões Ferreira Kerr Jorge desdobra a conjunção entre áreas e estilos nos textos de Raul Seixas; Vagner Rodrigues expõe o tango como irrupção de formas mestiças nos espaços urbanos. Na segunda parte, dois textos acentuam os nexos entre performance corporal e cotidiano das cidades: Marcela Belchior desenvolve a complexidade das intervenções performáticas no transporte público de Fortaleza; Lisani Albertini de Souza alinha as condições mestiçoeróticas do corpo da mulher brasileira. Na terceira parte, Mila Goudet e Raquel Rennó mostram o movimento barroquizante dos espaços e objetos urbanos: Mila aponta para junções entre o primitivo e o atual que desprezam as pretensas soluções duais; Raquel introduz o método das gambiarras como conhecimento a partir dos desperdícios. (Prof. Dr. Amálio Pinheiro, coordenador do Grupo de Pesquisa “Comunicação e Cultura: Barroco e Mestiçagem”, março de 2014.)