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Lela Saadi: alegria de viver

Por Célia Gennari

Nossa entrevistada é Lela Saadi, 88 anos, nascida em 10 de junho de 1928, filha de Miguel João Saadi e Maria Kalil Saadi, a terceira de sete irmãos (três falecidos).

Lela nasceu de uma família de imigrantes. Seu pai veio para o Brasil, estabeleceu-se como comerciante e retornou a Damasco (Síria) para casar com a prometida. Sua mãe, com 15 anos, ainda adolescente, sem saber nada da vida e sem falar português, veio para o Brasil, acompanhar seu marido. Assim a família Saadi teve o seu início no Brasil.

Terceira de sete irmãos, Lela nasceu no bairro da Liberdade, mas cresceu na Saúde, pois já aos dois anos a família se mudou. É da Saúde que a nossa entrevistada tem lembranças agradáveis de uma infância tranquila e alegre, mesmo tendo sido quase raptada, o que causou um enorme trauma na sua professora, que deixou de lecionar e fechou a escola.

No período escolar estudou na Vila Mariana e na Escola Profissional Feminina Dom Pedro II, onde se formou após quatro anos de estudos. Fez especialização no Caetano de Campos e tornou-se professora de trabalhos manuais. Quis aprender datilografia e recebeu convite para fazer teste na CMTC – Companhia Municipal de Transportes Coletivos.

O seu início de trabalho foi tumultuado, pois seu tio não aceitava que a única menina daquela casa fosse trabalhar. Mas Lela foi e trabalhou 36 anos por lá. Dez anos foram no departamento jurídico. Com mais de 30 anos, por insistência da CMTC, iniciou a faculdade de Serviço Social na FMU e empolgada, assim que concluiu o curso, fez especialização na PUC. “Implantei o serviço social na CMTC após a minha formatura que aconteceu em 1972”, contou.

Na CMTC Lela aposentou-se como chefe do serviço social, mas continua na empresa como diretora social dos aposentados.

Os pais seguiram em termos a tradição da Síria e, assim, a vida foi levada no estilo brasileiro. A única menina entre seis homens teve muitos pretendentes e seu amoroso pai perdeu muitos amigos que queriam obrigá-lo a casá-la com seus filhos. “Para meu pai, eu tinha de casar com quem eu quisesse”, lembrou.

Amores e pretendentes teve muitos, mas nunca quis abandonar seu trabalho e seus estudos e isso era um empecilho nas relações da época. “Vou continuar a trabalhar enquanto eu puder, mas casamento, não se sabe se dá certo ou não”, argumentou. Além disso, ela conta que após o falecimento do seu pai, ficou a seu cargo cuidar de sua mãe, tia e tio, com idas e vindas ao hospital. “Não me arrependo de nada. Fiz por minha mãe e pelos demais o que tinha que fazer, e mãe, é uma só”. Depois ela ficou morando com seu irmão mais velho, que faleceu há cinco anos.

A guerreira Lela conseguiu tudo o que quis e continua a viver como bem entende.

Lela Saadi nasceu católica, mas seguiu uma rotina diária por anos, saindo do trabalho e indo para a Federação Espírita. Quando parou de frequentar o local tão assiduamente, começou a aplicar a cromoterapia. Trabalhou durante 17 anos com essa técnica. Ela comenta que sua mãe dizia que quando alguém quisesse achá-la era só procurá-la na Federação. “Trabalhei a vida toda, ao lado do médico Dr. Luiz Monteiro de Barros (1911-1982)”, disse.

Sempre alegre, com seu gênio próprio, como todo mundo, Lela leva a vida como Deus quer e acha que está tudo ótimo, pois procura encarar as situações da melhor forma possível.

Hoje, duas vezes por semana ela vai à CMTC, organiza passeios, viagens e almoços. Com suas ações sociais proporciona que muitas senhoras que não tinham contato entre elas passassem a ter. “Comecei fazendo reuniões com as esposas, especialmente após a morte dos cônjuges”, lembrou. “Na primeira viagem levei um ônibus, na segunda foram dois e o trabalho foi crescendo e atingindo mais pessoas”.

Ela gostaria de parar, mas os aposentados da CMTC a adoram e assim ela continua fazendo os passeios e qualquer coisa que precise de organização.

Saudades ela sente, dos bailes. A pé de valsa adorava bailar com suas amigas, praticamente todos os domingos pelos mais variados clubes. Essa é a única atividade que ela sente não poder fazer mais, primeiro porque as saudosas amigas já se foram e segundo porque ela hoje convive com uma bengala. Ela lembra que no Carnaval, pelo menos uma noite ela tinha que dançar. “Era uma diversão maravilhosa que sinto muitas saudades”.

Como filosofia de vida, Lela se despede dessa pequena entrevista alertando aos leitores que devemos agradecer a Deus por tudo que ele tem nos dado, especialmente a saúde. “Todos devem agradecer. Cada um pense bem antes de ficar reclamando, ao contrário, agradeçam todos os momentos de vida. Estou sempre muito bem acompanhada e, no momento, não preciso de ninguém, porque estou sempre com Deus do meu lado”.

Lela Saadi Lela Saadi
Lela Saadi Lela Saadi
 
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