FANTASMA SURREALISTA
Por Sueli Carrasco
Fantasma surrealista... Será?
Passando da meia noite “ela” sobe lentamente a minha rua, arrastando compassadamente suas sujas correntes. Tenho certeza de que a simbologia dessas correntes são as minhas penitências a pagar.
Chega sem o menor pudor perto de nós, porém sempre acompanhada de um mortal que aproveita para soltar toda sua ira contra os humanos adormecidos.
Será que isso só ocorre porque eu estou dormindo e ele trabalhando de madrugada e ainda, recebendo por lei adicional noturno?
Gostaria de ter o prazer de conhecer a inteligência artificial que a criou. Essa só pode sofrer de insônia, porque nunca vi a fantasminha ser colocada ou retirada durante o dia.
Como toda e qualquer criação, ela também tem o seu lado positivo: a praticidade de recolher os entulhos quando reformamos nosso lar, doce lar. O seu lado negativo é que os operadores não usam silenciadores nas mãos e muito menos em seus equipamentos e imaginação.
Pensei que fosse privilégio das grandes cidades. Engano. Estão espalhadas até nos mais distantes rincões.
Revelação: o nome da minha querida fantasminha é “Caçamba”. Isso mesmo! Aquela belezinha que fica encostada no meio fio da calçada com a rua.
Lembram-se das musiquinhas que os caminhões de entrega de gás tocavam?
Acabou... Graças a um juiz de mente brilhante.
Quando será que uma nova alma piedosa fará uma regulamentação para que seus operadores nos deixem aproveitar os braços de Morfeu?
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