Dá-se duro
vida inteira
para envelhecer.
Agora maduro,
sofrido, vivido,
a gente refreia
o tempo
porque vai morrer.
Parece ter sido
ontem ainda,
eu jovem, sem tempo,
negando à criança,
criança que lida
porque encontra tempo,
com coisas da infância.
E a criança dizia:
conta-me estória;
e eu respondia:
não há tempo agora.
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O tempo, antes pouco,
agora sobra.
Há tempo sobrando
no tempo de agora.
No tempo, o sufôco
do tempo, que cobra
o tempo, faltando
no tempo de outrora.
Porque hoje com tempo,
já sem muito tempo,
eu peço um tempo,
para contar estória.
E a criança de ontem,
hoje jovem,
correndo sem tempo
responde:
Não há tempo agora.
Maria José Mariani Lengos |
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