Da serra desce um nevoeiro intenso
e deixa tudo branco, impenetrável. Nada se
enxerga à nossa volta. As araucárias, com
seus braços estendidos, clamam por um
pouco de luz. O nevoeiro penetra nos
corpos, nas almas; deixa rastros de
tristeza e angústia. Permanecerá sempre
frio? Quando virá o calor para animar a
natureza, revigorar-me a alma angustiada?
A dor é quase física. Confinada em minha
amargura, quase sucumbo. A vida pesa
sobre mim.
Tudo está encoberto. Sinto-me
cansada, perdida, esmagada pelo
desespero. Onde está a esperança? E o
horizonte? Tudo triste, pesado, frio... meus
ossos gelam. Estremeço. É o fim do meu
corpo. É a eternidade da alma.
Homem e natureza se confrontam.
Subitamente eis que surge o sol brilhante
e tudo se ilumina, renasce. A natureza
explode em alegria. O céu azul, os
pinheiros com os braços abertos, já, agora,
agradecem a Deus o seu poder de
transformar as trevas em luz edificante.
Minh’alma canta feliz. Aurora! Meu
corpo reconfortado agradece o calor e vibra
com os raios do sol.
Onde está aquela mulher que há
pouco, acabrunhada, pedia luz? Onde está
aquele ser que não se lembrava do contínuo
apagar e acender da natureza?
Não existe mais. Ela ressuscitou
para a vida! Agora é só luz, é só alegria, é
só vontade de viver, rir, tudo compartilhar
com as pessoas, procurar amigos e dizer:
“Quero seguir viva pelo mundo! O
futuro não importa. O que importa é o aqui,
é o agora!“
No momento sinto-me feliz e desejo
que todos me acompanhem.
O mais importante é essa felicidade,
de saber que estou alegre, transmito
otimismo, enxergo a vida como ela é, uso
a sabedoria e a força para ser feliz.
