RACIONAMENTO
Economizei não sei quantos “watts” da luz fornecida pela vida.
Racionei alegrias que, às vezes, me amarraram.
Poupei sentimentos que poderia ter demonstrado.
Fiz “gambiarra” para iluminar a falta de esperança.
Tudo em vão. A conta enviada pelo destino veio alta.
Com os “watts” que economizei deixei no escuro os sonhos sonhados.
As alegrias racionadas poderiam ter sido gastas com emoções.
Os sentimentos poupados não renderam o suficiente para que fossem vividos os amores.
A “gambiarra” foi descoberta pela verdade do vazio que hoje ilumina a solidão.
Depois de tudo, novamente, a conta veio alta. Mesmo assim paguei, para que não fosse cortada a energia mínima para a sobrevivência.
Ao preencher o formulário para reclamar a Deus o preço dobrado, esclareci que errei ao acreditar na ligação que fica no poste da esperança. Nele não havia o fio da felicidade que traria a iluminação tão esperada.
Mas, seria muito bom levar um choque de não sei quantos “volts” de otimismo, para trocar o transformador da vida.
Metáforas à parte, a vida é uma eterna pergunta que a dúvida deixa sem resposta.
Incoerência?...
Mariam O. Baidarian
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