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OS QUINZE ANOS DA UNIVERSIDADE ABERTA À MATURIDADE

Há dez anos, comemorando o surgimento da Universidade Aberta à Maturidade, comparávamos nossa trajetória a um trem da vida, numa alegoria às chegadas e partidas dos novos e antigos alunos a cada semestre do curso, como se fizéssemos uma viagem encantadora e interminável toda vez que começávamos os trabalhos escolares, numa jornada cheia de encontros e despedidas.

Descrevíamos nossas atividades como um exercício de magia, onde havia lugar para os sonhos e para a alegria, onde o essencial, o importante, o que contava, não era apenas chegar a um destino qualquer, mas, como convém a toda viagem que se preze ou digna desse nome, desfrutar intensamente a paisagem imaginada nos corações e mentes de cada um, conviver ora ruidosa, ora respeitosamente, com colegas e professores, usufruir das amizades anteriores e curtir as recentes, sentir com a alma as coisas e os fatos, sempre sincronizados com o ritmo lento do quimérico comboio puxado por uma imaginária locomotiva “Maria fumaça “.

Aquela impensável composição férrea que começara a correr sobre os oníricos trilhos de um projeto ousado, que representava na época de sua criação um sonho tido como temerário, que fora olhada com desconfiança e mesmo com certo desdém, por boa parte da comunidade universitária puquiana, já conseguira, entretanto, se impor.

Ganhara seu espaço e se consolidara como uma grande conquista educacional e social, assim como ocorrera com o projeto pioneiro de Universidade Aberta para a Terceira Idade, criado na França, no fim dos anos 70, pelo Prof. Pierre Vellas, em Toulouse. Vencera a descrença generalizada e mesmo a oposição ostensiva de uma minoria de professores tida como marxista, que acreditava não passar a Universidade Aberta de uma proposta alienada, de uma criação reacionária destinada apenas a atrair para a PUC, um templo do saber cheio de “glamour“ esquerdista e “charme“ revolucionário, senhores e senhoras da burguesia paulistana, acenando com a possibilidade de ocuparem um tempo ocioso de suas confortáveis e tediosas vidas, aprendendo assuntos da moda no mais sofisticado estilo de socialismo de salão, formando um formidável ciclo de radicais chiques.

Mas a realidade sempre foi bem outra. Longe de ensinar banalidades. Conhecimentos de almanaque ou pregar valores culturais falaciosos ou mesmo exaltar as maravilhas do neo liberalismo, nossos professores sempre se pautaram por colocações científicas imparciais e objetivas, nunca ideológicas ou doutrinárias. Tivemos o constante cuidado de trazer para cá os mais competentes e qualificados, profissionais do mais alto gabarito.

Esses extraordinários mestres sempre souberam interagir de modo magnífico com seus alunos, havendo entre eles uma troca intensa de saberes, um dos ganhos mais significativos da proposta. Foi assim, criado um clima de mútua confiança, respeito, postura ética e elevada moral, coisa raríssima nos tempos que correm, onde vemos campear a mentira, a corrupção e a mais deslavada falta de vergonha, em todos os setores da vida nacional.

De outra parte, ao invés de senhores e senhoras interessados apenas em aprender superficialidades, para ostentar uma falsa cultura e brilhar nos salões, como portadores de uma sapiência de verniz, os alunos e alunas que por aqui têm passado, não têm nada a ver com os estereótipos de pessoas pedantes e vazias. Ao contrário, a esmagadora maioria daqueles que desde sempre freqüentam nossos cursos tem se revelado como seres humanos dotados de uma belíssima vontade de ampliar seus horizontes, intelectuais ou pessoais, e de viver plenamente todos os momentos de suas vidas, com alegria, coragem, serenidade e, principalmente, muita sabedoria.

Dessa forma, se já estávamos jubilosos pelos resultados alcançados, quando fizemos dez anos, nesta noite temos justíssimos motivos para dizer que nossa satisfação, enquanto coordenadores deste curso, é imensa e fazemos total questão de compartilhá-la com todos os que contribuíram, para que a Universidade Aberta à Maturidade da PUC/SP se tornasse uma referência nacional como proposta de educação permanente.

Temos, pois, que ser gratos à Reitoria da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e à Coordenadoria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão, a COGEAE, por nos apoiarem e prestigiarem durante todos esses anos, dando-nos as melhores condições para realizarmos nosso trabalho.

Porém, mais que tudo, temos que expressar nosso muito obrigado a todos vocês, queridíssimos alunos e alunas, tanto veteranos, como recém-chegados. Aos mais antigos e antigas, nosso reconhecimento imorredouro por estarem conosco há tantos anos, sonhando e lutando pela mesma causa, companheiros e companheiras extremamente cooperativos e leais nesse trem da vida, rumo ao futuro e às estrelas. Aos novatos, companheiros e companheiras recentes desta viagem, que embarcaram cheios de expectativas para um novo momento na sua existência, que demonstraram coragem, para romper com os papéis inexpressivos ou descoloridos, para não dizer humilhantes e indignos, reservados aos cidadãos e cidadãs de mais idade neste país, nossa gratidão pela confiança depositada numa proposta capaz de mudar o rumo de seus destinos.

Obrigado, muito obrigado, colegas professores e professoras, que com dedicação, competência, companheirismo e elevadíssimos ideais repartiram conosco a tremenda responsabilidade de fazer vingar um programa educacional de enormes repercussões sociais.

E por fim, mas não por último, parabéns a todos os alunos e alunas que hoje recebem seus certificados, obtidos após cursarem pelo menos quatro semestres de nossos cursos.

Mais do que um documento impresso, o certificado é um atestado da perseverança, do interesse, do envolvimento, da vontade de cada um para superar obstáculos, vencer dificuldades, derrubar tabus, conquistar conhecimentos, ultrapassar descrenças, mostrar a todos, familiares e amigos, sua capacidade de levar avante um projeto pessoal com garra, determinação, entusiasmo. Temos certeza de que muitos não acreditavam em vocês, achavam um absurdo ou despropósito sua volta aos bancos escolares. Talvez até reprovassem sua atitude, talvez até a achassem ridícula para uma pessoa da sua idade. Hoje, vocês podem mostrar a todos os incrédulos, aos que zombavam ou faziam pouco de sua atitude, um atestado de grandeza de caráter, de firmeza de personalidade.

Temos certeza de que nesta noite eles todos estão orgulhosos de vocês. Que estão olhando vocês com outros olhos. Porque vocês são os grandes vencedores desta noite de festa.

MUITO OBRIGADO
!

Antônio Jordão Netto
 
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Edição Nº 29
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