Liga a TV.
Há muito
para ver.
Controle remoto
funcionando,
atropelando
canais
que se vai
trocando,
num tropel,
sem rota,
volúvel, infiel.
Liga a TV.
Refúgio
do homem,
refugo
do dia passado,
onde tanto
ficou por resolver.
Liga a TV.
Para relaxar,
recalcar
a frustração
do dia
terminado,
sem nada
acontecer.
Passa tranca
na mente
saturada
e sofisma
que já pode
recolher.
Dorme com TV,
amanhece com TV,
liga na
tomada
tela embaçada
porque não sabe
amanhecer.
Maria José Mariani Lengos
*Poema do seu livro “Mosaico”
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