As Pontes de Madison
Filme de Clint Eastwood, seus personagens principais são Francesca Johnson (Meryl Streep, indicada ao Oscar de melhor atriz, por este filme, em 1996) e Robert Kincaid, fotógrafo profissional, contratado pela revista National Geographic. Ela é dona de casa, casada há quinze anos, com dois filhos adolescentes.
Numa paisagem bucólica aparece um fotógrafo, interessado em chegar à ponte de Madison. Francesca Johnson se dispõe a acompanhá-lo até o local.
Mãe dedicada e esposa acostumada à vida simples do campo, convive com o marido, numa relação de cumprimento de deveres de dona de casa. Desse encontro nasce a história do filme. Vive quatro dias com surpresas e alegrias, só possível na vida de sonhos. O viajante e a mulher, sozinhos na fazenda, ausente a família que viajara para assistir à exposição de animais, descobrem uma nova vida, mas não vêem perspectiva para continuar aquele romance. O conflito das almas torna-se sério, quando Robert propõe que Francesca parta com ele. Mas como? Todo o drama toma conta das suas vidas, e, ao mesmo tempo, prende a atenção do espectador que participa intensamente do drama daquelas duas criaturas. A princípio vivem quatro dias de amor, com diálogos freqüentes, alegria da vida, interesse um pelo outro. Francesca se sente solta, feliz, com temperamento italiano da sua origem. Esquece o mundo e vive quatro dias de alegria. Compreende que o marido, camponês de origem, calado, taciturno, homem honesto e trabalhador, não merecia ser abandonado.
Assim nasce o grande conflito que atinge o ponto alto, quando Robert propõe que partam juntos, pois ele já estava de partida. Bela, na maturidade, mas consciente de seus deveres de mãe e de esposa, com grande dor vê o amado partir, acompanha e sente que ele a espera. Mas como?
É o momento grandioso do drama, bem dirigido, muito sentido, muito real, numa circunstância que põe frente a frente o dever e o amor e ela fica entre o desejo de ir e a necessidade de ficar. É assim que se cristaliza a palavra que marca o grande momento: “Não importa a distância que eu esteja dessa casa. Eu vou senti-la”.
“Somos a escolha que fazemos”.
“Quando uma mulher se casa e tem filhos, de um lado a sua vida começa e de outro termina”.
“Não tenho como terminar uma vida e começar outra”.
Vendo o homem amado partir, fica entre seguir com ele e ficar.
“O amor não segue expectativa”.
A narrativa é simples, um encontro inesperado, paixão com limites, momentos inesquecíveis; a responsabilidade impede a decisão tão desejada.
Na relação matrimonial deveres cumpridos, falta de diálogo, distanciamento, falta de afeto; distanciamento de criaturas tão próximas, durante todo o tempo, no lar. Ela no trabalho do lar, ele na faina da fazenda. Os filhos ocupados com trabalho e os estudos. À mesa o silêncio, depois levantavam-se à procura do seu interesse. E Robert pergunta: Por que ficar? E ela recebe, anos depois, uma carta testamento do amado. Ela deixa esta para os filhos que, a partir daí, mudam suas vidas para que a história não se repita.
O filme projeta, de forma consciente, a luta entre o amor e o dever, além do desejo de passar para a vida dos filhos a coragem de uma grande decisão.
Profª Antonia de Almeida Cunha
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