Filme: KAGEMUSHA, a Sombra de um Samurai
Direção/ produção de Akira Kurosawa – 1980, Japão
A história desenvolve-se à sombra da personagem que congrega todas as forças e habilidade do chefe de poderoso clã. Mas o mais importante é sua semelhança física com o chefe que não poderia morrer; no momento histórico, todos precisavam acreditar que ele estava vivo, para a continuidade das suas ações, coragem, poder de chefe e independência de seu clã. Para se tornar o próprio chefe, a pessoa que iria substituí-lo, deveria ser parecida ou semelhante a ele, seu sósia. A semelhança do rosto é tão perfeita, que se confunde na aparência com o próprio rei, mas deveria também haver semelhança na educação, nos gestos, no comportamento, no temperamento e no convívio com os demais. O seu sósia, porém, era homem rude, condenado, e só teria perdão das suas penas se aceitasse aparecer em público como rei, poderoso chefe do clã. O momento histórico exigia que assim fosse, por três anos, quando estaria acomodada a vida do feudo, ou do clã. Essa era a vontade do próprio rei, para evitar a destruição do seu reino. Batalhas surpreendentes se travam entre os clãs. Além da ação, há movimento dos exércitos, cavaleiros empenhados em lutas ferozes, em busca do poder de chefe, para vencimento de batalhas em conquistas. Na narrativa épica, aceleram-se os acontecimentos, pela coragem dos soldados que se empenham na luta, sem temor da morte, com o objetivo único de vencer, descobrir o rei, ou o seu sósia. Mas esse momento exigia que o sósia do rei fosse o chefe do clã por três anos, por determinação do próprio rei o que seria um segredo inconfessável. Entre batalhas e lutas cruas e verdadeiras contra o exército inimigo, valorizam-se as ações, com colorido magnífico e batalhas freqüentes e grandiosas, em busca do poder daquele que deseja impor-se, pelas conquistas. A narrativa é épica com a grandeza dos acontecimentos, com a coragem dos cavaleiros que perseguem o objetivo: saber se o rei vive ou se verdadeiramente está morto. Para que a morte do rei mantenha-se em segredo, entra o sósia em ação. A história se desenvolve no século XVI, no Japão feudal. A palavra Kagemusha tem o significado de dublê ou sombra de um guerreiro. Atraem o espectador a impecável reconstituição de roupas e armas, as paisagens magníficas, as ações, as batalhas, rituais majestosos em cores vivas, com a predominância do vermelho, além dos costumes e da disciplina orientais. Trata-se de épico imperdível, num filme grandioso com batalhas e costumes feudais, É filme que deve ser visto e revisto pelo muito que contém da história medieval do oriente.
Antonia de Almeida Cunha
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