Selecione abaixo a informação que deseja visualizar.

Página Inicial
Curso da UAM
História do Jornal
Quem Somos
Crônicas
Astrologia
Aspectos Biopsicossociais
Com a Palavra o Professor
Gente Notável
Entrevista
Eventos & Notícias
Palavra Poética
Sabor & Saber
Turismo
Curiosidades
Caça-palavras
Cultura & Lazer
Carta do Leitor
Edições Anteriores
Videoteca
Galeria de Imagens
Fale Conosco
  Cadastre-se

 

 

 
Página inicial
   |   Contato
     


FELICIDADE!!! ONDE??

Muitas vezes, ao falar sobre saúde mental de trabalhadores, maldoso dizia que em todas as fachadas das empresas devia vir escrita a frase de Dante: “Lasciate ogni speranza, voi ch’entrate”.

Pois é. Aconteceu em 1980. Em uma das empresas – grande siderúrgica - por onde passei, enfrentei a seguinte situação: Havia sido contratado para criar e implantar um sistema avançado de avaliação de futuros executivos da média administração - coordenadores e técnicos de nível superior.

Minha missão era elaborar o projeto, definir a filosofia, submeter a proposta e discuti-la com a equipe responsável pela execução do sistema.

Essa equipe - formada por administradores, economistas, engenheiros e psicólogos - era chefiada por um economista. Até então, esses profissionais estavam mais focados em projetos de caráter objetivo como metodologia de trabalho e pesquisas de condições de vida na organização. Eles nunca haviam lidado com problemas mais diretamente humanos - com exceção dos psicólogos.

Meu cargo era de assessor do superintendente ao qual também estava subordinado o gerente que comandava a equipe. A Superintendência era de Organização e não de Recursos Humanos.

Na maioria das empresas, o sistema de avaliação era empregado como peça de política salarial, mas nossa proposta era diferente.

A avaliação seria um instrumento de desenvolvimento dos avaliados, e forneceria à alta administração, um recurso para identificação de talentos e para que os gerentes lidassem com os membros da equipe como orientadores ou mentores e menos como controladores. É o que hoje se chamaria função de “coaching”.

Após a elaboração da proposta básica, tivemos a primeira reunião de apresentação para o superintendente, para o gerente e para toda a equipe. Nessa reunião, explanei as linhas gerais do projeto e enfatizei o propósito do desenvolvimento das pessoas e a sua não utilização para fins de premiação ou punição e o não atrelamento ao plano salarial.

Terminada a explanação, levanta-se o gerente e faz uma peroração com críticas à minha proposta, dizendo que um plano de avaliação só caberia dentro de uma política salarial e nunca para desenvolvimento dos funcionários. Se não me engano, esse gerente havia feito curso de oratória e, para encerrar seu discurso com chave de ouro, assim falou:
- “E você pensa, Bíscaro, que empresa foi feita pra fazer a felicidade dos empregados?”

Pego de surpresa, não tive tempo de elaborar a melhor resposta e tasquei:
- “E o que você tem, senhor gerente, contra a felicidade dos empregados?”

O gerente surpreendido com o revide, não encontrou resposta. A turma – muito crítica - percebeu o embaraço e, claro, caiu na risada. Ganhei a parada e, também, um desafeto.

Foram necessárias muita paciência e muita negociação, até conseguir envolver esse gerente e sua equipe na execução do projeto e de acordo com a filosofia proposta.

PS: O que teria levado aquele gerente a ver no meu projeto uma espécie de “promoção da felicidade” na empresa?

Matutei melhor depois e então descobri que ele tinha certa razão:

1- Nenhuma empresa foi planejada para fazer a felicidade dos empregados e, muito menos, penso eu, a infelicidade deles.

2- Ao propor um projeto destinado ao desenvolvimento dos que seriam avaliados, estaria sim criando condições para algo parecido com felicidade, porque pessoas em desenvolvimento têm mais chances de se sentirem felizes.

Quanto à brincadeira com a frase de Dante, não sei se mudaria alguma coisa...


Waldir Biscaro
awbiscaro@uol.com.br

 
Edições Anteriores
* Os artigos publicados no jornal Maturidades são de inteira responsabilidade dos autores
(que exprimem suas opiniões e assinam seus artigos) devendo ser encaminhada
a estes toda e qualquer sugestão, crítica ou pedido de retratação.
       
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo • PUC-SP - Design DTI•NMD - 2016