SAUDADES DE IEDA 
A Profª Drª. Ieda Chaves Pacheco Russo, uma das mestras mais antigas e queridas do nosso curso, faleceu no dia 3 de janeiro e foi cremada no dia seguinte. Deixou grandes lembranças pela sua competência profissional e, principalmente, pela ótima figura humana que foi 
                                                                             "Que me quereis, perpétuas saudades? 
                                                                              Com que esperança ainda me enganais? 
                                                                              Que o tempo que se vai não torna mais, 
                                                                              E se torna, não tornam as idades." 
                                                                              Camões, Sonetos 
                                                                             
                                                                             A Professora Ieda Chaves Pacheco Russo não vai mais lecionar na Universidade Aberta à Maturidade da PUC-SP. Em 05 de janeiro de 2011 pediu licença desse mundo terreno e foi lecionar para outros alunos e encantar outras pessoas num outro lado da vida. Sim, pediu apenas uma licença, porque gente como ela não desaparece assim, não se vai assim como simples mortal. Apenas se ausentam fisicamente, deixando a sensação em todos que a conheceram que está apenas viajando mais uma vez – como constantemente fazia e vai, com certeza, regressar a qualquer momento, para regozijo geral.  
                                                                            Ieda, como ser iluminado que sempre foi, seja como excelente profissional enquanto fonoaudióloga, seja como magnífica professora, é dessas figuras humanas que permanecem sempre em nossas lembranças, por despertarem constantemente uma admiração especial e um carinho sem limites. Todos nós, colegas, amigos e alunos da Universidade Aberta à Maturidade sempre fomos testemunhas de sua imensa dedicação ao curso, para o qual fazia cerrada questão de reservar, todo semestre, pelo menos algumas horas de seu precioso tempo, numa agenda carregada de compromissos nacionais e internacionais, para ministrar aulas magníficas. Ieda, sempre com uma alegria contagiante e uma simpatia inigualável.  
                                                                            Onde quer que você esteja neste momento, saiba que estamos sentindo muitas saudades de sua presença, da sua figura radiosa ora em sala de aulas, ora  transitando pelos corredores da nossa Universidade.  
                                                                            Você jamais sairá dos nossos corações e sempre povoará nossas mentes, numa perpétua recordação de uma amiga e colega admirável e de mestra exemplar.  
                                                                            Até um dia, Ieda. Esperamos poder reencontrá-la e voltarmos a ter o imenso privilégio de desfrutar de sua amizade e receber lições memoráveis de sua sabedoria.  
                                                                            Antônio Jordão Netto 
                                                                              em nome da Coordenadoria da Universidade Aberta à Maturidade e de todos 
                                                                              os ex-alunos da Professora Doutora Ieda Chaves Pacheco Russo 
                                                                               
                                                                             
 
 
  Ave  Iêda! 
         Conheci a Iêda na PUC-SP  em 1991, quando começamos juntas a ministrar aulas para os calouros da  Universidade Aberta. Desde então, todo ano encontrávamo-nos naqueles dois dias  que ela reservava em sua concorrida agenda para o projeto da Maturidade - do  qual participaram também, como alunos, seus saudosos pais – para matarmos a  saudade. Mas foi em 2005, quando compareceu com sua mãe, Edir, à comemoração do  meu aniversário em Minas, que ficamos ainda mais próximas. Nunca vou me  esquecer do seu carinho e dedicação ao ajudar minha mãe, debilitada pelo  tratamento contra o câncer, que a levou poucos meses depois, a organizar a  festa, encarregando-se da decoração e animação, tocando e cantando. 
   
              E quando meses depois meu livro “Mulheres Danadas” foi  publicado em homenagem a minha mãe, ela não só colaborou com seu depoimento –  que transcrevo em parte abaixo – como tocou divinamente piano na festa de  lançamento, chamando a atenção das pessoas que passavam pela Rodoviária do  Tietê naquela tarde. 
   
              Aprendi muito com a minha amiga, com seu  profissionalismo, sensibilidade, e adotei uma expressão que ela usava em nossas  conversas - “Ave estrógeno!” - toda vez que queria reverenciar a fibra da  mulher. Ave Iêda! Prometo não deixar morrer o projeto de unirmos ciência e  música, como tanto ensaiamos fazer. Onde estiver estará me ajudando, que eu  sei! 
              Transcrevo abaixo um trecho do capítulo “Um dueto de  almas”, onde dividiu o espaço com sua mãe, uma mulher extraordinária, guerreira  e poeta, de quem cuidou com tanto carinho e que faleceu pouco antes dela. 
   
              Disse a Iêda: “Em 1988 defendi minha tese de Doutorado.  Na fonouadiologia fui a primeira a abordar a problemática da deficiência  auditiva no idoso e a proposta de um programa de reabilitação. Queria entender  porque os pacientes não aceitavam o aparelho. Como uma criança, eles precisavam  de ajuda. Nesse trabalho mudei a minha linha de pesquisa. Era voltada para  coisas mais imediatas. Você tem que ter uma relação de continuidade e passei a  fazer da escuta o meu instrumento de trabalho. Em cima do que me era relatado  vinham as soluções. Nunca fechei um canal, o intuitivo. E antevia as palavras.  Passei a ser uma conciliadora entre a família e o paciente. O distúrbio de  comunicação começa na família. Nós não temos cerimônia na família. A gente fala  o que pensa. Se tratarmos nossos familiares de maneira elegante, polida, como  tratamos os amigos, tudo muda. Perdemos a cerimônia e, então, perdemos o freio  que é fundamental, porque depende da razão. Eu não tenho o direito de falar coisas  que o outro não precisa ouvir, mesmo que eu as pense. Que eu possa guardá-las  comigo. Porque existe dignidade no silêncio! Eu procuro trazer o que vivencio  de positivo na minha relação familiar. Não adianta auxiliar o próximo, se deixo  o que é mais próximo no abandono.” 
 
  Dra. Alda Ribeiro 
  Professora da  UAM-PUC-SP 
 
                                                                             
                                                                            Reprodução de Matéria Gente Notável 
                                                                            A matéria do Gente Notável, edição 45, sobre Nestor Soares Publio, escrita por Célia Gennari e Ignez Ribeiro, foi reproduzida no site da Associação dos Oficiais da Polícia Militar de São Paulo – AOPM. 
                                                                              Para ver a publicação acesse: http://www.aopm.com.br/materias.asp?IDpublish=907§ionID=49§ionParentID=0 
                                                                               
                                                                              |