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Alegria e diversão não têm idade

Nesse último Carnaval, me chamou a atenção o depoimento de D. Zuleika Saeta, de 82 anos, uma carioca que não perde essa festa desde a década de 20 . É impressionante essa capacidade que D. Zuleika tem para fazer aquilo que gosta. Segundo ela, toda a sua animação, que a faz brincar em um baile, sair em um bloco e desfilar em três escolas de samba do Rio, está assentada na parte espiritual!

A espiritualidade - pouco valorizada pelas pessoas - é fundamental para a vida. Não apenas para as pessoas maduras, mas também para as de outras faixas etárias. Não se chega aos 60, 65, 82 anos dessa forma, como D. Zuleika chegou, sem haver um processo muito forte de estímulo centrado em algo espiritual, transcendente!

Mas, atenção: a proximidade da morte não nos transforma em pessoas melhores ou mais santas do que as outras. É verdade que dizem por aí que as pessoas idosas se aproximam mais da religião, mas nem sempre podemos creditar um fundo de verdade a esses boatos, porque também há muitos idosos desiludidos com a vida, com as pessoas, com a alegria e, inclusive, com a religião!

A alegria e a diversão pertencem a todas as idades. Elas não são próprias só das crianças ou adolescentes, muito menos dos jovens adultos que se divertem nos carnavais. Tudo depende da nossa disposição interior, que muitas vezes precisa ser cultivada à luz de um processo longo de autoconhecimento e espiritualidade.

Há muitas pessoas, e muitos(as) idosos(as) procurando novas formas de exercitar essa espiritualidade, que não seja só indo aos templos religiosos. Há aqueles(as) que descobriram na meditação um momento de concentração, ou que na yoga fizeram uma experiência de relaxamento e de encontro com o transcendente que as motivaram para as coisas da vida.

O que não pode acontecer com quem já passou dos 60 (ou até mesmo antes dessa idade) é se entregar ao tédio, ao desânimo ou pensar que a vida já não tem mais sentido, que a alegria e a diversão são próprias para quem é mais jovem! A espiritualidade é, portanto, uma chave de leitura para toda a vida, capaz de dar uma força e um ânimo excepcionais, como aconteceu com D. Zuleika, que bateu o recorde de bailes e desfiles nas noites do Carnaval carioca.

Prof. Dr. Vicente Paulo Alves
Pós-Graduação em Gerontologia, UCB
vicente@ucb.br



 
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