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Terceira Idade - O Domingo da Vida

A humanidade está envelhecendo. É fácil observar o aumento do número de pessoas na faixa dos setenta ou oitenta anos de idade e mesmo os nonagenários não são uma raridade. Aliás os cientistas afirmam que a idade genética do homem é de 120 anos e em alguns rincões afastados, onde ainda não reina o estresse, essa idade é freqüente.

Nos últimos cinqüenta anos a melhora das condições de higiene e saúde pública e o combate eficiente às moléstias infecciosas, tirou estas da situação de principais agentes de mortalidade, ao menos nos países mais desenvolvidos, e no lugar ficaram moléstias degenerativas, a arteriosclerose e o câncer, típicas do envelhecimento.

Mas quantidade de vida sem qualidade é antes um castigo do que uma benção. Para ter qualidade de vida é indispensável que nos preparemos para a terceira idade. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) a terceira idade se inicia aos 65 anos em países desenvolvidos e aos 60 no Terceiro Mundo. A antiga filosofia chinesa diz que a vida é dividida em 3 fases: a fase do aprendiz, a do guerreiro e a do sábio. Atualmente a fase do aprendiz tem que ser vivida intensamente para que nos preparemos para o mercado de trabalho. Também a fase de guerreiro é super importante, pois das nossas habilidades em usar os conhecimentos adquiridos depende tanto o sucesso bem como, muitas vezes, a sobrevivência nossa e da nossa família. Mas quase nada aprendemos sobre a fase do sábio.

A aposentadoria com freqüência é ansiosamente esperada como uma fase da vida de liberação do estresse resultante da tirania do relógio e dos inúmeros compromissos assumidos. Passados os primeiros meses de relax e euforia, os dias começam a ficar mais longos e já não sabemos mais como preenchê-los. O aposentado encontra-se diante do vazio e da sensação “não sirvo para mais nada, tenho que matar o tempo”, o que geralmente leva à depressão. Mas esta fase da vida pode ser usada para inúmeras atividades criativas que dão um novo sentido à vida. Basta manter o entusiasmo, palavra de origem grega que significa “Deus dentro”, Deus que é sopro divino, inspiração, alma.

Em São Paulo já existem muitas organizações que se ocupam da terceira idade. As grandes universidades têm cursos dirigidos especialmente para esta faixa, é só procurar na diretoria ou reitoria o programa destes. Vários centros do SESC oferecem diversas atividades para esta idade. Os grandes clubes promovem eventos e excursões para a terceira idade. Mas acima de tudo podemos reanimar aquelas habilidades que na correria da vida ativa tiveram que ser guardadas no fundo da gaveta. Muitos artistas, escritores, pintores, músicos, artesãos podem se revelar. Não há motivo para se isolar numa poltrona vendo intermináveis programas de televisão ou se afundar na bebida gastando o tempo em conversas fúteis.

O momento é ideal para escrever uma autobiografia, para repensar a vida revendo o passado através da tênue neblina do distanciamento que suaviza os contornos das lembranças, tornando-as menos ásperas e contundentes. Para, em um balanço geral, relembrar todos os momentos, os difíceis e sobretudo os bons. Esta é a oportunidade para se livrar do inútil, do supérfluo que se carrega por hábito, para concentrar-se no que realmente importa. Abrir mão dos apelos materiais e sobretudo dos afetivos. A hora é boa para rever o relacionamento com os outros, a família, os amigos e...os inimigos. Nesta nova análise muitas mágoas, ressentimentos e ódios podem parecer menos importantes, permitindo que o ódio seja substituído, se não for possível pelo amor, pelo menos por uma convivência pacífica. Um gesto tão simples como estender a mão a um antigo desafeto pode revelar-se uma verdadeira ponte sobre o abismo.

Também é o momento de usar a disponibilidade de tempo em benefício de causas comuns e assim encontrar uma nova finalidade de vida.

O nosso Ilha* neste sentido tem sido mais um exemplo. Aqui encontramos um bom número de condôminos de terceira idade que se dedicam à administração em diversas áreas, não somente beneficiando a comunidade, mas também aumentando a sua própria auto-estima.

“Qual alpinista que, chegado ao cume da montanha conquistada divisa, na suave luz crepuscular, horizontes nunca antes suspeitados, assim o homem e a mulher, chegados ao fim da idade madura e aliviados da pesada carga de obrigações podem olhar o panorama de seu futuro imediato ou distante sem apreensão e com otimismo”, diz no livro “Arte de envelhecer”, o professor Mira Y Lopez, médico e psicólogo.

Verônica Rapp de Eston
Profª. Livre Docente Associada Aposentada da Faculdade de Medicina da USP e Co-fundadora do Centro de Medicina Nuclear da USP

* - A Dra. Verônica, 90, se refere ao “Condomínio Ilhas do Sul”, onde reside e faz parte da Comissão de Convivência e Comunicação do Conselho Administrativo do mesmo.

 
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* Os artigos publicados no jornal Maturidades são de inteira responsabilidade dos autores
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