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Assunto encerrado?


Toda vez que penso em sugerir a pessoas mais idosas sobre a possibilidade de prosseguir em seu desenvolvimento pessoal e de investir em si mesmas, para sua plena realização, pergunto: Tem cabimento falar em prosseguir, em continuar a investir, quando tudo já deveria estar concluído?

Tem cabimento falar-se em continuidade, sim. O homem é um ser incompleto, ou melhor, um ser em permanente construção. Como ser pensante, dotado de arbítrio e consciente de sua situação no mundo, ele pode e deve construir seu desenvolvimento.
Desenvolvimento pleno é o objetivo e mesmo que não seja atingido, cabe a cada um definir metas que o conduzam à sua plenitude. E de que metas estamos falando? Em princípio, elas dependem dos valores de cada um: bem-estar, realização artística, realização profissional – todas de muito significado. Hoje, porém, gostaríamos de falar do aprimoramento emocional, tema que cabe a todos.

Quando se fala em aprimoramento, não se parte do zero. Parte-se do ponto em que se está. Sabemos de idosos que tomaram consciência de suas capacidades ainda intactas e que, agora, podem ser potencializadas com sabedoria. Tais casos, vistos como exceção, devem ser mais generalizados. E nem é necessário citar grandes nomes para se demonstrar a continuidade de desenvolvimento emocional e de aperfeiçoamento humano após os setenta, oitenta, noventa ou mais anos. Na maioria das vezes o impedimento para que ocorra esse potencial está entre os que nos rodeiam.

O pior de tudo é que o idoso, por acomodação, ou por se sentir frágil para reagir, acaba cedendo às limitações. Não apenas ele deve acreditar que tem um potencial a ser desenvolvido, mas os que o cercam devem confiar nele e estimular suas iniciativas.

O idoso de hoje é mais saudável, pelo menos do ponto de vista físico. Está na hora de cuidar com mais atenção do seu crescimento emocional, fundamental para melhor convivência.

É claro que estamos falando em mudança. Por onde se inicia um processo de mudança do comportamento humano? Se seguirmos um roteiro racional como modelo básico e adaptável à maioria das situações, diríamos que toda mudança de conduta tem sua raiz na forma de pensar, ou seja, na forma como a pessoa se julga a si mesma, num esforço de auto-avaliação.

A partir dessa avaliação, a pessoa passa a ter condições para definir os rumos a serem tomados na construção de uma nova etapa da vida. Trata-se de um ato de vontade, mudanças de valores, mudanças de atitudes perante a vida. Isso também significa dar continuidade ao processo de auto-realização, que para muitos já era considerado um capítulo encerrado.
Waldir Bíscaro - Psicologo
awbiscaro@uol.com.br




 
Edição Nº 29
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