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CONSIDERAÇÕES SOBRE AS FASES DA VIDA

Não gosto nem um pouco da imagem de que a vida consiste em nascer ao sopé de uma montanha, ir subindo, subindo, subindo até chegar ao topo, no auge da vida adulta, e depois começar a descer, descer, descer... Até encontrar o fim da jornada em algum ponto imprevisto.

Ora, pensar que envelhecer consiste em ir perdendo, pouco a pouco, cada uma das coisas que se foi ganhando desde a infância, durante a adolescência, e enquanto adulto jovem, até atingir a maturidade, é uma concepção muito triste e muito derrotista do envelhecimento! Pior: não corresponde aos fatos da vida!

Fiquei então procurando uma imagem que explicasse melhor o envelhecimento, ou pelo menos minha percepção do envelhecimento.

Não nego que envelhecer é difícil. Nem que é uma fase em que há perdas. Porém, também não é difícil ser criança? Ser jovem? Ser adulto? Por que será que há adolescentes que se negam a assumir seu papel de adultos, prolongando, espichando mesmo, uma idade que a rigor já se foi? Não será porque para eles é mais atraente continuar a ser adolescentes do que enfrentar as perdas que ocorrerão quando passarem para a vida adulta? E o mesmo "protesto", a mesma dificuldade, não aparece em crianças que se recusam a amadurecer, e insistem em comportamentos infantis que não se justificam mais? Além de não terem a menor vontade de perder traços, vantagens, comodidades típicas da infância, sentem um natural medo de viver o desconhecido de uma fase nova.

Não é exclusivo do adulto, que acaba de entrar para a fase de ser maduro, esforçar-se para prolongar o quanto pode sua fase de vida de adulto jovem. Ele sabe que haverá perdas e ele também tem medo do desconhecido que vem pela frente. Esse é um fenômeno que aparece em todas as mudanças de fase da vida. Para algumas pessoas, com muita força; para outras, mais discretamente; enquanto que para outras pessoas não chega a se manifestar, e elas mudam de uma fase para outra com suavidade e sem problemas.Felizes os capazes de abraçar a nova idade, seja ela qual for, com curiosidade, entusiasmo e alegria. Sem se lamentar do que perderam e sem se agarrar com unhas e dentes ao que já conhecem.

Por que será então que só se dá destaque ao fenômeno quando se manifesta na pessoa madura? Não é injusto? Talvez a única característica que só ocorre na velhice é que depois dela não há mais outra fase: ela é a última.

Prefiro imaginar que a vida, em vez de ser uma montanha que se sobe e depois se desce, é uma estrada que se percorre. Vai atravessando terrenos diversos, com características diversas, e ao percorrê-la nós precisamos nos adaptar a cada nova paisagem. Haverá ladeiras íngremes, a serem galgadas ou descidas penosamente; haverá trechos desérticos, sob sol escaldante, com solo cheio de pedregulhos pontiagudos; haverá trechos sob árvores frondosas, que fornecerão sombra e frutos, ou campos floridos. Em momentos, caminharemos animadamente em alegres grupos; em outros, cabe a nós vencer a distância sozinhos, quem sabe até no escuro.

A cada vez que a estrada nos introduz numa nova paisagem, precisamos descobrir a melhor maneira de transpô-la, de vencer obstáculos e, talvez, o que já sabíamos no cenário anterior não nos sirva mais. Temos que reunir energias e entusiasmo e nos concentrar em aprender essas novidades, pois essa é a melhor maneira de se conduzir essa viagem pela vida.

Do mesmo modo precisamos contemplá-la com olhos curiosos, sem preconceitos, para desvendar suas belezas e amenidades. Porém, só teremos a liberdade necessária para descobrirmos qualidades se estivermos desprendidos das belezas e vantagens das paisagens anteriores. Se ficarmos nos dedicando a relembrar como era belo o cenário que já percorremos, e a ficar comparando o que vivenciamos hoje com o que já foi vivenciado no passado, não teremos disponibilidade interna para as belezas do novo cenário.

É preciso relembrar que o novo costuma causar medo e para lidar com esse sentimento usamos de muitas desculpas e até de incríveis subterfúgios!

Partindo dessa imagem da vida como o percorrer uma estrada que atravessa diversas paisagens, concluímos que cada fase tem suas características. A velhice apenas é uma dessas fases; não se define por acumular perdas em relação a momentos passados: define-se por ter paisagens diferentes das já conhecidas!

A chave para se fazer uma viagem alegre, produtiva, saudável está em se ter muita flexibilidade, para que a gente consiga se adaptar às novas paisagens e tirar de cada uma delas o que de melhor possa nos proporcionar!

Dra. Maria Celia de Abreu;
Psicóloga, Mestre e Doutora pela PUC/SP
Psicoterapeuta e Criadora e coordenadora do IDEAC
www.ideac.com.br
ideac@uol.com.br



 
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