Selecione abaixo a informação que deseja visualizar.

Página Inicial
Curso da UAM
História do Jornal
Quem Somos
Crônicas
Astrologia
Aspectos Biopsicossociais
Com a Palavra o Professor
Gente Notável
Entrevista
Eventos & Notícias
Palavra Poética
Sabor & Saber
Turismo
Curiosidades
Caça-palavras
Cultura & Lazer
Carta do Leitor
Edições Anteriores
Videoteca
Galeria de Imagens
Fale Conosco
  Cadastre-se

 

 

 
Página inicial
   |   Contato


MOVA possibilita acesso à alfabetização

O que leva senhoras com mais de 60 anos para os bancos escolares? Como o idoso tem lidado com a necessidade de interação com a sociedade letrada? É o que temos tentado responder, por meio de um estudo, junto a idosas que participam de uma iniciativa de educação popular, na periferia de Guarulhos. Elas estudam há mais de um ano e já conseguem escrever seu próprio nome. Algumas já se correspondem com os familiares, por bilhetes. Outras já lêem a Bíblia e participam ativamente como leitoras.

Conforme pesquisa realizada pela Fundação Perseu Abramo, sobre as vivências, desafios e expectativas do Idoso no Brasil, 89% das pessoas, acima de 60 anos, não passaram da 8ª série do ensino Fundamental, 18% não tiveram nenhuma educação formal e apenas 4% chegaram ao 3º grau de escolaridade (completo ou incompleto). Entre os não idosos, 44% não passaram do Fundamental, 2% não freqüentaram escolas e 15% chegaram ao ensino Superior. Entre a população idosa, 23% dos sujeitos entrevistados declaram não saber ler e escrever, 4% afirmam só saber ler e escrever o próprio nome e 22% consideram a leitura e a escrita atividades penosas, seja por deficiência de aprendizado (14%), por problemas de saúde (7%) ou por ambos os motivos (2%).

No momento da coleta de dados, abril de 2006, apenas 2% dos idosos estavam estudando, contra 22% da população entre 16 e 59 anos mas, se pudessem escolher livremente, 44% gostariam de fazer algum curso.

Os resultados da pesquisa confirmam o que os profissionais da educação, envolvidos com o público idoso, sabem bem: a maioria dos idosos de hoje é a criança de um passado próximo, que não teve acesso à escolarização e, desse contingente, grande parte ainda sonha em estudar.

O crescimento do número de instituições públicas e privadas, que oferecem programas universitários para a maturidade, atende a uma parcela desses idosos ávidos por ampliar seus conhecimentos. Por outro lado, faz-se necessária a oportunidade de acesso à educação básica, para aquela maioria que não domina a leitura e a escrita.

Uma das iniciativas que vêm ao encontro dessa demanda é o Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA-Guarulhos) que, desde 2002, tem possibilitado o acesso de jovens e adultos, em espaços de educação não-formal e intergeracional, à alfabetização por meio do trabalho voluntário de educadores leigos, indicados por entidades sociais, sem fins lucrativos, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Guarulhos.   

No âmbito desse movimento, temos realizado uma pesquisa sobre a motivação de idosas para a alfabetização. Por meio de um trabalho autobiográfico, tivemos contato com as expectativas e dificuldades de um grupo composto por sete idosas entre 60 e 73 anos, ao longo do ano de 2006. Foram realizados 19 encontros de narração de histórias de vida, sete entrevistas individuais e três atividades externas: visita a uma hípica, participação na II Conferência Municipal do Idoso e passeio ao Zoológico Municipal de Guarulhos.

A vivência com o grupo tem mostrado que a alfabetização é algo que transcende a simples decodificação da língua escrita. Ela é o mote para uma vivência social muitas vezes negada para as idosas desfavorecidas, sócio-economicamente: sem acesso a outros espaços culturais e de lazer, elas encontram, na sala de aula, companhia, afeto, reconhecimento, apoio, solidariedade e contemplação de muitas outras necessidades humanas, que se situam, no caso estudado, paralelamente à construção do conhecimento. Em outras palavras, as idosas encontram, na sala de aula, um espaço de atuação social, no qual elas se sentem parte integrante de uma comunidade de afeto e de conhecimento, o que só vem a reforçar a percepção de sua existência, como um ser capaz de aprender cada vez mais.

Para saber mais sobre esse trabalho, acesse: www.projetoacolhendo.org

Patrícia Claudia da Costa Fridman
patriciaclaudia@usp.br



 
Edições Anteriores
Edição Nº 29

 

* Os artigos publicados no jornal Maturidades são de inteira responsabilidade dos autores
(que exprimem suas opiniões e assinam seus artigos) devendo ser encaminhada
a estes toda e qualquer sugestão, crítica ou pedido de retratação.
       
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo • PUC-SP - Design DTI•NMD - 2016