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Literatura e encantamento

Li, recentemente, um livro de Domingos Pellegrini chamado Mestres da Paixão. Ao longo de seu texto autobiográfico, o autor discorre sobre diferentes tipos de professores que deixaram seu amor pelo que ensinavam impresso na qualidade de suas aulas, na sua proposta educacional e na sua perspectiva de vida. A obra naturalmente nos faz pensar em nosso exercício diário em sala e quanto sofremos para transmitir essa paixão aos alunos que parecem mais interessados em jogar futebol ou aparecer na capa das revistas.
O professor de literatura também não escapa à dura realidade docente. Cabe a esse profissional, num esforço quase solitário, tentar promover o gosto pela leitura e apresentar os conceitos básicos de Teoria da Literatura. Geralmente enfatizados no Ensino Médio, o professor tem três anos para convencer os alunos da importância dos clássicos. Além disso, é preciso prepará-los para o futuro. Afinal, muitos desses alunos nunca mais discutirão Literatura após o término da escola, já que a escolha de suas carreiras pode fazer crer que os textos literários devem ficar enterrados no passado juvenil.
Os professores de literatura, principalmente os do Ensino Médio, deparam-se sempre com as mesmas questões: os alunos têm sérias dificuldades em interpretação de texto, problemas de vocabulário, falta de contato com os livros. Então, ao vermos tantos obstáculos, colocamos a culpa nesses estudantes que não encontram razão de ser nos livros em plena era da Internet, de belas modelos que largam a escola na adolescência e jogadores de futebol multimilionários (como se essas e outras profissões prescindissem da busca pela informação). Além disso, nós, professores, que temos na lida diária inúmeros percalços, culpamos a sociedade, os baixos salários, o interminável número de horas diárias de trabalho e exaustos, entramos em sala de aula, um Coliseu, esperando enfrentar os leões prestes a devorar os cristãos.
Entretanto, como demonstra Pellegrini em seu livro, ainda assim, há aqueles que conseguem superar as dificuldades e expor seu amor pelo conhecimento aos alunos (interessados ou não). E como fica o professor de Literatura sob essa perspectiva?
Devemos encarar os fatos. Impossível lecionar a disciplina sem ser um apaixonado por ela. De outra forma, torna-se um martírio a ser levado adiante, nada mais. E se os nossos olhos não brilham quando falamos de nossos autores prediletos, então algo está errado. De modo que o primeiro passo para o profissional de Literatura é perguntar-se se está no lugar certo, trabalhando com a matéria certa. Uma sincera autoanálise pode fazer com que o professor encontre novos rumos para sua carreira ou repense suas atividades cotidianas.
No entanto, se os textos literários são a sua grande paixão, temos um começo. Depois, é preciso avaliar: O que sei sobre Literatura? Estou apto a lecioná-la? Sei escolher textos adequados à faixa etária de meus alunos? Sei como preparar uma aula de Literatura que prenda a atenção de adolescentes? Consigo transpor a realidade dos clássicos para o contexto atual? Consigo fazer com que os alunos vejam a importância do legado cultural que romances, contos e poemas representam para um país?
As pessoas fazem escolhas e, talvez, você chegue à conclusão de que prefere ler livros de autoajuda aos textos clássicos sugeridos pelo cânone oficial. Essa é uma decisão que só você, profissional da educação, pode tomar. Entretanto, se decidir encantar os seus alunos com os apaixonantes textos legados por nossos escritores, faça-o plenamente: com o seu coração, com o seu conhecimento e com a crença de que o seu exemplo pode deixar rastros tão marcantes quanto os que deixaram os mestres de Domingos Pellegrini.



         

Mônica Éboli De Nigris
monicaeboli@hotmail.com

 

 
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Edição Nº 29
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