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SORRIDENTE E SEM AMARRAS




“A maturidade é não ter sentimento de culpa. O que está no passado e você não consegue mudar, então o melhor é fazer certo agora!”


Logo que entrou na UAM – Universidade Aberta à Maturidade, da PUCSP, Nilde Tavares Lima, 75 [aluna de 1999 a 2001], inscreveu-se no curso opcional de Informática com a Profa. Vitória Kachar e, logo, interessou-se pelo nosso jornal, que dava os seus primeiros passos, o Compuctador. Nilde, com seu sorriso espontâneo, simpatia e competência, muito contribuiu para o jornal e ainda nos prestigia com suas visitas e colaborações.

Desde pequena as cores e a música foram suas companheiras. Com pequenos pedaços de giz de alfaiate, que seu pai trazia para casa, o desenhar era uma atividade lúdica e criativa, e por ser, também, privilegiada com uma bela voz e memória musical, encantava parentes e amigos ao cantar o Hino Nacional, com apenas 3 anos de idade.

Como não podia deixar de ser, fez cursos de pintura em porcelana e, logo, suas faianças foram e são objetos de exposições e merecidos prêmios.

“A cor, a pintura e o desenho, acompanharam toda a minha vida”, disse Nilde.

Com a música, não foi diferente. Formou-se em piano e canto no Instituto Musical de São Paulo, fez o Curso de Extensão Musical no Conservatório Musical do Jardim América e o Curso de Extensão de Folclore Brasileiro no Conservatório Dramático Musical de São Paulo. Enquanto estudante, participou de bandinhas como solista de percussão, de violão e fez parte de orfeões, onde teve a oportunidade de se deliciar com a Bossa Nova.

Durante muito tempo lecionou música, até que, aos 45 anos, resolveu fazer Direito. Um susto para a família!

“... mas como,... da música para o direito?”, ela lembrou a contrariedade de seus pais.

Sim! Prestou vestibular em 1979, entrou no Direito da PUCSP, formou-se em 1984 e, em seguida, prestou os exames da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, passou e exerceu a profissão por 6 anos em escritório de advocacia. Aliás, experiência que muito lhe serviu no momento em que teve de assumir a administração de sua casa, com o envelhecimento de seus pais.

Foi neste período de PUC que Nilde teve aulas com o Prof. Jordão, sociólogo e gerontólogo, na disciplina de Sociologia. Ele já se preocupava com os problemas decorrentes do envelhecimento e propôs aos seus alunos montarem um projeto de uma casa para idosos, que atendesse as necessidades básicas dos mesmos. Nessa ocasião, Nilde muito contribuiu com a experiência que tinha vivenciado com seus pais. Mais tarde, ao freqüentar o TUCA, chamou-lhe a atenção um anúncio sobre a Universidade Aberta à Terceira Idade, na época a UATI. Não teve dúvida. Matriculou-se.

Hoje, voltou a estudar canto para impostar e recolocar seu timbre natural de voz [soprano]. Foi uma vitória ao consegui-lo com as aulas magistrais da cantora Profa. Lenice Prioli.

Sempre encantada com os sons e grande conhecedora de música, faz parte do Orfeão da Terceira Idade do SESI-Vila Leopoldina, onde canta e auxilia os coralistas. Canta também no Coral do Instituto “Authos Paganno”.



“A arte ajuda. Pode ser que não cure totalmente, mas se por dentro a pessoa estiver menos infeliz, por fora ela estará mais feliz”.





SEUS SENTIMENTOS

Jornal Maturidades – Você não é aquela mulher que fica na janela vendo a vida passar...

Nilde Tavares Lima – Não. Sou sozinha por opção. Gosto de ficar no meu cantinho, com a minha solitude, pinturas, músicas e livros. Não vejo o tempo passar e não sofro de solidão. Dou espaço para exercícios físicos [que faço por obrigação], pintura, canto, leitura e viagens.

JM – O que é fé para você?

Nilde – Sou espiritualista. Parto da fé raciocinada. Através da confiança, crença em Deus e nas minhas próprias possibilidades, consigo transpor os obstáculos. Isso para mim é “fé”.

JM – Amor?

Nilde – É tudo. Não posso fazer nada se não tiver um sentimento amoroso. Não posso cuidar nem mesmo de uma planta, um animal, porque se eu não perceber a importância que eles têm na terra, não teria a capacidade de amá-los. Não é o mundo que tem de vir a você, é você que tem de sair de si mesmo para olhar as coisas, e isso se dá na medida em que você sai do seu comodismo e das suas paranóias. O amor tem que permear todos os nossos atos.

JM – Família?

Nilde – É a célula mater, a base de tudo, é a lei em que se constrói a personalidade, onde se criam grandes vínculos e grandes ódios. As famílias, antigamente, eram quase que um grilhão. Hoje, os mais idosos estão entendendo que cada um tem sua personalidade. Que bom que há mais conversa, mais diálogo. É desejável que a família não seja uma estrutura tão rústica, dura, mas que seja permeada pelo sentimento da compreensão e do amor.

JM – Envelhecer?

Nilde – É uma glória! Porque não é todo mundo que envelhece...

JM – Velhice?

Nilde – A velhice traz alguns componentes que, realmente, à medida que o tempo passa, temos que aprender a conviver com as limitações que vão aumentando. Infelizmente, não temos uma política brasileira adequada, estrutura e cultura direcionadas para amenizar o envelhecer.

JM – Qual é o seu melhor amigo?

Nilde – É aquele com quem consigo conversar e trocar idéias e que, às vezes, são poucos. Não vou dizer que o melhor amigo é fulano, mas é aquele que no momento em que está do meu lado eu consigo estar bem. Às vezes, sentado num banco de ônibus, você tem a oportunidade de aprender ao conversar com a pessoa ao seu lado. Naquele momento, ela pode ser seu melhor amigo.

JM – Motivos para comemorar...

Nilde – A vida é linda! Eu acho que tudo funciona, maravilhosamente bem, só que o ser humano às vezes atrapalha... Eu comemoro a vida TODOS os dias.

“É duro ficar velho, mas se você está bem, tem algumas coisas que te ajudam a ficar melhor: arte, comunicação, família, convivência, cursos de terceira idade, ginástica, canto... Essas coisas enfeitam a vida”.

MOMENTOS MARCANTES DA VIDA
Por Nilde Tavares Lima

1º Meu nascimento, porque eu passei por situações difíceis para conseguir um corpo.

2º Minha infância. Fui uma criança feliz.

3º Conseguir entrar em um conservatório musical e fazer todo o curso.

4º Entrar e concluir o curso superior de Direito, porque eu tive que quebrar padrões familiares. O direito me deu uma infra-estrutura que eu não tinha, eu saí do mundo astral para o real.

5º Um momento de muita sabedoria foi quando assumi a responsabilidade da casa, tendo a minha mãe viva. Eu vim de uma família muito fechada e autoritária. Para minha mãe não foi fácil e para mim menos ainda, mas eu consegui assumir essa responsabilidade sem criar traumas.

6º As viagens que eu fiz. Cada uma delas me mostrou uma visão de mundo,... A possibilidade do aprendizado in loco...

7º Um dia me dei conta que não tinha ninguém para se preocupar comigo e que nem eu tinha que me preocupar com ninguém e percebi que, de repente, eu estava livre, sem amarras!

Entrevista e texto: Célia Gennari e Ignez Ribeiro
Fotos: Célia Gennari

 
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