“Conheci Sueli Van Haute Carrasco no curso de ‘Iniciação à Informática’ da UAM-PUC/SP, em 1997. Muito simpática, mas reservada, desde o início se mostrou muito atenta às aulas, buscando vencer sempre as dificuldades no manejo daquele ‘monstro’. Em qualquer momento era possível contar com ela, fosse para um esclarecimento ou ajuda. Na equipe do, então, jornal “O ComPUCtador”, desde sua criação em 1998, até os dias de hoje, quando da sua expansão para a Internet, com um nome mais adequado ao seu momento: “Maturidades”, Sueli é um elemento indispensável com suas contribuições ao pesquisar e escrever o “Sabor & Saber” e insubstituível na organização e guarda de todo o material. Ela é a responsável por facilitar o trabalho de toda a equipe pelo que lhe somos muito gratas.”
Ignez Ribeiro
Jornal Maturidades – Qual a história do seu nome e sobrenome?
Sueli Van Haute Carrasco – Meu nome foi escolhido pela sobrinha e amiga inseparável da minha mãe, que tinha a mesma idade dela. A filha desta sobrinha tinha o nome de Eli, daí veio a sugestão de ser Sueli, aceita rapidamente pelos meus pais. Quanto ao sobrenome Carrasco recebi quando casei, que por sinal não condiz nada com o meu marido, que é um doce de pessoa [risos].
Jornal Maturidades – E o sobrenome de solteira, Van Haute, qual é a sua origem?
Sueli – É de origem belga.
JM – Tem alguma história sobre a data do seu nascimento?
Sueli – A data do meu nascimento, 11 de setembro, a partir de 2001 ficou marcada para mim, como o dia em que o nosso planeta presenciou o maior ato de covardia – uma série de ataques terroristas contra alvos civis, coordenados pela Al-Qaeda nos Estados Unidos da América.
JM – Você é de São Paulo?
Sueli – Sou Paulistana de nascimento e coração. Amo esta cidade. Não sei se conseguiria viver longe daqui. Até seu barulho me faz falta quando vou para Suarão, cidade do litoral paulista. Não é por acaso que gosto da canção: “Alguma coisa acontece no meu coração, que só quando eu cruzo a Ipiranga com a Avenida São João...”
JM – Como era sua família?
Sueli – Era uma família unida e alegre. Nela tudo era motivo para comemorações. Fui muito amada e paparicada, principalmente por minha irmã, dez anos mais velha. Lembro que ela me levava para passear pela Avenida Pacaembu no seu carrinho de boneca. Até hoje ela interpreta o papel de mãe postiça.
JM – Qual era sua brincadeira preferida de criança?
Sueli – Eu adorava brincar de bailarina. Dançava vários ritmos. Na minha casa todos gostavam de música. Meu pai adorava frequentar bailes e estava sempre dançando com a minha mãe, o que me influenciou diretamente.
JM – Como foi sua adolescência?
Sueli – Muito feliz, porque foi nesta adolescência que pude fazer o que mais queria, que era estudar balé na melhor escola de São Paulo. E foi também nesta época que aprendi a amar São Paulo incondicionalmente. A escola ainda se localiza no centro velho e naquela época, sempre nos meus trajetos de ida e volta eu ia aprendendo a história de cada canto dessa maravilhosa metrópole.
JM – Balé? Que novidade é essa?
Sueli – Foi uma coisa de adolescente. Eu tinha entre 11 e 12 anos. Aos 17 resolvi parar, porque não era mais o que eu queria. Nessa época, o meu sonho era ser parteira. Meu pai cortou a conversa de imediato: - “Faz o Normal ou qualquer outra Escola Profissional para moças”. E, fim de papo!
UNIVERSIDADE ABERTA À MATURIDADE - UAM
JM – Desde quando você está na UAM da PUC?
Sueli – Estou desde 1997. Escolhi fazer esse curso para aprender a envelhecer, estando sempre atualizada. Nestes 12 anos de frequência, não me arrependo nem um só dia.
JM – Como é sua relação com as colegas de classe?
Sueli – Uma relação amigável e respeitosa por todas. Porém, consciente de que na vida não agradamos totalmente a todos...
JM – Qual a matéria que você mais gosta do curso?
Sueli – Nestes anos tivemos uma grande quantidade de boas matérias e um saldo pequeno de toleráveis. Mas como você esta me perguntando uma, foi “Iniciação a Informática”, com a qual pude desmistificar o “monstro” computador e a partir daí me aventurar a escrever, através de pesquisas realizadas na Internet.
JM – Qual é a troca entre você e a UAM? O que você sente?
Sueli – Não vejo troca, existe sim uma interação entre a Sueli e o curso.
JM – O que mudou em você nos últimos 10 anos? Tem a ver com os conhecimentos e relações adquiridas na UAM-PUC/SP?
Sueli – Quase tudo. Saí do meu mundinho, cresci verticalmente. Aprendi muito com o curso e com o intercâmbio de experiências vividas pelas colegas de turma.
PENSAMENTOS E IDÉIAS
Dia-a-dia
JM – Como é seu dia-a-dia?
Sueli – É bem agitado e se tende a ficar calmo procuro logo algo para fazer.
JM – Qual é a receita para lidar com a rotina?
Sueli – Por mais que eu tente, não consigo me livrar totalmente da rotina, porém sempre busco alterar algo no meu dia para que a monotonia não me pegue.
Atividades
JM – O que você não gosta de fazer?
Sueli – Não gosto de fazer compras domésticas em geral. Agradeço todos os dias a Deus por ter posto em minha vida, “São Ginez” – meu marido, que as faz por mim e sem cobrança nenhuma [risos].
JM – Tem alguma coisa que ainda não fez, gostaria de fazer e que está ainda nos seus planos?
Sueli – Tem muitas coisas que ainda estão por fazer, mas o que eu gostaria no momento é fazer uma viajem à Toscana na Itália.
JM – Por que Toscana? O que tem lá que te atrai?
Sueli – Depois de assistir o DVD do Andréa Bocelli: Vivere – Live in Toscany, filmado na paisagem maravilhosa da Toscana e assistir o filme “Sob o Sol da Toscana”, que além da paisagem incomparável é uma aula de renovação de vida, de cultura, de aprendizado, enfim, de novas perspectivas, senti que esse seria um “momento” importante para ser vivido.
Relacionamentos
JM – O que você não gosta nas pessoas?
Sueli – A arrogância, pois ela cria um abismo entre todos.
JM – O que você admira nas pessoas?
Sueli – Admiro a lealdade e a fidelidade, as duas caminham juntas e são essenciais ao ser humano.
Fé
JM – No que você acredita?
Sueli – Acredito em Deus, ele é importantíssimo para mim, o sinto sempre presente em minha vida.
Família para você...
JM – O que é a família?
Sueli – Família é: respeito, bengala, porto seguro e fonte de amor.
JM – O que é o casamento?
Sueli – Para mim é uma escolha séria, com direitos, deveres e cumplicidades, no qual não devem existir cobranças.
JM – Qual a base da educação que deu para seus filhos?
Sueli – Foi de muito amor, respeito e responsabilidades por seus atos.
JM – Qual a importância deles na sua vida?
Sueli – Acredito que sem eles a minha vida seria muito sem graça. Quando aprontam, eu me questiono: “Será que fiz um bom trabalho com meus filhos? Ai, percebo que os dois me completam, o mais novo é meu guru, meu professor. O mais velho me dá exemplos com suas atitudes de como ser paciente com outros e com a vida.”
JM – O que te dá orgulho nos seus filhos?
Sueli – Orgulho-me dos homens guerreiros que são, estão sempre na luta e não esperam nada cair do céu.
JM – Netos?
Sueli – Foi o melhor presente que Deus me deu. O bom de ser avó é poder curti-la com intensidade sem comprometimentos e mimá-la bastante também!
Sentimentos
JM – Como você vê o mundo?
Sueli – Atualmente ele me assusta. Nunca na história da humanidade o mundo e seus valores mudaram tão rapidamente. Questiono:
“Será que conseguirei acompanhar todas as mudanças do mundo com a rapidez exigida?”
JM – O que é o amor?
Sueli – Amor é doação sem pedir nada em troca.
JM – O que é viver bem?
Sueli – É estar bem consigo mesma, é ter saúde física e mental, é procurar aplicar a psicologia do positivo nas horas de dificuldades.
JM – O que é felicidade? Como você sente a felicidade? Como você sente que as pessoas vêem a felicidade?
Sueli – Felicidade é estar bem interagida com “o sentir”. Sinto a felicidade quando sou respeitada, amada nas minhas atitudes. As pessoas interpretam a felicidade como o aumento de seus bens materiais adquiridos, mas esquecem que felicidade é um estado de espírito.
JM – O que você acha dos encontros e desencontros que acontecem na vida?
Sueli – Acho normal. Já pensou que chatice seria não ter que enfrentá-los? Água parada apodrece.
JM – O que você valoriza?
Sueli – Os valores morais e os bons costumes, hoje tão esquecidos e fora de moda para alguns.
JM – O que te preocupa?
Sueli – A banalização pela vida.
JM – Você atingiu o seu objetivo de vida?
Sueli – Ainda não. Nosso objetivo de vida só se acaba quando estivermos na horizontal, definitivamente.
Idade
JM – Envelhecer. O que é isso para você? Como você encara o envelhecer?
Sueli – Envelhecer é a fase em que você está mais experiente, que lida melhor com as situações e resolve os problemas com mais sabedoria. Não é a “melhor idade” como muitos interpretam. As limitações chegam e são difíceis de serem encaradas.
JM – E a morte?
Sueli – É a única certeza que eu tenho na vida.
JM – Você tem uma história de longevidade na família, está preparada para viver bastante?
Sueli – Vivenciei uma linda história de longevidade, minha mãe viveu até os 93 anos, 90 dos quais bem atuante, consciente de suas limitações, com muita dignidade, dando amor e recebendo-o. Estou sim preparada para viver bastante, se for a vontade de Deus, pois os exemplos de minha mãe me serviram como receita para atingir esta longevidade.
Sueli pela Sueli
JM – Como é a Sueli?
Sueli – Sueli é apaixonada pelos seus, adora estar de bem com a vida, exigente com ela mesma, não vive sem organização, ama e acredita no ser humano, não gosta de se preocupar por antecipação e sofre da “Síndrome de Poliana”.
JM – “Síndrome de Poliana”? Como assim?
Sueli – É simples. Aplicar a psicologia do positivo.
JM – Se fosse para repetir a sua vida você mudaria alguma coisa?
Sueli – Deus foi generoso comigo. Vivi e ainda vivo muito bem não tenho do que reclamar. Porém, gostaria saber lidar melhor com a maturidade.
JM – Sua vida teria sido diferente se você...
Sueli – Se eu tivesse estudado mais, se eu tivesse nascido em outro país...
Dica da Sueli
JM – O que você gostaria de deixar de sugestão para outros idosos e/ou pessoas em processo de envelhecimento?
Sueli – Uma das maiores virtudes do ser humano é saber envelhecer, aceitando as limitações que este envelhecimento lhes impõe. É importante trabalhar para que, nesta altura da vida, não tenhamos preconceitos, intolerâncias e que saibamos respeitar as diferenças.
JM – Uma mensagem para suas colegas e amigas leitoras? “Estar sempre de mente, coração e braços abertos para o novo, mas jamais deixar escapar os valores morais.”
Célia Gennari
celia-gennari@uol.com.br
Ignez Ribeiro
ignisignis@uol.com.br
Fotos:
Célia Gennari
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