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Arte de viver com Arte

Conhecer Adelina Clara Motta Siqueira, 79, “quase 80”, como ela mesma diz, foi uma experiência gratificante. Adelina não faz só Arte. Ela faz de sua vida uma “Arte”.

Para quem não fazia nada de desenho,  chegando  a ficar de segunda época nessa matéria, ela progrediu muito e venceu cada etapa sem esmorecimento. Começou a copiar cartões de Natal para seus netos, lá por 1989 e pegou gosto, descobriu seu talento e já nesse mesmo ano, sob a orientação do artista plástico Sakae Tokomoto [Sesc Pompéia], aprimorou a arte que já existia dentro dela, desenhando até modelos vivos. Uma das coisas que lhe dava maior prazer era desenhar rostos, copiava-os dos fascículos dos Pintores Notáveis e para começar, nada menos que: Van Gogh. Sua primeira exposição [de desenho] foi em 1992, aos 64 anos. Não parou mais.

Depois do desenho, a pintura. Com a artista plástica Ildegard Tress entrou no B-E-A-B-Á do mundo mágico das cores e dos pincéis. Entre os anos de 1994 e 2000, participou de exposições no Arquivo do Estado, na Associação dos Funcionários Públicos, no Clube dos Oficiais. Com a arte, foram vencidas dificuldades emocionais [viuvez], de saúde e familiares. “A pintura foi uma benção para mim, porque eu tinha sofrido uma queda brusca com a perda do meu marido e aquilo foi me entretendo bastante. Foi a pintura que me deu um suporte. Com ela eu também aprendi a observar muito mais a natureza e tudo ao meu redor”, explica Adelina. “O céu e o mar são os meus xodós na pintura”.

Persistente, após passar por problemas de saúde, descobriu bem perto de sua casa, em 2003, o professor de pintura Nerces Darakdjian, e com ele começou a ter um novo olhar para paisagens, céu, mar e flores. “Enquanto pinto parece que crio um mundo novo para mim, uma vida nova”, explica Adelina.

As exposições se sucederam e a venda dos quadros também. Sozinha, organizou uma vernissage individual, que nomeou “Luzes do meu Caminho”. Surpreendeu-se ao se ver capaz dessa realização, que aconteceu no Cantinho Cultural do IPREM, Zona Norte de São Paulo. Nessa oportunidade, teve a participação do “Grupo Vocal Comunicação”, da regente Lydia de Godau, do qual faz parte, que fez questão de prestigiá-la.

Não se cansa de dizer que a descoberta de sua veia artística foi surpresa para toda a família. Pois de repente, “a tímida, a fechada, a quase muda”, começou a cantar, tocar piano e pintar. A simpática e pequenina senhora iniciou seus estudos de piano em 1985, aos 48 anos. “Quando toco piano, fico assim meio nas nuvens... às vezes, até me perco de tanto que me eleva... Especialmente quando toco o Noturno nº9, de Chopin, em Si maior”, comenta Adelina, que sempre teve uma predileção pelo  compositor.

Mas a incansável Adelina, mais ou menos na época em que começou a pintar, entrou para o “Grupo Vocal Comunicação”, regido por Lydia de Godau. Para quem sempre gostou de cantar e na juventude tinha participado de coros, o interesse do neto pelo assunto foi só um empurrão. Três gerações de sua família estiveram juntas cantando: avó, filha e neto, mas só Adelina persistiu e é assídua a todas as apresentações e viagens, sempre contribuindo com sua voz, alegria contagiante e presença marcante. Há 15 anos, um exemplo de energia e participação para todos do grupo e para o seu público. “Minha filha diz que gostam de mim no coral, porque eu demonstro muito que gosto do que estou fazendo... ‘Você canta alegre!’. E, agora, com esta cabeleira branca, bem no meio do coro, só posso chamar a atenção mesmo... [risos]”, comenta a alegre senhora.

Adelina é aposentada da prefeitura há 25 anos, tem 4 filhos, 9 netos e um bisneto de 2 anos. É um exemplo para a família e para os amigos, que lhe dão total apoio. Gosta do que faz e o faz com alegria e competência, certamente é uma motivação para todos que dela se acercam.

“Há pessoas, bem mais moças do que eu [risos], que ficam trancadas dentro de casa, não gostam de sair... Não dá para ficar em casa, fica rabugenta, cada vez pior e mais fechada. Eu, desde criança, era fechada, de repente mudei, sinto que mudei... Às vezes, nem me reconheço. Não tem idade para começar. Saber viver não tem idade”.
Adelina Clara Motta Siqueira, 79 anos

Fotos: Célia Gennari

Célia Gennari
celia-gennari@uol.com.br

Ignez Ribeiro
ignisignis@uol.com.br

 
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