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Afinal, de quem é a feijoada?


AFINAL, DE QUEM É A FEIJOADA?

Quando se fala em tradição da culinária brasileira, logo pensamos em feijoada - feijão preto cozido, lingüiças, carne, orelhas, rabo e pés de porco - servida com arroz branco, couve refogada, farofa e laranjas em fatias. É onde o branco e o preto se completam harmoniosamente, como as teclas de um piano.
Segundo o pesquisador e historiador Ivan Alves Filho, a feijoada é uma criação coletiva, antiga e anônima, fruto da evolução do feijão preto, do charque indígena e do arroz selvagem, fartos nas terras que vieram a formar o Brasil.
Sem fundamento na tradição, muitos acreditam que sua origem nasceu na senzala, entre o período da Colônia e do Império. Prato criado pelos escravos, com restos do porco (orelha, pé, rabo e língua), partes desprezadas pelos senhores dos engenhos de açúcar, fazendas de café e minas de ouro.
Carlos Augusto Ditadi, técnico em assuntos culturais, do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, alega que "a origem não passa de lenda, nascida do folclore moderno, numa visão romanceada das relações sociais e culturais da escravidão no Brasil". (artigo da revista Gula, maio de 1998).
O maltrato a que os afros e afro-descendentes foram submetidos durante a escravidão também se estendeu à cozinha. No dia-a-dia eles comiam basicamente farinha de milho ou mandioca, feita com água e outros complementos. Esse angu (receita da senzala) era sem sal, pois na época o ingrediente era oneroso para ser consumido por eles. Podiam entrar no pomar, mas não por bondade de seu amo e senhor, mas sim, porque precisavam comer laranja para evitar o escorbuto - doença hemorrágica causada pela carência de vitamina C.
A porção de comida era a mínima necessária, para que não enfraquecessem e continuassem aptos para o trabalho, pois custava caro no mercado o escravo.
Quanto ao feijão preto, ele era muito abundante no Brasil. Era servido aos escravos, sempre magro e pobre. Somente em ocasiões especiais, como no final da colheita, eles recebiam pedaços de charque ou carne fresca. Não há nenhuma referência conhecida a respeito de uma humilde e pobre feijoada, elaborada no interior das infelizes senzalas. "Nas fazendas existiam dezenas e dezenas de escravos; imagine quantos lombos e pernis a Casa Grande teria de consumir, para que esses restos alimentassem tantos escravos", ironizou o sociólogo Gabriel Bolaffi no seu livro A saga da comida, editado em 2000.
O mais provável é acreditar que a feijoada tem influência européia, vinda com os nossos colonizadores e exploradores. Muitas receitas dos portugueses, especialistas na arte do cozido, acrescentavam ao feijão as partes menos nobres do porco.
Guilherme Figueiredo, em seu livro Comidas Meu Santo, publicado em 1964, foi o primeiro a escrever que a Feijoada não nasceu na senzala. Para ele é uma degeneração do "cassoulet" francês. Pelo mundo afora existem pratos semelhantes à feijoada e nunca foram relacionados com a escravatura. Na Espanha "cozido madrileño", na Itália "casoeula milanesa", ambos preparados com grão de bico, a mesma evolução da feijoada.
Com o caminhar do tempo, ela foi incrementada com outros tipos de carnes e legumes. Foi criada inclusive a feijoada vegetariana! Transformou-se assim em sinônimo de reunião social e na maior obra-prima da cozinha brasileira.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Feijoada_brasileira "Feijoada (Brasil)" (5/10/07)
http://www.mmais.com.br "Origem nobre do mais típico prato brasileiro" (30/07/04)

Sueli Carrasco
sueli.carrasco@uol.com.br

 
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