“Verde que te quero verde” (...)
(Federico García Lorca – 1889 -1936 – poeta, dramaturgo e vítima da intolerância humana).
Muito antes de o homem inventar a linguagem escrita, para elogiá-la, Deus criou a oliveira, com o seu fruto, a azeitona.
“Verde que te quero verde”, tem quem as prefiram verde, outros madura, a azeitona, é de formato ovalado, caroço comprido, polpa carnuda e rica em óleos. Quando imatura, tem cor verde e quando amadurece, púrpura, marrom ou preta. Não é um fruto que se pode colher e comer no pé, pelo sabor muito amargo, o que o torna insuportável ao paladar, requerendo assim um tempo de cura.
Não se pode afirmar onde foi cultivada pela primeira vez. Para alguns pesquisadores na Síria, Líbano e Israel. Para outros a oliveira (Ólea europaea) é originaria do sul do Cáucaso, das planícies altas do Irã ou do litoral mediterrâneo sírio e palestino. Pode também ter surgido nas ilhas de Creta, sul da Grécia (registros foram encontrados em relevos e relíquias da época minóica 2500 a.C).
O surgimento da oliveira está relacionado com a criação do nome da cidade de Atenas. Conta a lenda que os deuses Atenea e Posêidon discutiram, para saber quem daria o seu nome à cidade. Resolveram então que quem realizasse o feito mais útil para a humanidade, teria a honra. Posêidon, com um golpe de seu tridente sobre uma rocha, fez surgir um belo e forte cavalo, animal útil para guerra. Atenea, impressionada com o feito, golpeou com a ponta de sua lança a terra e fez crescer uma oliveira. E na sua infinita bondade, ensinou como cultivá-la e produzir óleo, para iluminar a noite e suavizar a dor dos feridos. Passou a ser adorada como deusa da agricultura e emprestou o seu nome à cidade.
Na Grécia, a árvore foi símbolo da paz e da vitória, de seus ramos trançados foram feitas coroas, usadas pelos vencedores dos jogos olímpicos. Durante as guerras os antigos gregos queimavam as oliveiras dos inimigos para matá-los de fome.
Nas civilizações antigas ela tem lugar de destaque nos textos religiosos: no Gênesis a pomba traz a Noé, um ramo de oliveira, para lhe mostrar que o mundo reviveu. O fruto estava na bagagem dos reis magos, quando visitaram Jesus em seu nascimento. No horto de Getsemani, atualmente vivem oito grandes oliveiras que viram Cristo rezar, chorar e morrer.
Não se sabe como o cultivo das oliveiras chegou ao Mediterrâneo, se pelos gregos ou pelos fenícios. O que se sabe é que os romanos estenderam seu cultivo por todo o império desde a África até a península Ibérica.
O maior produtor mundial de azeitona é a Espanha, com cinco milhões de toneladas por ano, depois Portugal, Itália, França, Grécia e Turquia.
No cinema também teve seu papel como coadjuvante, no filme Sob o sol da Toscana, comédia romântica do diretor Audrey Wells, cuja personagem central está recém-divorciada e infeliz.
Por estar vivendo um momento difícil, sua melhor amiga a presenteia com uma viagem para Toscana (Itália). Na excursão, ao passar por uma casa em ruínas, resolve comprá-la e refazer ali sua vida. Filmado em uma das mais belas paisagens da Toscana, o filme mostra uma harmoniosa e divertida colheita de azeitonas.
Curiosidade:
Um dos maiores causadores de acidentes dentários é o caroço de azeitona, hoje utilizado como recurso energético.
Dos cinco milhões de toneladas de azeitonas produzidas pelos espanhóis, quatro milhões eram resíduos que acabavam no lixo, agora transformados em biomassa. Segundo a empresa que desenvolveu a tecnologia, trata-se de uma fórmula baseada no estilo das caldeiras da Idade Média, misturado à tecnologia atual. O resultado é energia ecológica: o sistema é totalmente informatizado e as caldeiras alimentadas pelos caroços triturados, com capacidade de combustão, não precisam de nenhum outro tipo de azeite para queimar.(www.cienciaportugal.net/noticias/imagens/not8015.jpg de 23/12/2005)
Do seu fruto procede o azeite (As azeitonas são prensadas até virar uma pasta, em seguida espremidas e separado o suco da água). Ele foi e é utilizado como óleo sagrado em rituais e cerimônias, existindo 140 citações dele na Bíblia. É usado em cosméticos, e quando virgem, constitui excepcional qualidade para uma dieta sadia. É também aconselhado como remédio para equilibrar o colesterol e prevenir doenças cardiovasculares. Em gerontologia, atrasa o processo de envelhecimento.
Por que dizemos azeite de oliva e não óleo de azeitona? Porque é uma herança cultural da península Ibérica, hoje ocupada por Portugal e Espanha. Os mouros dominaram a Espanha por séculos. As palavras azeite e azeitona têm origem árabe, enquanto óleo e oliva vem do latim. Foi o uso popular que acabou consagrando essa mistura do árabe com o latim.
Por muito tempo o azeite de oliva foi relegado na cozinha brasileira: tinha apenas o papel de temperar saladas e regar bacalhoada. Atualmente conquistou o seu espaço, fazendo parte da nossa culinária contemporânea. O brasileiro descobriu o seu sabor e sabe que o modo ideal de apreciá-lo é regá-lo no pão, acompanhado de uma boa taça de vinho.
A história do azeite é tão complexa e rica como a do vinho, mas fica para uma outra vez.
Oliveira: árvore divina, milenar, símbolo da paz, da fecundidade, da vitória, faz parte desde a antigüidade de mitos, crenças, religiões, e lendas.
Fontes:
http;//super.abril.com.br/superarquivo/2002/conteudo (2/04/08)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Azeitona (16/04/08)
http://www.portoaporto.com.br/gastronomiahistoriaDoAzeite.php (04/04/08)
http://www.mundusimport.com.br/azeite/saude (01/02/02)
Revista: LaQuinta, Oliva virgen (noviembre de1997)
Sueli Carrasco
sueli.carrasco@uol.com.br