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UM POUQUINHO DA HISTÓRIA DE VIDA DA QUERIDA PROFESSORA ANTÔNIA...

Tivemos o privilégio de entrevistar a Profª Dra. Antônia de Almeida Cunha, 77, que lecionou Língua Portuguesa e Literatura Brasileira na Universidade Aberta à Maturidade da PUCSP e continua presente como nossa estimada colaboradora do Jornal Maturidades.

A menina Antônia nasceu em Araguari [MG], filha de Sólon Paes de Almeida e de Haydée Rocha de Almeida. Na infância teve a oportunidade de morar em várias cidades do mesmo estado por causa do trabalho de seu pai, comerciante, que seguia o fluxo do comércio. Em Goiânia fez o curso primário e, em seguida, ao mudar-se para São Paulo, o ginásio e o colegial no Colégio Paulistano. De uma família muito unida, pai, mãe e dois irmãos, Amador e Arnaldo, ela usufruiu desse gratificante ambiente carinhoso e pode compartilhá-lo com seus tios e primos, ao mudar-se para São Paulo.

“Minha família foi muito importante para mim”.
Profª Antônia

Ao cursar o Colégio Paulistano foi privilegiada com uma equipe de ótimos professores, que além de ensinar, eram excelentes orientadores. Sendo assim, ao verem na adolescente uma aluna disciplinada e estudiosa, preocuparam-se em orientá-la na vida acadêmica. Entre eles, a Profª Dra. Aida Costa, titular de Latim na USP, que na época lecionava latim no ginásio e despertou o interesse da aluna pelas Letras.

Assim, a jovem Antônia cursou a Faculdade de Filosofia e Letras São Bento, fez Pós-Graduação em Literatura Portuguesa na USP, lecionou Língua Portuguesa na Faculdade Oswaldo Cruz e fez mestrado e doutorado na USP, sobre “Símbolos de Gil Vicente”. Sua carreira acadêmica foi muito profícua, com muitas atividades e realizações em várias instituições de ensino. Isto sempre lhe trouxe muita satisfação.

Após concurso público, lecionou no Ginásio Colégio Estadual João Solimeo, em Vila Brasilândia, onde teve oportunidade de muito ajudar seus alunos menos favorecidos. Exerceu também o magistério no Ginásio José Cândido de Souza, na Escola Álvares Penteado e no Colégio Dante Alighieri. Mais tarde, lecionou Língua Portuguesa e Literatura Brasileira por 18 anos na USP, quando teve o prazer de tornar-se colega de seus antigos professores de ginásio e colegial, e aonde se aposentou.

Já aposentada, uma amiga de infância muito querida, Cléia Semeraro Souza, sugeriu-lhe que lecionasse na Faculdade Aberta à Maturidade da PUCSP, instando com ela para que procurasse o Coordenador do curso e apresentasse seu currículo. Foi aceita de imediato para dar aulas de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, e nos brindou com os cursos de “Interpretação e produção de textos” e de “Comunicação”, entre outros. Dá muito valor à Universidade Aberta, pois é um grande veículo de conhecimento e aprimoramento cultural.

“A cultura, hoje, é uma necessidade, é mais importante que a moda, porque a mulher inteligente e culta é dona de si mesma”.
Profª Antônia

Mas ela não se contentou só em ensinar, partiu para a conquista de novos espaços e horizontes, desbravando o mundo misterioso do computador e, através dele, o infinito da internet.

Seus pais

Seu pai, homem enérgico, severo, mas que queria o melhor para os filhos, muito exigente quanto aos seus estudos e formação, tinha na filha uma grande e respeitosa admiradora, que se sentia amada e protegida. A mãe, sua grande aliada, mulher avançada para a época, inteligente, preparada, conhecia a literatura francesa, lia muito e deixou um valioso acervo de livros. Mais do que tudo, ela foi uma grande incentivadora da filha, ajudando-a em tudo o que fosse preciso para que ela tivesse tempo para suas atividades acadêmicas e de trabalho, para ser economicamente independente. Muito sábia, Da. Haydée. Sua presença forte e corajosa marcou muito a vida de sua filha Antônia.

A família que ela construiu

Muito ligada à família, foi casada com João Solano Cunha, falecido em outubro de 2005, depois de 54 anos de casados. Casou-se muito cedo, aos 19 anos, mas teve no marido, 14 anos mais velho, um grande companheiro que sempre incentivava suas conquistas e muito cooperou com sua vida acadêmica, pois varava as noites para datilografar suas teses de mestrado e doutorado, auxiliado pelo amigo de ambos, Sérgio Agostino. Percebe-se no seu olhar a falta que sente, quando fala dele com muitas saudades e carinho. Tiveram dois filhos queridos, Marcos Aurélio de Almeida Cunha e Sólon de Almeida Cunha e três netos, João Paulo, Mariana e Maria, pelos quais tem muito amor e respeito.

QUANTAS PERGUNTAS DEIXAMOS DE FAZER...

JM – Quando você aposentou você ficou com saudades?
Profª Antônia - Saudade a gente sempre tem, não sei se da juventude ou do trabalho que a gente ama.

JM – Você gostava de lecionar?
Profª Antônia – Eu sempre gostei muito de lecionar, dos meus alunos. Sempre tive tolerância.

JM – Você tem lembranças das aulas? O que você sente?
Profª Antônia – Tenho lembranças de alunos muito queridos. Acho que eu devia ter feito mais, muito mais.

JM – O que marcou a sua vida?
Profª Antônia – Minha mãe me marcou muito. Ela foi muito forte, corajosa, inteligente e tinha apenas o curso normal completo, que era o que as moças de antigamente faziam. Ela lia muito e foi meu braço direito, senão os dois braços, enquanto eu estudava.

JM – O que sua mãe fazia por você?
Profª Antônia – Meus filhos têm uma diferença de oito anos entre eles. Os dois foram sempre disciplinados. Enquanto eu era muito ausente, João era muito presente. E minha mãe me substituía em tudo com eles. Até da minha alimentação ela cuidava, porque eu chegava tarde da noite da faculdade. Ela tinha um carinho especial por mim. Tudo que ela fazia era com ternura e carinho.

JM – Do que você sente falta?
Profª Antônia – Tínhamos uma família muito bonita e boa. A família me marcou muito. Sinto muito a ausência de todos. Eu era o ponto mais importante da casa, tudo era para mim, no sentido de realização. Não era de mimo. Papai era exigente com meus estudos e mamãe com meu trabalho. Ela sempre me dizia que o dia mais feliz da vida dela ia ser quando eu fosse concursada, porque a independência da mulher está ligada à independência econômica. Ela nunca me preparou para casar, mas para trabalhar. Ela achava que o casamento um dia ia surgir e que era um “mal necessário”.

JM – E um dia você casou...
Profª Antônia – Sim. Em 1951, com 19 anos, e meu primogênito, Marco Aurélio, nasceu em ‘54. O João era 14 anos mais velho do que eu e eu gostava porque tinha uma prosa boa com ele. Sempre namorei homem mais velho do que eu.

JM – Ser doutora é importante?
Profª Antônia – Não dou importância para muita coisa. Nunca ponho doutora Antônia. Isso me arrepia. Não somos nada nesse mundo. Gosto muito do título de professora. Professora e médico são carreiras dadas por Deus!

JM - Qual sua sensação de ter educado tanta gente?
Profª Antônia – Às vezes eu me indago: “Será que nesses 30 anos eu fiz o que devia ter feito? Fiz pouco, deveria ter feito mais, será que Deus está contente comigo?” Fui honesta na minha profissão e amei muito os meus alunos, mas sempre a gente acha que falta... Quando me aposentei, pensei “agora eu devia estar começando, porque agora é que eu sei o caminho”.

JM – Como foi sua carreira?
Profª Antônia – Foi uma carreira feliz, tenho uma boa aposentadoria e não posso me queixar.

JM – Vida e morte?
Profª Antônia – Vou chegar até os 80 anos que a minha mãe chegou. Disso estou certa. Mas, não quero passar. Acho que a gente não pode incomodar muito os outros. Eu não tenho filha. Quis muito uma menina para me fazer companhia, mas não veio. Por outro lado, tinha muito medo de ter muitos filhos. Minha mãe sempre me alertava sobre isso. Ela dizia que a gente precisa ter um para mostrar que é normal, o segundo por descuido e o terceiro de jeito nenhum [risos], porque filho é uma caixa de surpresa. Não me arrependi, ainda mais vendo a vida como está.

Texto e fotos:

Célia Gennari - celia-gennari@uol.com.br
Ignez Ribeiro - ignisignis@uol.com.br


 
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