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Tortilla espanhola

A Tortilla espanhola é também conhecida como Tortilla de patata. Além de ser deliciosa e nutritiva, faz parte da história e da alma de seu país. Como a Paella, é um dos pratos mais representativos da rica cozinha caseira espanhola. Rotulada como comida vulgar e rústica de tão simples, chega a alcançar o mais elevado grau da perfeição.

Tortilha: fritada de ovos batidos, de forma redonda, à qual se mistura algum outro ingrediente. Esta verdadeira iguaria espanhola é feita unicamente com ovos, batatas, cebolas cortadas à Juliana, azeite de oliva e sal. Dourada por fora e úmida por dentro. Pode ser degustada no café da manhã, como refeição completa com salada de folhas verdes ou ainda como petisco (tapa). Até hoje é feita da mesma maneira tanto na Espanha quanto na América Hispânica. Existem muitas variações: com pimentão verde e vermelho, com presunto cru, ervilha, abobrinha, chouriço, páprica (Tortilha brava).

Como jóia maior da culinária espanhola, lhe é concedido o respeito de uma verdadeira obra de arte. É venerada como símbolo solar, sempre redonda, amarela e esplendorosa e capaz de congregar ao seu redor muitos apreciadores.

Existem muitas teorias sobre sua origem. Não há dados concretos para situar o seu nascimento. Mas este manjar exquisito¹ , como chamam os espanhóis, parece que nasceu ao norte da Espanha, em Navarra, capital Pamplona, onde a língua falada é o basco (euskara).

Em um trabalho da Cofradía Vasca de Gastronomía em 1970, seu autor Felix Marocoa relata que os primeiros registros deste prato estão descritos no livro Memória de um sesetón, de Ramón Mesonero Romanos. Neste memorial estão listados vários alimentos da corte de Navarra, aparecendo a Tortilla de patatas como prato usado no jantar, na zona das montanhas. Há relato de que as mulheres desta região sabiam elaborá-lo de maneira econômica utilizando apenas: Dos o tres huevos en tortilla para cinco o seis, porque ellas la saben hacer grande y gorda con pocos huevos mezclando patatas (...).

Muitos pratos memoráveis são associados à vida de heróis ou feitos militares. Sobram versões. Uma delas refere-se ao o general Tomás de Zumalacárregui, (1788 - 1835). Era um comandante severo e hábil que lutava na primeira guerra Carlista, termo empregado para as três violentas contendas ocorridas no século XIX, na Espanha, entre partidários de Carlos Maria Isidro de Borbón e os partidários de Isabel II, sua sobrinha. Contam que em uma noite escura e fria, encerrado o combate, ele aproximou-se de uma casa para pedir comida. Uma camponesa o recebeu com cordialidade, disse ser pobre, e não ter muito a oferecer-lhe. Em sua cozinha havia pouquíssimos ingredientes. Porém, ela descascou e cortou algumas batatas, colocou-as em uma frigideira com azeite e assim que as mesmas douraram, adicionou um par de ovos batidos. Isto aconteceu no interior de Navarra, junto aos Pirineus. Assim teria nascido uma das receitas mais emblemáticas da cozinha es panhola.

O general morreu em consequência de um tiro, quando reconhecia posições inimigas. Os pesquisadores não confirmam, mas o povo garante que antes de falecer ele comeu um pedaço de tortilla...

A batata é procedente do Perú, América do Sul, onde foi cultivada pelo povo Inca, sendo chamada de papa na língua quíchua. Francisco Pizarro explorador espanhol, foi o primeiro europeu a conhecê-la, mas não soube avaliar sua importância alimentar. Confundiu-a com trufa, cogumelo subterrâneo abundante na Europa da época.

Não se sabe quem introduziu a novidade na Europa. Uns afirmam ter sido o almirante inglês sir John Hawkins em 1565, outros acreditam que foram os espanhóis por volta de 1570, que a levaram para a Espanha. A princípio foi plantada nos jardins botânicos, por ser considerada exótica. Era um alimento pouco valorizado e sua importância para a culinária só foi reconhecida anos mais tarde. Inicialmente era comida assada ou cozida em água, e de lá ganhou o mundo.

O fato é que os europeus receberam a batata com desconfiança. A planta era considerada demoníaca e até portadora de doenças. Não queriam consumir um alimento que vinha da escuridão do solo e não era citado na Bíblia. A chegada do tubérculo coincidiu com um período de epidemias, doenças contagiosas de causas indefinidas. Segundo alguns historiadores, eram causadas pela impureza da água consumida sem nenhum tratamento e pelo descuido da higiene pessoal. Mas a população colocou a culpa pelas doenças na batata.

Os primeiros países que se convenceram de sua virtude alimentar foram a Espanha, a Itália do Norte e a Irlanda. E na Segunda Guerra Mundial foi um alimento imprescindível por salvar milhões de europeus da fome.

Com os conflitos internos, dizem os espanhóis, o premio Nobel de medicina deveria ser concedido ao inventor da tortilla de patatas, por ter este tradicional prato já salvado mais vidas no país do que a penicilina.

¹Manjar exquisito = primoroso, excelência em qualidade, de bom gosto, extraordinário.

Sueli Carrasco
sueli.carrasco@uol.com.br

Fontes:
Trujillo,Victor.Tortilla de patatas Disponível em: www.muchogusto.net/especiales/especial.php?especial=Tortilla . Acessado em 31/07/2008

pt.wikipedia.org/wiki/Guerra-Carlista
Acessado em 9/02/2009

LOPES, J.A. Dias. As histórias da batata, o alimento dos vencedores. Jornal . O Estado de S. Paulo - 9/11/2001.

 
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