A TODOS NÓS QUE ESTAMOS POR TRÁS DA JANELA*
Por Mariasun Montañés
A todos nós que estamos por trás da janela,
Silenciosos, introspectivos, à espera de um aceno de mão.
Quem está do outro lado do vidro?
Uma criança? Um ancião?
O reflexo do sol na janela,
A vida que pulsa no jardim, sem a nossa presença,
linda, imortal, como sempre foi.
Olhe, olhe lá... o pequeno colibri encontrou a sua flor!
A todos nós que estamos por trás da janela,
Inquietos, sonhadores, aguardando o momento de voltar.
Seremos melhores? Seremos os mesmos?
Teremos aprendido alguma coisa nesse limiar?
Foi-se o céu de outono,
Iluminado pela lua, coberto de estrelas.
A Estrela D´Alva ainda está lá?
Sim. Ela sempre está lá para inspirar os poetas.
A todos nós que estamos por trás da janela,
À espera que o perigo passe,
Que o amanhã logo chegue,
Que a esperança não se apague.
Na quietude que nos invade, a revelação:
Não somos. Estamos em constante transformação,
Aprendendo, procurando, superando,
Encontrando o que necessitamos em nós.
A todos nós que estamos por trás da janela,
Contemplando, meditando, falando com Deus,
A fé que nos guarda,
A força divina que nos guia e ilumina.
Por linhas tortas, paramos diante da janela,
Vimos o colibri encontrar a sua flor e partir,
A vida eternizou-se naquele instante,
no sabor do néctar e na liberdade do pequeno colibri.
*Conteúdo publicado em #poesianapuc e-book v.3/2020
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