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O ouro das lavouras


Cremosa, firme, frita ou assada, a polenta é uma mistura de farinha de milho (fubá), água e sal. O fubá deve ser dissolvido em água fria antes de ser levado ao fogo, pois a massa tem que ficar sem caroços, bem lisinha, uniforme. Por ser o seu sabor neutro, a polenta é consumida com algum acompanhamento: carnes, molhos ou queijos.

Seu berço foi a região norte da Itália. Base alimentar, antecessora do pão, foi o prato mais consumido pela população local e pelos legionários romanos. Inicialmente era feita de ervas ou grãos de farro (espécie de trigo) esmagados e cozidos em água.

Com o descobrimento da América por Cristóvão Colombo, em 1492, o milho, cereal maravilhoso, amarelo, chamado de ouro vegetal, foi introduzido na Itália. E a partir daí, a polenta passou a ser feita com fubá, farinha de milho, obtida da moagem do grão de milho.

Depois da passagem de Colombo pela América, o milho que conhecemos embarcou em direção à Europa e tornou-se cidadão do mundo.

Descoberto há mais de 7 mil anos no México, de origem indígena caribenha, a planta silvestre recebeu o nome de “maíz” (milho) com o significado de sustento de vida. Muito usado pelos Maias, Incas e Astecas, historicamente conhecidos como a civilização do milho, o grão foi a base da alimentação desses povos e todas as suas atividades eram em função do seu plantio.

A religiosidade dos Astecas está vinculada de várias maneiras ao milho, que se tornou emblema do deus dos cereais, Centeotl. Outro deus, Tlaloc, costumava levar uma haste da planta na mão.

Lendas e Curiosidades

O milho foi de grande importância para a humanidade. Por isso, surgiram diferentes lendas para explicá-lo.

Contam que dois indígenas procuravam inutilmente alimento para a sua tribo, até aparecer um enviado do grande espírito Nhandeyara, dizendo que a única solução era uma luta mortal entre esses dois guerreiros. Auaty foi derrotado e sepultado, e de sua cova nasceu o milho “auatuy” (em tupi), que alimentou a tribo inteira.

Alguns historiadores relatam a importância do milho na criação do homem. O livro Popol Vuh, dos Maias do Yucatán, registra: muitos séculos antes da chegada das embarcações européias, o primeiro homem foi feito de argila e uma inundação o destruiu; o segundo homem, de madeira, uma chuva o desintegrou. Só sobreviveu o terceiro, este feito de milho.

Curiosidade brasileira, esta foi criada pelo escritor Monteiro Lobato (1882-1948), mestre da literatura infantil. O personagem Pedrinho, do livro Sítio do Pica-pau Amarelo (1920), montou um boneco de sabugo de milho, o Visconde de Sabugosa e o deixou na biblioteca da sua avó Dona Benta. A espiga de milho se transformou em um sábio filósofo, passou a andar e falar como os seres humanos. Encantou várias gerações não só de crianças, mas também de adultos do nosso país.

A cultura do milho foi uma das primeiras desenvolvidas pelo homem, com o objetivo de aproveitar os grãos e o suco, proveniente de seu talo. Apesar de bastante conhecido na mesa brasileira, o cereal tem apenas 5% de sua produção direcionada ao consumo humano. A maior parte vai para a alimentação de animais em forma de ração.

Voltando à polenta...
... ela continua sendo servida na sua forma primitiva em grande parte dos países. Hoje, na Itália, não é mais um prato de largo consumo, mesmo sendo um alimento barato e saudável. Está em decadência.

Estima-se que no período entre 1870 e 1970, 20 milhões de italianos deixaram sua terra em busca de melhores condições de vida. Cerca de 1,5 milhão veio para o nosso país, substituir a mão-de-obra escrava e junto trouxeram a sua cultura.

A polenta se destacou como alimento característico desses italianos. Num primeiro momento, veio da Itália para o interior do Rio Grande do Sul e lá permaneceu como alimento básico, que dava força para o trabalho diário na lavoura. Era consumida, acompanhada por outros alimentos produzidos pela própria família. Tempo de grandes sacrifícios e pouca comida. Depois se espalhou pelo Brasil e conheceu seu irmão bastante parecido, o “angu”.

Com a vinda dos italianos, o Brasil ganhou uma das mais saborosas colaborações no seu cardápio: massas envoltas por molhos célebres, minestras deliciosas (sopas), risotos coloridos, pizzas e a singela polenta que, para muitos, significava a palavra “saudade da terra nostra”.


Sueli Carrasco
sueli.carrasco@uol.com.br

Fontes:

www.slowfoodbrasil.com/content/view
Acessado em: 27/07/2009

www.drasherleydecampos.com.br/noticias/25278
Acessado em: 13/05/2009

www.planetaeducaçao.com.br/novo/artigo.asp?artigo=829
Acessado em: 24/07/09

ROMIO, Eda. Brasil 1500/2000: 500 Anos de Sabor. Ed. ER Comunicações. São Paulo,
2000.

FREITAS, Renata. Um estouro de sabor – Revista Alta Gastronomia, nº 34. AW Editora. São Paulo. www.altagastronomia.com.br

Imagem : www.menuespecial.com
Acessada em: 5/10/09

 
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