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  A sapientíssima


A sapientíssima

Estrela brilhante na cozinha espanhola, o Gazpacho é uma sopa fria que representa a culinária de Andaluzia, sul da Espanha. Hoje é um dos pratos mais representativos da cozinha deste país, só perde para a paella. Apesar do nome ser masculino, é atualmente a rainha das sopas.

Andaluzia é conhecida mundialmente como a maior cultivadora de oliveiras. Sua diversidade cultural é imensa. Projetou vários ícones espanhóis para o mundo, como o flamengo, toureiros, praias, vilarejos de casas brancas, fervorosas procissões e Garcia Lorca (1809-1936), poeta, dramaturgo, autor de “Romancero Gitano”, e da peça “A Casa de Bernarda Alba”.

Toda a essência desta sopa é constituída por vegetais crus liquidificados: tomate, pepino, pimentão, cebola, alho (que dá um toque mediterrâneo), temperada com azeite (que assegura a liga), vinagre de vinho ou jerez (que equilibra a acidez), sal (que funciona como catalisador quebrando as fibras vegetais e liberando os sucos), acrescidos de pão de fôrma (que dá a consistência necessária e um mínimo suporte calórico) e água gelada. Pode ficar bastante líquido ou espesso, dependendo do gosto de quem o prepara. Normalmente para conservá-lo frio costuma-se servi-lo com dois cubinhos de gelo em cada prato. Na sua própria terra natal os ingredientes podem variar.

O gazpacho andaluz surgiu de uma mistura de matérias primas vindas do Novo Mundo, como o tomate, e de ingredientes típicos da comida árabe presente na Espanha por mais de cinco séculos.

Seu principal ingrediente, o bonito, carnudo, suculento, fruto exótico tomate, conseguiu ficar longe por muito tempo da gastronomia espanhola. Nativo das regiões andinas da América do Sul, foi levado em épocas remotas para o México, e depois para a Europa, no século XVI a bordo das caravelas dos descobridores. Era considerada uma planta ornamental, medicinal, venenosa e afrodisíaca. Na Espanha teria sido cultivado pelo médico sevilhano Nicolás Monardes, autor de “A História Medicinal das Coisas Trazidas das Nossas Ilhas Ocidentais” (1574). Por vários séculos foi ignorado pelos europeus como alimento.

A palavra Gazpacho para alguns estudiosos viria do português “caspacho”, que derivaria do latim “caspa” (resto, fragmentos, miudezas) O nome do prato faria alusão ao pão cortado em pedaços, usado na receita. Também é sinônimo de mistura e de bagunça.

Alguns autores afirmam em tom jocoso, que o Gazpacho tem raízes, mas não história, ao menos escrita. Era um prato que os camponeses andaluzes preparavam em casa e comiam no campo, porque reunia todas substâncias que necessitavam para enfrentar o trabalho pesado e o sol escaldante. Foi considerada comida regular de segadores e gente rústica. O gazpacho primogênito era à base de miolo de pão, água, vinagre e azeite e ao longo de sua saga foram incorporados outros ingredientes até chegar em sua versão atual.

Gregório Marañon (1887-1960), médico, ensaísta espanhol do século XX, em seu livro “A Alma de Espanha” o rotulou de “sapientíssima combinação de todos os simples alimentos fundamentais para uma boa nutrição”.

Com a moda da comida saudável, tornou-se um poderoso coquetel vitamínico e excelente fonte de fibras, ácidos graxos, sais minerais e antioxidantes. Facilmente digerível. A sabedoria popular avalia essa virtude como “de gazpacho no hay empacho” (indigestão).

Existem outras variações regionais do gazpacho como o de La Mancha, imortalizado por Miguel de Cervantes, século XVII, na maior obra da literatura espanhola. O realista escudeiro de D. Quixote, Sancho Pança, quando abandonou a ilha Barataria a ele se referiu. “Prefiro fartar-me de gazpachos do que sujeitar-me à miséria de um médico impertinente que me mate de fome”

O gazpacho está presente também em outras obras, como:

“História do famoso predicador frei Gerundio de Campazas” (1758), novela pícara de José Francisco Ilha, começa com uma receita de gazpacho.

“Zarzuela”, obra dramática e musical onde se declama e canta. Seu autor, Carlos Arniches, faz menção do Gazpacho Andaluz.

”Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos”, filme do diretor Pedro Almodóvar (1988), comédia de humor escrachado, onde ele é o vilão principal da trama. Frustrada na sua paixão por um colega infiel, a dubladora Pepa recebe em seu apartamento visitas que criam situações tragicômicas. Todas as mulheres se encontram à beira do histerismo. Em uma das cenas a protagonista prepara e serve um gazpacho com um ingrediente, que com certeza não faz parte de nenhuma receita.

Gazpacho, sinônimo de idolatria, saúde, moda e de um sentimento exacerbado chamado paixão...


Sueli Carrasco
sueli.carrasco@uol.com.br


Fontes:

Fontes:
Disponível em: pt.wikipedia.org/.../Mulheres_à_beira_de_um_ataque_de_nervos
Acessado em: 18/04/2010

Disponível em:http://es.wikipedia.org/wiki/gazpacho
Acessado em: 14/04/2010

Lopes. J.A. Dias. “Gazpacho, a rainha da sopa”. Jornal O Estado de S.Paulo. 08/02/2002


 
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