Ambrosia
Manjar, bebida ou alimento de sabor agradável, suave e delicado, renovação para o espírito.
A palavra ‘ambrosia’ significa divino e imortal.
Considerado o manjar dos deuses do Olimpo segundo a mitologia grega, era um doce com sabor divino. Seu poder era tanto que se um mortal o degustasse, ganharia a imortalidade.
Contam que quando os deuses o ofereciam a algum humano, este ao ingerí-lo, sentia sensação de extrema felicidade.
Segundo alguns mitos, se semideuses o consumissem exageradamente, explodiriam em chamas.
Infeliz do humano que a provasse sem ter sido convidado. Seria submetido ao suplício de Tântalo, filho de Zeus, que era sempre convidado a participar das refeições no Olimpo. Em um desses banquetes, abusou da confiança dos deuses, roubando a ambrosia, alimento da imortalidade. Tântalo, julgando-se inatingível, convidou os deuses para um jantar em sua casa e, menosprezando-os, ofereceu como refeição, o seu próprio filho, Pélops, desmembrado. Tamanha atrocidade foi para testar suas divindades.
Os convidados deram conta do crime, porém Demétrio, o mais distraído, comeu o ombro de Pélops. Zeus, para contornar a situação, fez com que o corpo de Pélops fosse atirado em um caldeirão mágico, onde sua vida foi devolvida e seu ombro substituído por um de marfim. Zeus, para castigar Tântalo, infligiu-lhe o suplício da fome e da sede eterna. Ficou mergulhado em água até o pescoço e quando ele se debruçava para bebê-la, esta desaparecia. Por cima da sua cabeça pendiam ramos de árvores cheios de frutos e quando tentava comê-los o vento os retirava de seu alcance.
Ambrosia é também o nome de um doce muito apreciado por nós, simples mortais, originário da Península Ibérica, feito com ovos batidos, cozidos em leite adocicado e perfumado com baunilha. É considerado doce de colher ou de compoteira. A sua origem é discutível, mas sem sombra de dúvida é a sobremesa mais tradicional portuguesa. É simples e ao mesmo tempo requintada, comum nos dias festivos.
Na época do descobrimento do Brasil, cada vila, cada cidade de Portugal exibia uma culinária sóbria e modesta. Segundo alguns historiadores, esta era pouco nutritiva, porém muito saborosa, onde o desperdício era a única proibição, diante da escassez alimentar imposta pelas poderosas monarquias vizinhas.
Diante desta situação, a arte doceira portuguesa se destacou no século XV. A explicação desse desenvolvimento deu-se nos conventos pelas mãos das freiras que usavam claras de ovos para fazer hóstias e engomar as roupas usadas em rituais religiosos. Em um país que nada desperdiçava, logo perceberam que podiam aproveitar as gemas que sobravam para fazer riquíssimos doces.
É bem provável que algumas dessas especialidades estivessem no receituário dos cozinheiros a bordo da esquadra descobridora, já que Cabral era grande apreciador dos doces portugueses.
A ambrosia, no Brasil, é conhecida como doce de ovos moles e, devido à criatividade de nosso povo, sua forma de preparo e versões foram diversificadas país afora.
Ambrosia, néctar dos deuses, doce da imortalidade. Não exageremos: na realidade é um doce para nós, meros mortais, massageia o ego, dá grande prazer vê-lo e mais ainda degustá-lo.
Sueli Carrasco
sueli.carrasco@uol.com.br
Fontes:
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/Ambrósia
Acessado: 31/05/2009
Disponível em: http://tvtem.globo.com/culinária/receita.asp?
Acessado: 31/05/2010
Disponível em: http://www.infopedia.pt/$suplicio-de-tantalo
Acessado em: 25/05/10
CHEVALIER, Jean. Dicionário de Símbolos, 14ª ed., Rio de Janeiro: Ed. José Olympio, 1999.
ROMIO, Eda. 500 anos de Sabor Brasil de 1500-2000, São Paulo: ER Comunicações, 2000.